Os prós e contras do Universo

Tsunamis de caos

O fim do mundo não fora previsto pelos maias ou por algum cientista desocupado, a explosão que deu fim a tudo que conhecemos foi recebida na porta, convidada a entrar e abalar todos os nossos fragmentos. Takamura Namjoon tinha as pernas cruzadas e a cabeça segurada pelas mãos apoiadas nos joelhos, seu olhar me atravessava e confundia a rotação das pequenas Luas em volta de minha cabeça.

Eu não conseguia dizer nada e, quando ele começou a rir, foi aí que as estrelas colidiram e meu mundo virou de cabeça para baixo.

- Temos realmente muito o que conversar.

- O que você faz aqui, Namjoon?

- Pelo menos finja um pouco de alegria, irmã. – É óbvio que eu esperava por aquele momento desde a última vez que nos vimos, antes de vovó nos deixar, mas não era assim que eu imaginava. – Eu quis fazer uma surpresa, espero não ter acabado com a diversão.

- Eu disse para você avisar pelo menos dois dias antes!

- Eu realmente devo ter acabado com a festa – seu sorriso era a pior imitação de vergonha que eu já vira, ele sequer conseguia disfarçar o quanto se divertia com a situação.

O pior de tudo, na verdade, foi perceber que no intervalo em que tudo isso aconteceu, Kim continuava estático no mesmo lugar. Seu pijama e cabelos amarrotados somados a cara de sono eram impossíveis de encobrir com qualquer coisa que eu pudesse inventar: ele literalmente havia caído da cama e eu ainda dissera que eu estava na mesma cama! Não tinha como contornar isso.

Alternei meus olhos entre os dois homens a minha frente e pedi licença para o meu irmão, puxei Taehyung pelo braço e desejei que ele tivesse sumido de meu campo de vista instintivamente em vez de eu ter que arrastá-lo de volta para o próprio quarto. O melhor que ele poderia fazer, por nós dois, era se esconder embaixo dos cobertores.

- Você pode me dizer o que está acontecendo?

- Aquele é o meu irmão mais velho, Takamura Namjoon.

- Que ele é o seu irmão eu já entendi – ele se sentou na cama, aparentemente confuso, e eu permaneci parada a sua frente, tentando não olhar para seus olhos e muito menos para a cama que há poucos havíamos dividido. – Só o resto que não faz sentido.

- Não existe outra...

- Sério, Alex, por que você escreveu as regras se está quebrando elas uma a uma? – Não consegui fugir dos seus olhos dessa vez. – Eu fiz muitas coisas erradas quando começamos isso, muitas mesmo, mas eu sempre fui eu. Você devia ser a responsável entre nós. Faz sentido muitas das coisas que você fez terem sido por causa das que eu fiz, mas as regras mais importantes você jogou pela janela!

- Eu não...

- Você sim. Você trouxe mais pessoas aqui do que eu e agora vai contar para o seu irmão que moramos juntos – suas palavras soavam atropeladas, como se ele temesse pausar para respirar ou pensar no que estava dizendo. – Eu mesmo nunca tinha entrado no seu quarto e você dormiu no meu! Você me arrastou até lá! Eu nunca faria isso com você!

- Você vai mesmo usar isso contra mim agora, Kim Taehyung?! Você não tem noção?! – Quase gritei, ele ficou vermelho da cabeça aos pés e fez menção de se render com os olhos arregalados.

- E-eu não estou dizendo que não foi bom, só estou dizendo que não esperava que fosse algo do seu feitio ou mesmo que você... Eu só... Eu... Eu não estava preparado para isso! – Pude ver seu peito relaxar e atirei sobre sua cabeça o travesseiro que havia usado para dormir. – Ai! Por que fez isso?!