14

75 8 1
                                    

Já são quase onze horas da noite, estou sentado em um banco esperando a minha vez de depor, Diego a essas alturas deve estar dentro da sala com o delegado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Já são quase onze horas da noite, estou sentado em um banco esperando a minha vez de depor, Diego a essas alturas deve estar dentro da sala com o delegado. Sinto um puta frio, me arrependo de não ter saído com um casaco de casa, encolho os braços e aguardo a minha vez.

Os amigos do Diego me olham com tanto ódio que tenho até medo de me aproximar deles, sem sombras de dúvidas eu levaria outros socos e alguns pontapés por simplesmente não ter caído no joguinho do escroto. Em minha mente, vem uma vaga lembrança do Augusto me defendendo, aqueles belos pares de músculos se colocando bem a minha frente deixando que nada me atinja.

Enfim o Diego sai da sala, atrás dele sai um homem fardado com uma prancheta na mão, ele grita pelo meu nome e em seguida me levanto, Diego esbarra em mim com tanta força e me fita um olhar tenebroso. Assustado entro na sala e me sento uma cadeira um pouco mais dura do que a outra que eu estava, sinto meu olho doer um pouco. Cabisbaixo aguardo o delegado começar com as perguntas e terminar com isso logo:

— Lucas Vieira, certo? — diz ele com a voz ríspida sem nem se quer olhar para mim, ele fica folheando folhas e mais folhas com dados ao meu respeito.

— Sim, isso mesmo! — respondo com a voz rouca.

— Então, quer me contar o que houve naquele lugar. — ele me fita seriamente, analisando minhas expressões faciais, como aqueles detetives que reparam bem os movimentos faciais do acusado para ter certeza se ele está mentindo ou não.

— O Diego me convidou para ir com ele até lá, chegando lá, eu não me senti a vontade com os amigos dele e fiquei no bar bebendo. — dou de ombros. — Não sei o que que deu nele que ele foi atrás de mim e começou a agredir o rapaz que estava do lado.

— E você conhece esse rapaz?

Olho pelos cantos, tentando esconder os detalhes sórdidos:

— Não, ele estava sozinho e eu também, daí ele pediu licença para se sentar ao meu lado e eu não vi problema algum. — sinto o delegado desconfiar das minhas palavras, ele me olha de um jeito diferente, como se eu fosse o culpado de tudo.

— E ele tinha algum interesse a mais do que só ter uma companhia para beber? — pergunta ele de modo petulante.

— Não delegado, não tinha ninguém dando em cima de ninguém. — o confronto me colocando ao mesmo tom que ele, era só que me faltava, ser alvo de homofobia depois de ter levado um soco no olho.

Levo a mão novamente eu meu olho, pois sinto o latejar e arder:

— Foi o rapaz quem fez isso? — ele aponta com a caneta para o meu rosto.

— Não, foi o Diego, o que começou a confusão toda.

— Tudo bem, liberado. Pode se sentar lá de novo, ligamos para os seus pais. Eles já devem estar vindo. — o delegado anda em minha frente e abre a porta para mim. Saio e volto a me sentar no mesmo banco como anteriormente.

As Cores Sombrias do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora