Conversa

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Dois dias se passaram desde que ela foi liberada da sedação. E ela ainda não havia acordado.

O médico tinha garantido de que estava tudo bem. E eu acreditava que estava. Tinha de me apegar a algo e isso ajudava.

Era uma quinta-feira. Estava de manhã e nevava.

Eu estava chegando quando vi o doutor sair do quarto todo feliz.

-Você vai gostar do que verá hoje. -Ele disse sorrindo para mim e eu estranhei. Porém continuei a entrar no quarto.

Ela estava sentada. Com uma cânula de oxigênio. FP estava sentado na cadeira ao lado da cama. Aquele sorriso era incrível e eu tinha sentido falta dele.

Ela havia finalmente acordado.

Por isso o doutor estava feliz.

E agora, eu estava feliz.

Corri em direção a sua cama e assim que ela se virou em minha direção eu a abracei apertado, mas tomando cuidado com o local saturado.

-Ai. -Ela fala e da uma risada. Eu a soltei e sentei na beirada da cama. -Oi.

-Oi. -Sorri e ela levantou a mão direita para secar algumas lágrimas que desciam livremente pelo meu rosto. -Você acordou. Eu senti sua falta.

-Também senti falta. -Ela desce a mão e eu seguro e entrelaço nossos dedos. -FP me disse que eu fiquei quase duas semanas apagada.

-E foi mesmo. -FP diz e seu telefone começa a tocar. -Licença. É bom te ter de volta garota.

Assim que ele sai, Toni faz uma coisa inesperada.

Ela me puxa e beija meus lábios.

Eu de início não corresponde. Fiquei atordoada, mas assim que ela estava se afastando eu a puxei e coloquei minha mão em seu pescoço.

Não era um beijo, era um simples selar de lábios. Mas que me fez querer pular de alegria pelo quarto todo.

-Quando foi que você acordou? -Pergunto depois de separar-me dela. Eu estava tão feliz.

-Tem uma ou duas horas, eu acho. -Ela diz e sorri. -FP tava dormindo quando aconteceu. Eu simplesmente acordei e não sabia o que fazer, meu coração disparou e uma enfermeira entrou correndo para ver o que tinha acontecido. Logo depois o doutor veio e virou uma bagunça.

-FP nem me ligou para avisar. -Digo com um tom triste e zangado.

-Ele ficou aflito, não sabia o que fazer. -Ela deu uma risada e acariciou minha mão com seu polegar. -O doutor fez alguns exames de rotina e alguns para comprovar que eu estava bem e sem nenhuma sequela.

-E está tudo bem? -Pergunto e me ajeito na cama, já que estava escorregando.

-Está tudo certo. Exames perfeitos. -Ela me olha sorrindo e depois olha para nossas mãos. -Acha até que vou poder ir pra casa amanhã. -Eu não sabia se ria ou se gritava de felicidade. Preferi dar apenas um sorriso que se fosse possível rasgaria minhas bochechas.

-Isso é magnífico.

-Sim, eu vou poder ir pra casa. Por mais que FP não quer que eu fique sozinha. -Ela faz uma careta depois de dizer e eu dou uma risada. -Eu quero ir para casa logo.

-E irá, porém não pode ficar sozinha. -O doutor entra dizendo. -Mas não irá para o trailer.

-O que?  Por que não posso ir para minha casa? -Toni pergunta indignada.

-Pelo que me lembro da última vez que fui em seu trailer fazer uma visita para sua mãe, ele não fica em um local muito bom e de fácil acesso. -O doutor começa a dizer. -Além de que está negando e lá deve estar frio. E você não pode correr risco de contrair uma pneumonia.

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