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Saio do carro ajeitando a minha roupa e limpando a saliva de Augusto impregnada em meu pescoço, seu cheiro está em todo o meu corpo, seu suor se fundiu ao meu, minhas pernas ainda estão bambas e ainda sinto meu coração acelerado:

— Quer que eu te leve em casa? — ele sobe o zíper da sua calça, dando a mínima se alguém estiver olhando. — Você merece, depois do que fez comigo.

— Não se preocupe, eu me viro sozinho.

— Tem certeza, pode falar!

— Augusto, você é um fofo, mas agora eu tenho que ir, obrigado por... — merda! É muita escrotisse da minha parte dizer, obrigado por me comer? Lógico que é!

— Eu estou te fazendo esquecer dele né?

Às vezes eu fico intrigado com isso, Augusto faz questão de me lembrar do Diego toda vez que estamos juntos, tenho a sensação que ele quer me ouvir dizer que ele é melhor para elevar seu ego. Na verdade, isso está me enjoando, aquele cretino a essas alturas deve estar em uma roda de conversa em outro lugar, fingindo ser a porcaria de um coitado que precisa de ajuda.

— Augusto você nunca será igual ao Diego, e ele nunca será como você. Entenda que não pode existir dois dele, nem de você.

— Entendi. — ele sacode a cabeça olhando para o lado, e depois cuspindo no chão.

Ando em direção ao meu carro, após ligar ao automóvel, volto para a casa, me preparando para contar a grande notícia aos meus pais, que passei no exame de admissão e que daqui um mês estou indo para a Inglaterra. Só de pensar começo a ficar ansioso, nova vida, idioma novo, pessoas novas. Isso me aterroriza. O que que eu estou fazendo, usando o Augusto como remédio para curar o que o Diego me fez, usando o sexo como droga para me dar coragem, para me fazer sentir uma pessoa comum, que transa, bebe, xinga.

***

Estaciono meu carro no estacionamento subterrâneo do prédio, sou recebido pelo porteiro assim que saio do veículo com uma carta na mão. Ele está nervoso, parece que viu um fantasma, estranho seu comportamento e apanho o envelope de suas mãos.

— Lucas isso chegou agora a pouco para você. Um rapaz vestindo uma jaqueta de couro trouxe preta, usando um capacete trouxe dizendo que era para você.

Arregalo os olhos e sinto algo ruim, um pressentimento de que não é nenhum cartão de boas-vindas, muito menos um parabéns. Abro o envelope e leio mentalmente a carta manuscrita de caneta azul.

Hoje fui intimado para mais uma audiência, SATISFEITO? Acredito que o mauricinho está?

Você é mesmo um safadinho, achei que meu pau era suficiente para você, mas pelo visto, foi só eu me distanciar e você começa a dar para qualquer um?

Seu putinho de merda! Seu dia está chegando, tic-tac, tic-tac. Da próxima vez, aprenda a medir seus inimigos, só um recadinho!

Do amor da sua vida.

Rasgo a carta com tanto ódio, curioso o porteiro, ele não para de me perguntar que diabos estava escrito na carta. Sem medir minhas palavras, mando ele ir a merda. Aperto o botão da chave do carro travando-o, em seguida caminho em direção ao elevador pensando nas palavras da carta. O Diego vai me matar!? Aquele desgraçado vai acabar me matando.

Em meio a tudo isso, o que mais me frustra, é que mesmo sabendo que ele é uma pessoa ruim, eu ainda penso la no fundo em pedir perdão, em ter uma chance de me reconciliar e acabar de vez com tudo isso. Isso está acabando comigo, saber que tudo o que eu faço está chegando a ele.

As Cores Sombrias do CoraçãoWhere stories live. Discover now