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Boa leitura!

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A latinha de cerveja rolava pelo chão, espalhando o líquido amarelado no piso de madeira. Não consegui reagir, eu apenas fiquei ali, parado enquanto encarava o homem a minha frente.

Ele era um pouco mais baixo do que eu, tinha cabelos loiros, fartos e brilhantes. A pele clara destacava ainda mais seus olhos escuros, e sua boca era rosada e bem carnuda. Vestia uma calça social preta, que parecia feita sob medida, com sapatos da mesma cor. Seu torso era coberto por uma camisa branca de botões e mangas compridas que estavam dobradas até a altura de seus cotovelos. Era bem justa e marcava seu corpo magro e sua cintura bem definida.

Um grito me tirou daquele transe que durou poucos segundos, me fazendo encarar o homem de sobrancelhas erguidas e olhos arregalados. Ele parecia assustado, tanto quanto eu.

— O que faz aqui? Como entrou aqui? — Ele gritava assustado. — Olha só, eu tenho dinheiro. Eu posso te dar, você pode pegar comida na geladeira e posso te pagar um táxi até um abrigo próximo daqui. Mas por favor, não me machuque. — Ele dizia tudo sem respirar e sem me deixar responder.

— Como assim? Eu não sou nenhum ladrão ou sem teto. Eu não vou a lugar algum, eu moro aqui. — Retruquei agora mais desperto do susto inicial.

— Não, não mora. Eu moro aqui. Esse apartamento é meu! — Cruzou os braços na frente do peito, com um pequeno bico nos lábios, me olhando como uma criança birrenta.

Apesar do tom de voz irritado do menor, ele parecia inofensivo. Adorável até, com aquele biquinho saliente. Será que eu tinha deixado a porta aberta? Seria ele algum louco que escapou de algum hospício? Não... ele estava muito bem vestido para um fugitivo.

— Quem disse? Desde quando? — Dei um passo a frente, o encarando.

— Desde que eu o aluguei, oras. — Agora foi a vez dele dar um passo na minha direção, me enfrentando.

Estávamos a centímetros de distância e eu podia sentir ele exalando um perfume cítrico. Eu olhava nos olhos dele e pude ver quando desceu o olhar para o meu peito nu.

Meus olhos ficam mais para cima.

Suas bochechas se avermelharam e ele se afastou imediatamente de mim. Ele pareceu ficar ainda mais irritado com o que eu tinha acabado de dizer.

— Aigoo. Eu vou chamar a polícia! — Ele se virou, provavelmente procurando pelo telefone.

— Ah, eu já entendi tudo. É o golpe do aluguel. — Suspirei pesado. — Você, eu, e mais meia dúzia de pessoas devem ter pagado o depósito do mesmo imóvel e agora todos tem uma chave que...

— Do que está falando? — Me interrompeu. — Essas coisas são todas minhas! Meu sofá, minha mesa de centro... — Ele congelou ao olhar para o móvel. — Espera, o que é isso?! É uma marca de copo na minha mesa de centro? Você nunca ouviu falar em porta copos? Ou lata de lixo? — Ele apontava para as caixas de pizza e salgadinhos espalhados pelo móvel e pelo chão. —Olha só para isso! Você é um porco! Tem um porco no meu apartamento. Eu vou buscar um balde para limpar isso.

Ele seguiu apressado em direção a cozinha. Eu já não estava entendendo nada. Quem era ele para me chamar de porco? Isso não ia ficar assim. Fui atrás dele, mas quando cheguei no cômodo não havia sinais do loiro. Para onde ele tinha ido? Será que ele foi embora? Mas como? A porta ficava para o outro lado. Meu deus, eu devo ter bebido demais.

— É isso, eu estou bêbado! — Murmurei para mim mesmo.

Fui para o banheiro tomar um banho. Eu precisava relaxar e quem sabe ficar um pouco mais sóbrio. Tirei minha calça e minha boxer, jogando-as no canto de qualquer jeito. Liguei o chuveiro e deixei que a água morna corresse pelo meu corpo.

E se fosse verdade || ConcluídaWhere stories live. Discover now