Capítulo 21, part 1

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Você já se pegou naqueles momentos em que se pergunta o tempo todo, o porquê de certas coisas estarem acontecendo com você? Ou por que justo com você? O que eu fiz para merecer isso? Carma talvez? Exatamente essas perguntas que estão na minha cabeça. Eu e o meu pai estamos nesse carro como verdadeiros psicopatas a procura do Diego sem nenhum plano em mente, estamos indo apenas movidos por ódio e raiva.

Vagando anoite por BH, andando sem rumo, chutando diversas possibilidades de onde ele poderia estar de repente vem algo em minha cabeça, uma frase, tudo termina de onde se começa.

─ Sei onde ele está pai! ─ dou um grito dentro do carro, assustando o meu pai que quase perdeu o controle do volante.

─ Então diga.

─ No Instituto.

O coroa rapidamente faz o retorno e vamos o mais rápido possível para lá, ouço o som dos pneus cantarem e alguns carros buzinarem para a gente, um motorista até se atreveu a chamar a gente de loucos ─ ele tem razão. Vamos mais rápido, ignorando as placas de pare e outras mais que possam nos fazer perder tempo.

***

Estacionamos o veículo nas primeiras vagas do instituto, próximo a uma árvore, bem longe do prédio. Está tudo tão silencioso, está tudo tão sombrio, começo a achar que minha intuição talvez estivesse enganada, que não tivesse ninguém, que poderia ser tudo coisa da minha imaginação.

Meu pai, apanha um pedaço de pau no chão, tava mais para um galho seco grande e me pediu para que o seguisse fazendo no mínimo de barulho possível. Na porta do grande salão, ele conseguiu arrombar a porta, fazendo um barulho estrondoso, capaz de ser ouvido por vizinhos:

─ Saia daí, desgraçado. Eu sei que está aí. ─ disse ele em tom de ameaças, levando o porrete para o alto, pronto para dar o primeiro golpe.

─ Que o senhor está chamando de desgraçado? ─ disse uma voz grossa e ríspida, vinda da grande massa escura.

Diante dos nossos olhos só há escuridão e uma pequena clareira, a claridade vinda da iluminação pública consegue iluminar apenas parte da sala.

─ Quem é você? Por acaso está com ele? ─ continua meu pai aos gritos olhando para o nada, procurando em volta qualquer sinal de que possa ser o Diego.
─ Eu sempre estou com ele, o senhor sabe muito bem o que é isso, estar ao lado de um filho no momento em que ele mais precisa.

A voz parece estar mais perto, ouço barulhos de passos ecoando vindo em minha direção. Tento me esconder atrás do meu pai, meu coração está acelerado e estou com muito medo. Essa voz? Que merda é essa? Do que esse cara está falando? Será que é ele, fingindo ser outra pessoa? Não se pode duvidar de nada vindo dele.

Diante de nós, surgiu um homem de aparência bem robusta, parecia que ele não fazia a barba a um bom tempo, ele usava uma calça suja de graça cheia de rasgos, uma camisa preta e na boca, ele tragava um cigarro. O mesmo arranhou a garganta e ficou parado bem a nossa frente, nos encarando como se eu e meu pai fôssemos uns merda frente a sua frieza.

─ Então esse é o Lucas. ─ ele ri de modo zombeteiro. ─ Que grande bosta. ─ continuou os risos.

─ Quem é você! ─ perguntei aos berros.

─ Calma, que pressa é essa gente, vocês chegaram até aqui e ainda querem apressar as coisas. ─ ele tragou o seu cigarro e fixou seus olhos em mim. Deixo que eu me apresento, meu nome é Diógenes, o pai do seu namoradinho Diego.

─ Só podia ser! ─ intrometeu meu pai.

─ E cadê aquele idiota? ─ continuo com as perguntas.

As Cores Sombrias do CoraçãoWhere stories live. Discover now