Point 9: Almoço mexicano.

2.2K 203 27
                                    

Chris não tinha ido embora.

Quando saímos da cozinha e fomos para a sala, desviando das pilhas de caixas, o encontramos jogado na única poltrona que havia ali. Tinha pacotes de Doritos ao seu redor, com a caixa aberta aos pés, enquanto equilibrava o celular no joelho e assistia alguma coisa.

Eu arriscaria ser futebol.

— O que você tá fazendo?

— Assistindo ao...

— To perguntando o que você ainda tá fazendo aqui.

Chris virou o rosto para Richard e fez biquinho.

— Não me olha assim — resmungou Richard.

— To esperando o almoço.

— Almoço?! Não tem almoço.

Com essa noticia, Chris arregalou os olhos e me olhou. Ficou me encarando com os olhos grandes, depois olhou para Richard, piscando com aquela carinha de panda.

— Como assim não tem almoço?

— Ué, não tem. — Richard foi até ele e começou a juntar os pacotes de salgadinho. — Por favor, pare de sujar minha casa.

— Não da nem para chamar isso de casa. Pelo amor de Deus, levasse a mulher pra um lugar ao menos com mobília.

— O importante é uma cama grande.

Franzi a testa. Cama grande só se for a dele, porque a de solteiro que eu dormi não iria caber nós dois. Talvez coubesse, já que mesmo para uma cama para uma pessoa, ela era grande. Iriamos ficar apertados... Mas isso não seria um problema, é claro.

Notei que eu só tinha visto quatro partes daquele apartamento: sala, cozinha, o quarto em que fiquei e a sala com o piano. O corredor que levava aos dois últimos cômodos é enorme. A quais lugares mais ele levava?

Mesmo sabendo que eu iria ficar pouco tempo por aqui, a vontade de conhecer o apartamento começou a crescer. Talvez eu seja apenas curiosa.

— Então não tem moveis e não tem comida? Que decadência. — Chris se levantou, limpando a sujeira da calça e da blusa. — Vou descer na Mandi.

— Isso, vai lá.

— Mas não vou trazer comida para você.

— Obrigado, eu sou grandinho, sei me virar.

Enquanto Chris andava até a porta, Richard se virava para mim.

— Tá com fome?

Ri e fui até ele, levantando os braços e passando pelo pescoço dele.

— Por que você tá tão mal humorado? — Beijei seu pescoço, sentindo seu cheiro.

— Não to mal humorado — resmungou, segurando em minha cintura.

Eu sabia que só o conhecia há menos de uma semana, mas mesmo assim conseguia a sentir a tensão ao seu redor, os músculos rijos e a falta de paciência. E ele parecia usar Christopher para despejar o que sentia, e apesar do outro parecer notar, não se importava.

Richard estava assim desde a ligação de manhã. Brad claramente o tinha deixado desconfortável, o obrigando a ir em um evento enquanto tudo o que ele queria era ter momentos privados para resolver as coisas. As coisas: eu, nosso casamento.

Soltei um suspiro pensando nisso. Eu tinha vindo até a Flórida para me divorciar, mas não era isso que estava fazendo.

— Quer sair para comer ou pedir almoço? — perguntei, acariciando sua nuca. Richard era da mesma altura que eu, e seus olhos ficavam em frente aos meus. Havia marcas escuras embaixo deles, que não estavam ali até essa manhã. Ele tinha se cansado tanto em tão pouco tempo, e eu julgava que era apenas por causa do que acontecia em sua cabeça.

Las VegasWhere stories live. Discover now