atração interdimensional.

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Nunca imaginou que teria uma manhã agradável como aquela.

Estava sentado no sofá, tomava uma xícara de chá de limão enquanto o gato em seu colo movia a cauda de um lado para o outro, encostando em seu braço de vez em quando. Acabava sorrindo de leve, afinal, fazia cócegas.

E, em geral, Jeongguk se sentia bem.

Até porque na outra ponta do sofá estava Park Jimin. Tomando chá também, em sua caneca amarela com o desenho de um pintinho. Ele estava tão vidrado naquele episódio de Rick and Morty que Jeon se sentia culpado. Havia o viciado mesmo na sua série favorita? Não parecia justo.

— Você tá entendendo esse episódio, Jimin? — perguntou, lambendo os lábios finos porque, céus, como chá de limão poderia ser tão bom?

— Eu... Acho que sim? — fez um bico, coçando a bochecha. — Tipo, o Rick tem uma TV interdimensional e eles estão assistindo eles mesmos em outra dimensão, certo? Alguns canais não fazem sentido.

Ele fitou Jeongguk e ambos sorriram, era algo meio automático entre eles. Então o tatuado assentiu, dando de ombros ao mesmo tempo.

— Na verdade, nenhum dos canais faz sentido. — respondeu, sincero. Jimin arqueou as sobrancelhas. — O Jerry e a Beth brigam porque se não estivessem juntos eles seriam famosos, que é o que aconteceu na outra dimensão. Mas não faz sentido você sofrer por algo que não aconteceu, ou algo que... Tá em outra dimensão. Mesmo que seja o "você" de lá, não é você. Não é problema seu. As pessoas costumam muito se culpar por coisas que aconteceram, mas ninguém percebe que isso é errado. Você não é o seu passado.

O Park respirou fundo, assentindo automaticamente. Fazia todo o sentido ao mesmo tempo que ainda era confuso.

Contudo, ele e Jeongguk sabiam que era a verdade. Para eles, assistir ao desenho era muito maior do que apenas ver os personagens fazendo coisas e conversando. Era uma reflexão básica da vida deles e de como tudo o que faziam não tinha propósito real.

Isso fazia Jimin questionar o motivo de procurar tanto por sua alma gêmea.

Até porque... Bem. Em sua mente, havia a encontrado. Quer dizer, ele queria que sua alma gêmea fosse Jeongguk. Porém, tantas coisas aconteciam que Jimin não conseguia ter certeza de que era ele mesmo ou não.

Apesar disso, o guitarrista tinha certeza de que aquele era o melhor seriado do mundo. Havia aprendido que os seres humanos não eram tão especiais quanto acreditavam ser e, por isso, não fazia sentido o único propósito deles ser encontrar um par.

Jeongguk não aceitaria estar vivo apenas para encontrar a sua alma gêmea.

— Mas, Kook, você já pensou que talvez, a graça da televisão deles e da nossa vida seja não fazer sentido? — o tatuado o fitou, fazendo com que continuasse. — Se os canais são aleatórios tanto quanto a nossa vida, talvez seja porque o ponto esteja em nós mesmos mudarmos ou apontarmos a graça. — Jimin se encolheu, sorrindo. — Você não é o seu passado, mas é o seu presente e futuro. Então... Cara, a sua vida ser interessante e "com sentido" só cabe a você.

A essa altura, o mais novo já havia deixado sua xícara na mesinha de centro, respirando fundo à medida que olhava para os pelos branquinhos de Uju. Jimin havia o tirado a fala e, certamente, havia sido incrível. Assim como Jimin nunca pensara do jeito de Jeongguk, o mesmo nunca pensara do jeito de Park.

Talvez por isso eles se completassem.

Se sentiam de maneira tão confortável juntos que aquela conversa, mesmo que pesasse de forma oposta para cada um, soava como algo simples e gostoso de se ter. Por eles, poderiam conversar o dia inteiro; sobre os mais variados assuntos, com as mais intensas das emoções. Só de estarem juntos já era o suficiente.

Quando nos Vênus, juro a Marte | ji+kookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora