Podemos conversar?

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-Posso saber onde estava? -Foi a primeira coisa que ouvi, em dois dias, Cheryl dizer. 

Eu tinha ido ao mercado, mas no caminho, FP me ligou e disse que precisava que eu fosse a delegacia depor. E ao chegar lá, qual não foi minha surpresa ao ver os pais do St. Clair lá. Saindo da mesma sala que eu entraria em poucos segundos.

Depois de quase uma hora tentando convencer de que havia batido no Nick por causa do que ele havia feito a Cheryl, eu pude sair, só acompanhada de um advogado, que com certeza não tinha pedido.

Ele me disse para não dizer nada e que daria um jeito e eu não precisava me preocupar. 

Mas a verdade era que eu estava preocupada. Poderia ser presa por ter batido naquele merda. E ele poderia sair ileso dessa acusação. Mas digamos que não tão ileso. Fiquei sabendo que os médicos tinham dito que ele ficaria com uma sequela ou outra. 

Não pude esconder o sorriso, ao sair da sala e encontrar FP. Foi ele quem me disse que o St. Clair ainda estava no hospital e não tinha nenhuma previsão de saída. Isso seria bom em um certo momento, mas se ele falecesse, as coisas piorariam, e muito. 

-Eu estava na delegacia. -Respondi de forma simples para Cheryl, que ainda me olhava, sentada no sofá. 

-E por que foi lá? -Ela voltou sua atenção para a televisão, que passava um filme qualquer. 

-FP me ligou. Disse que eu tinha de depor. -Fui para a cozinha para poder preparar algo para comermos, mesmo que ela dissesse que não iria querer. -Eu posso ser presa por ter batido no desgraçado do St. Clair.

-Você foi muito violenta. -Eu fechei meus olhos ao ouvir aquelas palavras. Respirei fundo e me virei para poder encarar Cheryl que não me olhava.

-Eu fui violenta porque precisou. Ele estava em cima de você, te estuprando. Eu tinha de fazer algo. -Ela me olhou nos olhos, pela primeira vez. Eles estavam vermelhos de tanto chorar.

Era o que ela vinha fazendo nesses dois dias. Só chorava. Não comia nada, estava emagrecendo. E eu ficava cada vez mais assustada.

-Não precisa me lembrar do que ele fez. -Ela se levantou do sofá e desligou a televisão. 

-Talvez eu precise. Você não faz nada nesses dois dias. Eu não me importo, mas você precisa fazer algo. Não sei o que possa te fazer bem, eu já tentei de tudo, mas não consigo achar nada para te agradar. -Digo e dou alguns passos em sua direção. Ela se vira para a janela. -Você nem conversa mais comigo. É como se eu fosse uma estranha para você. Isso está me machucando.

-Então se está se sentindo ferida, vá embora. Talvez seja melhor se mudar. -Ela diz com um tom amargo e se vira, indo em direção as escadas. Seguro em seu braço, a forçando olhar para mim.

-Cheryl, eu te amo, e eu quero te ajudar, mas você precisa querer aceitar a minha ajuda. -Olho em seus olhos e ela deixa uma única lágrima escapar. Mesmo assim, sua pose de superior volta. Era como se eu estivesse olhando a Cheryl de meses atrás.

-Eu não preciso da sua ajuda. Não mais. -Dito isso, ela se soltou da minha mão e subiu as escadas. 

Eu estava vendo a pessoa que mais amava se afastar aos poucos e consequentemente me machucar. Mas eu ainda tentaria? Ela precisava de espaço e eu também precisava. 

Vivíamos juntas e isso não era saudável para uma relação. Eu estava me sentindo sufocada, mas não por causa de Cheryl e sim por causa dos meus sentimentos intensos. 

Eu a amava, tanto, que chegava a doer. Pena que enquanto ela estivesse machucada não veria isso. 

Jurei que ajudaria ela com tudo, mas como ajudar alguém se eu mesma preciso de ajuda? Precisava estar bem comigo mesma para poder olhar para ela. E o fato dela dizer que não precisava de mim, mesmo depois de eu ter feito tudo por ela, ter a salvado de um doente, porque era isso que Nick era, um doente, ela vira para mim e diz que é melhor que eu vá embora?

Não. Não iria embora. Mas tinha certeza de que essa noite seria impossível ficar no mesmo ambiente que ela. 

Peguei as chaves da minha moto e minha jaqueta e saí de casa. Sem lugar para ir ou nem querendo um lugar exato para poder ir. Simplesmente sai de moto. 

Minhas lágrimas estavam descontroladas e eu não enxergava nada no caminho. Seria fácil causar um acidente, mas eu não poderia. Em alguns segundos eu cheguei ao lado sul e fui direto ao bar Whyte Wyrm. Não trabalharia, mas pelo menos poderia beber.

E foi exatamente o que fiz. Bebi, encontrei amigos, ri, conversei, bebi mais. 

Tudo rodava e eu ainda dançava ao som de High Enough. A voz de K. Flay me envolvia de uma maneira. Já havia largado minha jaqueta em algum lugar, minha cabeça girava e eu sentia colegas de escola e da minha ex gangue, ao meu lado. Dançávamos como se não houvesse um dia. 

Mas esse dia chegou. 

Eu só me lembro de acordar em cima da mesa de sinuca. Sweet Pea me empurrava e dizia para eu levantar. Ele me ajudou a descer da mesa enquanto tudo rodava. 

-Posso saber o que veio fazer aqui? Jughead não vai gostar nade de saber que passou a noite desse lado da cidade. -Sweet dizia enquanto me entregava minha jaqueta, ele tinha achado ela. -Eu vou te levar para tomar um café forte.

-Quero que o Jughead se foda. Se ele não tivesse me expulsado da gangue por besteira dele, nada na minha vida estaria desmoronando. -Visto a jaqueta, que parecia que ainda contia tudo nos bolsos, e sigo o garoto maior para fora do bar. 

-Como que sua vida está desmoronando? -Ele me pergunta enquanto andávamos.

-Cheryl disse que era melhor que eu me mudasse da casa dela. Eu não discordo, mas não vou fazer isso enquanto ela não estiver melhor. -Coloco as mãos dentro do bolso da jaqueta e olho para o chão. -Eu não posso abandonar ela.

-Mas passou a noite no Whyte Wyrm. -Ele ri e eu faço uma careta. Minha cabeça doía muito. 

-Eu preciso tomar um café logo e voltar para casa. -Digo, entrando na cafeteria e me sentando em uma das cadeiras do balcão. O dono de lá já me conhecia e sorriu quando me viu.

-Podemos conversar com o Jughead, quem sabe você possa pelo menos voltar para o seu trailer se for o caso. -Sweet diz depois de beber seu primeiro gole de café.

-Eu não vou falar com o Cabeça de Jarro tão cedo.Ele se quiser que venha me pedir para voltar para cá. -Bebi meu café devagar. Tudo estava sacudindo dentro de mim. Eu tinha mesmo bebido muito. Me admira não ter posto nada para fora.

-Eu já mandei mensagem, e ele disse que está vindo. -Sweet olha para a porta e eu escuto a mesma ser aberta. -Boa sorte.

-Vais e fuder, Sweet Pea. -Olho para trás e vejo Jughead parado perto da porta ainda.

-Podemos conversar? 

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Desculpe o atraso. Não me matem.

Quem aí acabou de ver o episódio de Riverdale hoje?

Eu não tô bem.

Choni voltou e eu tô feliz.

Edgar apareceu, credo, socorro.

Esse final do ep não poderia ser mais louco.

Agora me digam o que acharam do capítulo. Eu escrevi correndo, porque já iria começar Riverdale.

Então me desculpe por essa bosta que saiu hoje.

Votem e comentem.

Beijos bb's lindos do meu coração.

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