Nojento

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Estava tão mais leve com a notícia de que Toni e eu não éramos irmãs.

-Para de sorrir feito idiota e presta atenção aqui. Preciso da sua ajuda para poder recuperar. -Kevin me belisca e eu olho para ele atônita. -Não se faz de desentendida. Desde segunda-feira, você e Toni estão andando perdidas com tudo.

-Aconteceu algumas coisas. Nada que eu deva te contar. Mas isso não vem ao caso. Estamos felizes e bem, isso é o que importa. -Olho para o caderno a minha frente na mesa e sinto duas mãos taparem meus olhos. Seu cheiro me invadiu e eu sorri. Ela tinha usado meu shampoo.

-Será que dá para me ajudar com isso logo? Solta ela, Topaz, eu tenho prova depois do intervalo e não sei nada da matéria. -O Keller mais novo empurrou Toni, que se sentou ao meu lado e beijou minha bochecha.

-Quanta agressividade. Tá precisando transar logo, Keller. -Toni comenta e puxa minha bandeja para perto de si, logo devorando o que era para ser meu almoço, mas o garoto não havia me deixado comer nada.

-Está bem, eu ajudo. Mas preciso comer também. -Pego metade do sanduíche natural que estava na mão de Toni e ela me olha com um olhar engraçado de chateada. -Eu comprei para mim. 

Beijo sua bochecha e começo a comer enquanto ajudava o Kevin a estudar. A prova seria fácil, mas se ele queria ajuda, eu ajudaria. 

Depois de ter ajudado o Kevin a estudar e ter feito minha própria prova, que com toda a certeza tirei nota máxima, fui me aprontar para a última aula que teria no dia. 

Os professores fariam uma espécie de curso e não iríamos ter as quatro aulas da tarde e sim apenas duas. 

Fui para o ginásio e entrei no vestiário para poder trocar de roupa, algumas meninas já haviam chegado e estavam ali também. A aula hoje era vôlei, eu gostava. A professora deixou as meninas jogarem separadas dos meninos por causa da força que eles faziam. Uma vez, Kyler tinha aberto o pulso por causa de uma jogada que o Reggie tinha feito, então desde esse dia sempre jogávamos separadas.

-Meninas, por hoje é só. Podem ir para os vestiários e se trocarem. -A professora disse enquanto juntava as coisas dela, depois foi até os meninos e avisou a mesma coisa. Todos logo correram e quando dei por mim, eu estava lá dentro também. Foi engraçado.

Todos os chuveiros estavam sendo usados, então eu apenas esperei enquanto mandava mensagem para Toni, dizendo que iria demorar até que Josie disse que eu poderia ir tomar meu banho. Peguei minha toalha e fui o mais rápido que pude. Queria ir para casa logo e poder descansar até a hora de ter de ir para a livraria. 

Pelo barulho, percebi que o vestiário estava ficando vazio. Terminei meu banho e me enrolei na toalha, sai da cabine do chuveiro e fui até meu armário me vestir e pentear meu cabelo.

As últimas meninas saíram e eu fiquei para trás. Estava passando creme em meus braços quando ouvi a porta ser aberta lentamente.

Não me preocupei, pois achei que era uma das meninas que tinham esquecido algo e voltou para buscar.

-Ora, ora, ora. Veja quem está aqui ainda. -Não precisei olhar para trás para saber de quem era a maldita voz. -Cheryl Blossom, em carne e osso.

-O que está fazendo no vestiário feminino, Nick St. Clair?  -Seguro minha toalha e me vira para encarar a figura que estava com um sorriso torto em seu rosto.

-Só quero conversar um pouco com você. Fiquei esperando o resto das meninas saírem para poder ter um momento sozinho com você. -Enquanto falava, o que eu não estava gostando, ele se aproximava cada vez mais. -Não pudemos terminar nossa brincadeira do dia da festa do seu irmão. Anos atrás, se lembra?

-Não muito. Talvez porque eu estivesse drogada. Você me drogas na festa e me levou para o quarto. Aquilo foi estupro. -Digo e começo a me afastar, ainda virada para ele, que não parava de andar em minha direção. -Você é um estuprador. Um filho da mãe também.

-Não, não sou. Eu apenas vejo, quero é consigo o que desejo. E desde aquele dia, no qual fui parar no hospital por culpa do seu irmãozinho, eu jurei que voltaria e terminaria. -Sinto o armário bater em minhas costas e me vejo sem saída alguma.

Mesmo que eu gritasse, ninguém me escutará. O ginásio já deveria estar rodo vazio. Correr não adiantaria, ele era mais rápido e estava no time de futebol. Mas ele não encostada um dedo em mim, não novamente.

Ele se aproximou e segurou em meu braço. Percebi que suas pernas estavam afastadas demais, então chutei sua virilha.

Nick se curvou de dor e soltou meu braço. Aproveitei para correr, mas ele foi mais rápido e segurou minha cintura.

Consegui acertar o cotovelo em seu rosto e ele caiu no chão. Me virei para poder sair dali mas ele tornou a me segurar, dessa vez pela perna.

Cai no chão e senti gosto de sangue na boca. Minha cabeça lateja de dor por causa do impacto. Chutava para me soltar de sua mão, mas não adiantava nada.

-Me solta seu nojento. -Ele vem lara cima de mim e senta na minha cintura,prendendo meus braços ao lado do corpo.

-Não, eu vou terminar o que comecei anos atrás. E dessa vez ninguém vira te ajudar. Nem mesmo aquela sua namoradinha de merda. -Ele me olharam um semblante perverso e eu começo a chorar.

Foi involuntário. As lágrimas apenas vinham com grande intensidade e eu não conseguia segurar.

Ele começou a puxar a toalha que eu estava enrolada.

Suas mãos não eram nada boas. Elas passavam por meu tórax descoberto. Grossas demais, grandes demais. Nada estava certo. Eu odiava ele, odiava que estivesse me tocando daquela forma.

Comecei a gritar enquanto tentava, inutilmente, me soltar.

-Pare de resistir. Será bom, você vai ver. -Ele começa a abrir sua calça. A cada movimento que fazia eu gritava mais e mais. -Ninhuem virá atrás de você ou salvá-la.

Sinto sua mão segurar meu rosto com força. Ele passa a outra para poder retirar alguns fios de cabelo que estavam presos ao meu rosto pelo suor.

Passa o dedo com delicadeza em minha sobrancelha e eu sinto uma pontada de dor. Ele então me mostra o dedo e vejo sangue ali. Seu sorriso aumentava cada vez mais.

Eu não poderia desistir. Mas lutar cada vez mais estava apenas me cansando. Eu não iria conseguir fugir dali. Não sem ajuda.

Eu precisava de ajuda. Precisava da Toni. Da minha Toni.

Não sabia mais o que fazer.

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Eu não sei o que dizer.

Estou escrevendo esse capítulo desde ontem.

Só consegui acabar agora.

A aula ainda não começou, mas aqui estou, na sala e escrevendo.

Me amem.

Próximo capítulo é na segunda. Então até lá eu vou tentar escrever algo melhor.

Desculpa por isso.

Votem e comentem.

Beijos bb's lindos do meu coração.

Sem te perder.Where stories live. Discover now