Cíumes e perseguição · 19

1.3K 164 10
                                    

No dia seguinte havia acordado cedo para adiantar as atividades porque o gerente do restaurante pediu que eu cobrisse outra funcionária pela manhã. Foi uma alegria ter encontrado a D. Antônia de volta a casa, não me importava em ter que ficar limpando tudo sozinha, mas era constrangedor não ter ninguém além do Lin Won na casa. ⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀
Ao chegar no restaurante notei alguns olhares indiferentes e não imaginava o que estava por vir.
— Bom dia gerente.
— Lana eu sinto muito.
— Pelo que? – pergunto preocupada
— Você foi rebaixada de cargo, agora será uma servente.
— Ah! Tudo bem.
— Não foi culpa minha, mas o restaurante está sob nova direção e a dona fez algumas mudanças entre elas está sua carga horária.⠀⠀⠀⠀
— Está tudo bem, contanto que eu continue aqui. Eu realmente preciso desse trabalho.
— Mesmo com a carga horária das 6h às 19h segunda a domingo.
— Como é? ⠀
— Acho melhor você conversar com seu noivo, talvez ele consiga fazer algo por você.
— Porque ele conseguiria? O Lin Won não é dono desse restaurante.
— Então você vai continuar no trabalho?
— Até que eu seja demitida, sim.
— As 15h você tem uma mesa especial para atender, trata-se da nova dona. ⠀
— Talvez seja a oportunidade perfeita para falar sobre a carga horária.
— Você vai entender quando encontrar com ela. – o gerente me deixou curiosa.

Dei o melhor para me sair bem na nova função, evitei ficar chateada pelas mudanças afinal de contas esse trabalho era a única coisa de verdade na minha vida. Estava para almoçar quando a vir chegar, não foi preciso que o gerente me disse eu percebi de imediato que ela era a nova dona do restaurante.
— Traga-me o Romanée Conti Grand Cru. – ela olhou para mim pedindo o vinho desejado antes mesmo de eu a te cumprimentado, era óbvio o objetivo da compra do restaurante.
— Aqui está senhora. – a servir ⠀
— Dá última vez que estive aqui, o Lin te salvou de fazer uma maior cena. Mas após ter acompanhado algumas notícias parece que você não está mais sobre controle, assim como esse relacionamento. ⠀
— Foi por isso que voltou? Acha que porque as fofocas da nossa briga se espalhou estamos em crise?
— Não acho, tenho a certeza.
— Está enganada, eu e o Lin estamos mais unidos do que antes. – respondi⠀
— Nossa que calor, você aí de pé não está sentindo? – a olhei com seriedade – Deixe-me refrescar essa sua cara feia. – ela jogou uma taça de vinho em mim, me deixando encharcada
— O que você fez? – pergunto irritada e envergonhada pelas pessoas que presenciava
— Eu não acredito que você e o meu Lin estão tão bem assim, senão ele não teria aceitado imediatamente o convite para me encontrar aqui. Agora vá limpar esse rosto e peça para o chefe fazer o que o casal Eun Soon e Park Lin Won sempre pede. ⠀⠀⠀⠀
⠀⠀⠀⠀
Enquanto caminhava para ir ao banheiro me limpar, fui seguida por olhares de dúvidas e insatisfação, muitos ali acreditava que eu havia feito algo de ruim para cliente.
— Devo ligar para seu noivo? – perguntou a gerente
— Não será preciso, ele está vindo para almoçar com ela. – respondi me sentindo humilhada

Fiz o possível para limpar o vinho que foi jogado em mim, me olhando no espelho respirei fundo, não estava disposta a derrubar uma lágrima, isso apenas me deixaria mais arrasada.

Ao sair do banheiro o pedido já estava pronto, servir para ela e o Lin Won ainda não havia chegado. Por um lado fiquei feliz, não sei se conseguiria lidar com ele almoçando com ela tranquilamente enquanto me humilhava.
— Sua mãos. – ela disse sem ao menos olhar no prato
— Sim senhora.
— Você acabou de sair do banheiro, o que me garante que as limpou? – ela derrubou os pratos no chão chamando mais atenção do que antes
— Por favor, pare com isso. – me abaixei para limpar a bagunça
— Parar? Até paro com isso, contando que você vai pegar essa comida do chão com a boca e não com a mão. ⠀⠀
— O que?
— Sou uma mulher de palavra, se fizer isso eu paro, só por hoje.

Estava prestes a fazer isso quando o Lin Won chegou. Ele estava tão irritado como  naquele dia em que brigou com o Chang.
— Chegou na hora certa Lin, lembra quando fizemos isso com aquele secretário que estava nos roubando bem aqui? – me doía saber que ele já havia feito o mesmo que ela estava fazendo comigo com outra pessoa
— Você está fora de si Eun Soon, saiba que responderá por isso. ⠀
— Está enganada querido, o restaurante agora é meu.
— Vamos embora Lana. – ele me ajudou a levantar mesmo suja como eu estava.
— Se você for embora estará demitida. – parei de andar ao ouvir essas palavras
— Você gosta mesmo tanto desse lugar? Quantas vezes te pedir para se demitir, Lana? – ele gritou irritado, mas na frente dele eu só conseguia chorar, não tinha controle das minhas lágrimas. – Você tem duas opções: Ou me deixa comprar ele para você ou se demita.
— Eu não irei te vender meu restaurante para que dê a essa mulher.
— Então todos estão de prova que Lana está se demitindo, assim como todo o apoio que a família Park deu a este restaurante um dia. – ele segurou minha mão levando para dentro do carro
— Não acha que deveria parar de brincadeira? – Eun Soon correu até nós – Vamos voltar, eu te amo.
— É você que deveria parar de mecher com minha noiva, não pegarei leve dá próxima vez e você sabe disso.

Através do retrovisor vir a Eun Soon caída no chão, por um momento acreditei que o Lin ia até ela ver se estava tudo bem, era como se fosse algo que ele não podia controlar ele se preocupava mas do jeito dele. Mas dessa vez eu estava completamente enganada, ele não se importou em ver a Eun Soon no chão.

Ficamos em silêncio até que eu conseguisse parra de chorar, reconheci o lugar que estávamos e percebi que era a oportunidade perfeita para por um fim nisso tudo.
— Por favor pare o carro. ⠀
— Rodoviária?
— Acho que não sou a única que acha que isso não está mais sobre nosso controle, vamos acabar com isso enquanto a tempo. Tenho um conhecido em uma cidadezinha, é melhor ir.
— Não concordo com você, nada está fora de controle.⠀
— Porque não é você que tem sido constantemente humilhado. – grito irritada
⠀⠀⠀⠀
— Eu sinto muito por isso, mas não vai acontecer de novo. ⠀
— Destrave o carro, não vou participar disso. – eu conseguia perceber que o Lin Won não fazia ideia do que eu estava sentindo
— Lana eu sinto muito mesmo, eu deveria ter alertado a você que as pessoas que fazem parte do meu círculo social são tão imprestáveis quanto eu, você é a única pessoa boa nesse círculo. Não fazer parte dele te torna melhor do que todos nós. ⠀
— Receber um cheque todo mês tem me provado o contrário.
— Você nunca será como nós, e isso é um elogio.⠀
— Elogio vindo de você? – ironizo
— Que bom saber que já se recuperou, agora vamos. — Para onde? – ele segue outra rota
— Aeroporto, precisamos de férias.
— Do que você está falando?
— É muita pressão sobre você, se formos nos divertir um pouco talvez lhe dê motivos para ficar, ainda mais agora que está desempregada.
— Para onde vamos?
— Não se preocupe, eu sei como se divertir. – ele colocou uma música alta para tocar enquanto dirigia ⠀⠀

Decidir seguir os passos do Lin Won sem questionar, como ainda eu não havia superado o que aconteceu concluir que as férias seria uma boa oportunidade para me distrair. Com sorte poderia até esquecer dá minha desagradável companhia.
— Quer conversar sobre o que aconteceu? – Lin Won sentou ao meu lado não deixando de olhar um só segundo para a aeromoça
— Sério? Você nem quer saber.
— Mas talvez seja bom você falar sobre isso, colocar pra fora. ⠀
— Me deixa em paz. – sentei em outra poltrona
— Sabe que isso não vai ser possível, estamos em uma viagem juntos. – ele me seguiu ⠀
— Por favor se sentem, já vamos decolar. – disse a aeromoça, estava esperando que ele fosse a paquerar mas não o fez.
— Tudo bem. – ele disse sentando novamente ao meu lado ⠀
— Não tenho nada para dizer.
— Vou esperar até que você queira falar sobre isso. – ele se ajeitou e passou a dormir
⠀⠀⠀⠀
Olhando assim ele não parecia ser o cara tão instável que eu conheço, ve-lo dormir me fez confirmar o quão bonito ele era. Sua pele serena, seus lábios rosados e um cabelo impecável não poderia negar que ele foi bastante abençoado no quesito beleza. Me peguei pensando no beijo que tivemos, lembrar o sabor do beijo mesmo que estávamos bêbados me deixou com borboletas no estômago. Meus pensamentos me levaram a querer toca-lo, aproveitei que estava dormindo para acariciar seu rosto. O que será que fazia do Lin Won ser um homem tão instável?
— Sempre desconfiei que aquele beijo não tinha sido o bastante para você. – ele segurou minha mão impedindo que eu o tocasse
— Que beijo? – pergunto surpresa
— Você tem duas opções: Falar sobre o que aconteceu ou falar sobre aquele beijo, o que você prefere?
— Você estava indo encontrar com ela, o que realmente aconteceu entre vocês? – perguntei confusa, qualquer assunto seria melhor do que falar sobre o beijo
— Acha que fui para lá por qual motivo? Lana, aquele é o restaurante em que você trabalha, eu não tinha dúvida que o motivo da Eun Soon estar lá era para fazer algo a você. ⠀
— Eu sei me defender.
— Eu sei que sabe, além do mais você já me mostrou. Mesmo assim não o fez e é uma boba por isso.
— Você queria que eu batesse na sua noiva?
— Tudo indica que minha noiva é você. – essas palavras me deixaram nervosa, ao olhar ao redor percebi o motivo dele ter dito isso, os empregados poderia enviar algum boato para os sites de fofoca.
— Não poderia machucar a Eun Soon, ela é minha chefe.
— Era.
— Eu preciso do emprego.
— Não vou deixar você voltar para lá novamente, isso não vai acontecer. ⠀
— O que vou fazer quando aquele dinheiro acabar?
— Vou encontrar um emprego melhor para você, mas vamos aproveitar as férias, falamos de trabalho depois. – ele encerrou a conversa ao voltar a dormir

A UM PASSO DO ORIENTEWhere stories live. Discover now