Capítulo 22

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Ouvi o barulho da porta bater fortemente contra a parede, como esse som de passos me aterroriza, só pode ser ele, começo a ficar preocupado com Augusto, ele está demorando muito, deve ter acontecido alguma coisa, não tem outra explicação. O som vai ficando ainda mais próximo, minha respiração fica ofegante, repito várias vezes em minha mente "você é capaz de fazer isso", preciso me convencer de que sou capaz de matar esse velho, de enfiar algum objeto nele e sentir seu sangue ainda quente escorrer pelas minhas mãos.

Sempre ouvi meu pai dizer que todos nós somos capazes de fazer qualquer coisa quando se trata de proteger aquilo que mais amamos. Cerros os punhos e acompanho com os olhos a sombra de um homem pelo salão:

─ LUCAS! ─ ouvi uma voz vinda dos fundos, ela era muito familiar, estava meio rouca mais era dele, Augusto.

─ Estou aqui! ─ gritei possuído por uma sensação de alegria e conforto, graças a Deus alguém apareceu.

Pelo som da minha voz, Augusto me procurou pelo salão até conseguir avistar meu vulto abraçado ao meu pai, um sorriso se instalou automaticamente em meu rosto e algumas lágrimas desceram em meu rosto.

─ Você está bem? ─ disse ele me abraçando tão fortemente como se fosse a última vez que me abraçaria, seu cheiro estava tão bom, parecia que estava sentindo ele pela primeira vez.

─ Eu estou bem, estamos bem.

Meu pai ficou nos olhando abraçar e murmurou:

─ Quem é esse daí meu filho? Por acaso é um policial? ─ acredito que meu pai julgou Augusto como policial pelo físico esbelto e pela postura bem robusta dele.

─ Não senhor, eu sou...

─ Meu namorado. ─ completei sua frase o abraçando novamente.

─ Bom, pelo visto não vai ser preciso te perguntar se está enrolando meu filho, se veio até aqui. Sinal que ama ele, estou certo?

─ Sim senhor e muito. ─ ele me da um beijo molhado, sinto-me novamente protegido em seus braços.

─ E o Diógenes? ─ pergunto preocupado temendo uma aparição repentina dele.

─ Eu não vi ninguém, tudo o que eu vi La fora foi só o seu carro.

─ Droga! ─ grunhiu meu velho. ─ E como você conseguiu entrar?

─ Eu arrombei a porta senhor...

─ José Fernando, pode me chamar de José Fernando.

Distraídos com a nossa conversa nem damos conta com a aproximação de Diógenes, o mesmo caminhou em nossa direção a passos vagarosos com uma barra de ferro na mão. Diego tenta nos alertar, mas ao se dar conta que não iríamos conseguir escapar do golpe, ele se atira em minha frente, sendo refém do golpe de seu pai no meu lugar.

Vejo ele caindo no chão todo machucado, corro em sua direção e me ajoelho ao seu lado passando a mão em sua face fazendo um leve carinho rezando para que ele fique bem, Augusto num sobressalto, avança sobre o agressor e distribui sobre ele uma série de socos e chutes em sua costela, sem temer uma reação aos seus golpes, ele consegue tomar a barra de ferro de Diógenes e jogá-la para bem longe.

Enquanto uma luta acontece a poucos metros de mim aproveito a oportunidade para pegar o telefone de Diego do bolso dele, o mesmo o apanha de minhas mãos e com muita dificuldade o desbloqueia para mim:

─ Acaba com isso logo, você já sabe o que fazer! ─ diz ele entre um tossido e outro.

Concordo com a cabeça e digito o número da polícia, depois de três toques, enfim uma moça me atende, peço ajuda o mais rápido que posso dando a nossa localização e o nome do agressor, a moça me ávida que dentre de poucos minutos uma viatura iria chegar, encerro a ligação e volto o meu olhar para Augusto, ele e meu pai estão dando maior surra no filho da puta. Grito para Augusto pedindo ele para que acabasse com aquele cara, que socasse a cara dele o máximo que podia.

As Cores Sombrias do CoraçãoWhere stories live. Discover now