"Amiga, eu não quero que as coisas fiquem ruins pra você, mas você precisa se ajudar... Já deveria ter mandado sua cliente pra outro psicólogo, já deveria ter contado pra ela."

"Amigo, eu gosto dela. Além do mais eu não posso fazer isso com ela hoje, vai acabar com a noite dela."

"Se você gosta dela, deveria ter contado há muito tempo. E eu falo isso porque eu não quero que você acabe numa cela fedida e apertada."

A morena se assustou com a ideia e ela engoliu o choro.

"Por favor, vamos mudar de assunto. Estou apresentável?" Ela perguntou, aparecendo na sala de seu apartamento, já vestida para a tal festa que tinha sido convidada.

"Você está perfeita." Paul ficou em pé e pegou na mão de sua amiga, fazendo-a dar uma voltinha para vê-la por completo.

"Me leva?" Ela pediu, afinal, o homem se dispôs à dar uma carona para ela até a casa de Valéria. Camila só pegou sua bolsa e eles saíram. Quando chegaram na frente da casa da empresária, Camila se despediu do amigo e antes de entrar na propriedade, enfiou a cabeça de volta para dentro do veículo. "Eu vou contar. Mas não hoje."

"Divirta-se." Ele desejou sorrindo e saiu.

Quando Valéria apareceu na porta, Camila pôde sentir seu coração acelerado. Ela estava deslumbrante. Vestia um vestido preto com um decote bastante generoso, todo em paetê. A psicóloga tinha quase certeza de ter visto aquele vestido em uma artista nas fotos de sites de fofoca e celebridades.

"Você tá... perfeita."

"Eu posso tranquilamente dizer a mesma coisa de você." Valéria comentou e estranhou sua própria voz, tinha um timbre diferente, de excitação e surpresa por trás. Ela pigarreou. "Eu vou chamar o Uber."

Ao chegar na festa, o carro as deixou na porta, em frente ao tapete vermelho que se estendia para dentro do salão e onde a imprensa se reunia para as fotos editoriais. Camila sentiu sua garganta fechar. Era sua primeira aparição pública com a maior empresária do Brasil.

"Eu não posso sair com você."

"Por quê?"

"Não, é melhor não. Entra você primeiro. Eu dou uma volta com o carro e depois eu entro."

"O que houve?"

"Nada, sei lá, é coisa minha... Melhor não." Valéria deu de ombros e sorriu, saindo do carro. Não que ela fosse uma atriz famosa, mas atraía olhares de interesse, aparecera vez ou outra em revistas de negócios, e sua última aparição, quando a seguradora tomou partido na luta LGBT, se mostrando a favor da causa, apareceu até em revistas famosas de público abrangente. O motorista cobrou por mais duas voltas por ali perto e voltou para deixar Camila, que entrou como se fosse uma funcionária. Valéria estava conversando com um grupo de homens e mulheres em ternos, gravatas e vestidos de grife. Ao avistar Camila entrando, ela acenou e sorriu para o grupo ao qual conversava, encerrando a conversa e andando até a morena.

"Vem, vamos achar Dalila e Laila."

Dalila e Laila estavam no meio da pista de dança improvisada, que, mesmo que ainda fosse só o início da festa, já estava cheia de pessoas dançando. A loira estava com um copo em uma mão e a outra estava na cintura de Laila que dançava junto com ela, ambas faziam a mesma coreografia, rindo de alguma coisa que falavam e provavelmente só elas entendiam.

"Dalila, por favor! Isso é uma festa séria, não me envergonhe."

"A festa é minha, eu que paguei, eu faço o que eu quiser." Dalila gargalhou. "Nem te vi chegar, amiga." Ela abraçou Valéria. "Por Allah, você tá maravilhosa."

She keeps me warmWhere stories live. Discover now