cigarros e origamis.

35K 6.3K 5.3K
                                    

#SaturnoUranoNetuno

Marte nunca esteve tão fora de órbita como durante aquele tempo.

— Tem certeza de que vai ficar bem? — Namjoon perguntou, encarando o rapaz sentado em sua cama com um de seus mangás nas mãos. — Posso cancelar, não tem problema.

Jeongguk apenas negou, tentando sorrir um pouco que fosse.

— Tudo bem, sério. — deu de ombros. — Você tem os seus compromissos.

O mais velho encolheu os ombros, continuando a fitar seu amigo.

— Tem certeza?

— Sim, hyung. Aproveite e não se preocupe.

Planejava passar o resto da noite ali, na cama de Namjoon, lendo os mangás do mesmo e escutando alguma música melancólica que fosse. Jeon não se importava de ficar sozinho e, mesmo triste, pelo menos sentia-se confortável o suficiente para sentir o que estava tão no fundo sem medo de ser julgado ou descoberto.

Assistiu seu amigo vestir o casaco e sorrir uma última vez antes de sair pela porta do quarto. Pouco tempo depois, ouviu as chaves na porta principal e soube que estava realmente sozinho.

E, bem, planejava mesmo ler até pegar no sono, mas não conseguia. Tentava distrair-se, tentava fazer outras coisas ou até mesmo pensar em algo aleatório, mas não conseguia. Aquela sombra no canto do quarto sempre o atormentava; como se tivesse de ir lá, como se precisasse descobrir o que havia de tão íntimo lá dentro.

Então finalmente ergueu-se, respirando profundamente antes de ir até o canto do quarto e puxar a capa de sua guitarra, colocando-a sobre a cama de seu melhor amigo. Não havia mexido naquele objeto desde que Jimin o deixara consigo, ainda na garagem de Hoseok. Não sabia o que estava escrito dentro dos origamis – mesmo que Jimin tivesse o dito sobre. Não mexeu, tentou não pensar, portanto não dormia. Park rondava sua mente e, no abismo cósmico que era sua cabeça, os tsurus atravessavam como meteoros.

Estavam prestes a colidir contra seu planeta.

Ajeitou-se no colchão e puxou lentamente o zíper da capa preta, suspirando um pouco ansioso. Seus olhos piscavam devagar, gravando a imagem de todas aquelas cores reunidas, aqueles pássaros de diferentes tamanhos que guardavam, cada um, um único segredo do então loiro.

Segredos esses que, de repente, Jimin quis compartilhar consigo.

Pensando nisso, o tatuado sentia seu peito doer e pesar, fazendo o ato de respirar se tornar um pouco mais difícil de exercer. Isto é, se realmente lesse aqueles origamis e soubesse o que era exatamente que Jimin desejava, então... Não seria real, certo?

Se eu te contar, dá azar.

Daria azar aos desejos de Jimin?

O meu desejo é você, Jeongguk.

Daria azar a si mesmo...?

Puxou os fios para trás, apertando os olhos antes de deitar-se outra vez no colchão, frustrado. Não sabia se deveria ler, não sabia se era o certo a se fazer. Isto é, mesmo que Jimin tivesse o entregado todos os origamis, era seu direito lê-los como se não significassem nada demais?

Entendia que, ao lhe entregar tudo, Park silenciosamente também o dava passe para que pudesse ler o que havia ali dentro. Contudo, o jeito como recebeu os tsurus, o modo triste e machucado como Jimin estava...

Não sabia se era o certo a se fazer, realmente. Talvez não possuísse coragem, não ainda.

Sentia que invadia a privacidade alheia mesmo que soubesse do que se tratava, mesmo que entendesse que tudo ali tinha conexão consigo mesmo e a relação que ele e Park construíram em tão pouco tempo. Então, deixaria que os meteoros continuassem rondando sua mente, o fazendo pensar se estava mesmo tomando as decisões certas sobre aquele e mais alguns assuntos.

Quando nos Vênus, juro a Marte | ji+kookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora