Point 5: Mal-estar.

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Sai da mansão aos tropeços, procurando um lugar onde pudesse respirar. Tudo lá dentro era incrivelmente sufocante.

Me joguei contra uma das colunas da varanda, abraçando ela para conseguir me manter em pé. Eu não sabia se queria chorar ou socar alguém.

Sozinha ali ao sol do meio dia da Flórida, no forte calor de Miami, eu nunca me senti tão distante de casa. Queria achar uma forma de pode voltar para minha cama de casal em meu quarto, apesar de Clary dizer que aquela cama de forma alguma era de casal, e que duas pessoas só caberiam ali espremidas. Quis sentir a parede fria em que a cama ficava encostada, mas a única coisa que tinha era a grande coluna branca de mármore, que mesmo sendo de pedra, estava quente contra meu corpo.

— Gabriela?

Me virei, pronta para mandar a pessoa embora. Christopher estava parado na porta, me encarando com as mãos no bolso. Ele estava diferente de ontem, usando roupas simples: uma calça jeans, all stars e camiseta branca. Os braços fechados com tatuagens estavam à mostra.

— Tá tudo bem? — perguntou vindo até mim.

— Você tem uma panela?

Ele franziu a testa.

— Hm, não, mas posso conseguir uma para você. Por que?

— Vou tacar na cabeça deles. — Apontei para dentro da casa, onde Brad e Chay estavam no pé da escada que levava aos andares de cima.

— Cadê o Richard? — Chris olhou ao redor.

— Me avisa se achar, porque nele eu vou jogar um fogão.

— Ele te deixou sozinha com aqueles dois? — Apontou para dentro da casa. — Que filho da puta.

— Isso é até um elogio para ele — resmunguei.

— Vem, vamos sair daqui. — Chris me estendeu a mão, e eu a encarei. Ficar ali segurando aquela coluna, voltar para dentro e ter que encarar Brad e Chay, ou aceitar a mão da única pessoa que tinha sido gentil comigo desde que eu cheguei?

Aceitei sua mão.

Descemos as escadas, saindo da sombra da cobertura da entrada da casa, indo para o sol forte. A frente da propriedade era grande e levava até uma rua de duas mãos ladeada por palmeiras altas, com o mar do lado esquerdo. O ar ali era salgado e sufocado. Eu já estava me sentindo zonza.

Eu não sabia para onde estávamos indo e não consegui descobrir. Um carro veio em alta velocidade da estrada de palmeiras, parando em nossa frente derrapando os pneus.

— Ei, esse carro é meu. — Chris apontou para o Jipe.

Richard saltou dele, batendo a porta atrás de si. Cruzei os braços e fechei a cara.

— Parece que todo mundo quer roubar minha mulher — falou, se aproximando.

— Não sou sua mulher.

— Não é o que dizem nos jornais — rebateu.

Eu queria socar ele. Cadê o maldito fogão quando eu mais preciso?

O encarei, tentando fixar meus olhos em seu rosto, mas falhando. Os dreads da noite anterior tinham sumido, e seus cabelos estavam curtos e loiro. Usava uma camiseta branca, assim como Christopher, e os braços estava à mostra, exibindo as tatuagens também.

Nossa, eles iam fazer uma dupla sertaneja?

— Posso falar com você? — pediu baixo, se inclinando em minha direção.

— Não.

— Gabbe...

— Pra você é Gabriela.

Las VegasWhere stories live. Discover now