Tudo isso, toda essa merda é constante. Não sei quando vai acabar, se é que vai.

Não posso dizer isso a ninguém. Trevis é insano demais. Não posso levar a qualquer pessoa, eles estariam em perigo.

Não posso fazer nada.

- Ô garota! Ei! - Alguém me chamava, assim me virei para ver quem era. - O que está fazendo aí? A escola vai fechar. Você precisa sair.

Engoli a seco.

Puxei o ar e concordei.

Me levantei trazendo junto comigo a mochila.

Toquei em meu celular. Eu queria ligar para Cameron, queria pedir que me ajudasse.

Encarei o aparelho que ainda estava com a tela de proteção de plástico de tão novo.

Tudo o quê me vinha era: O que faço?

Balancei a cabeça e a ergui enxergando o zelador com um rodo como apoio. Ele me expulsava com os olhos.

Peguei o pouco de coragem que me restava e segui o corredor que me levaria para fora da escola.

Não havia muitos carros no lado de fora. O número de alunos em frente ao prédio era zero, o que queria dizer que os carros possivelmente eram dos professores que ainda estava na escola.

Não havia sinal do carro de Trevis, muito menos dele ou dos outros.

Ele havia ido embora. Por algum motivo que desconheço, decidiram por não me dar "boas vindas". Não sabia dizer se era um bom sinal ou se era ruim. Dificilmente algo semelhante acontecia.

(...)

- Hey, como foi a aula? - Meu pai disse ao adentrar o meu quarto. Era fim de tarde. Estava mais escuro do que claro na parte de fora. E pelas vestes dele, tinha acabado de chegar do trabalho.

Muitas horas tinham se passado. Havia chegado em casa sem qualquer arranhão. Deitada em meu quarto eu olhava as fotos de Camila no Instagram. Não havia sinal algum de qualquer garoto. Havia muitas fotos dela, uma quantidade grande era ela sozinha, outras tinham Cameron, outras Sophia, em umas ambos. Tinha fotos com os pais. Também com algumas pessoas que não fazia ideia de quem eram, mas nenhuma era recente. Não havia sinal algum de um namorado ou algo parecido.

Estava frustrada. Mesmo que soubesse que ela não era minha e jamais seria, queria saber com quem ela andava saindo.

- Foi bom. Consegui colocar tudo em dia.

- Ótimo, querida. Fico feliz que esteja se saindo bem. Daqui uns anos estaremos tocando juntos a empresa. Claro, se quiser...

- Claro, pai! - Disse e sorri.

- O que você estava fazendo? Parecia concentrada... - Perguntou e olhou para o celular que estava em minhas mãos.

- jogando um joguinho. Aquele que a mamãe odeia. - Desconversei e o vi sorri negando com a cabeça.

- Os com tiros sem fim? - Disse ele, e eu concordei. - Tudo bem. Vou deixá-la jogando. Vou tomar um banho e ver algo para o jantar, Katty chegará mais tarde hoje. Isso quer dizer que você pode se juntar a mim no preparo, se quiser...

- Ta bom! Assim que for para cozinha, me chame. - Avisei e o vi balançar a cabeça.

Ele se foi me deixando sozinha. Assim pude voltar a inspecionar o Instagram de Camila. Havia novos story. Ela estava em uma espécie de estúdio de dança. Tinha muitas fotos com duas garotas que já sei serem as melhores amigas vindas de San Diego. Ela estava radiante. Sorria em todas as fotos, vídeos e até nos boomerang. Tinha diversos story, que fiz questão de visualizar um por um. Ela não ia saber que era eu, de qualquer maneira. Era uma conta secundária, não tinha fotos e o nome era distinto do meu. Quando terminei de ver tudo em relação relação a Camila, olhei outras redes sociais, menos o WhatsApp. Não queria ver as mensagens dela ou de Cameron. Meu pai me chamou, fui até ele e juntos iniciamos o jantar. Como o previsto, minha mãe chegou tarde mas havíamos feito questão de espera-la.

Era a melhor parte do dia sempre.

Não havia nada que me fizesse melhor do que estar com eles.

Meu pai com a suas piadas sem sentido. Minha mãe rindo a todos pulmões delas.

Eles eram a minha vida.

Eu jamais poderia colocá-los em perigo. Eles eram a minha vida. A minha família. A minha esperança. Precisava aguentar um pouco mais. Logo tudo acabaria. Eu iria para Harvard para bem longe de Trevis. Lá ninguém saberia sobre mim. Poderia viver uma vida normal. Depois voltaria e assumiria meu lugar ao lado do meu pai.

Eu precisava segurar um pouco mais. Só um pouco mais.

Precisava protegê-los a todo custo. Não me perdoria se algo acontecesse a ele.

Minha Garota Favorita (G!P) EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora