Um ato de maldade · 11

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O Lin Won disse que ficaria apenas uns dias, mas já havia uma semana e nada de mandar mensagem, ligação nem nada. Seguir minha vida normal entre o trabalho e casa, sempre que surgia alguma pergunta sobre nosso relacionamento dava um jeito de lidar com a situação sem que desconfiassem. O que eu não imaginava era que o pai dele vinhesse até a casa, se eu queria mesmo o convencer deveria pensar em algo bem rápido.
— Como está o Lin?
— Não sei dizer.
— Você está dizendo que o Lin Won tá fora de casa há uma semana e ainda não deu notícias a suposta noiva?
— Ele saiu porque tivemos uma briga e como até hoje ele não me ligou e nem voltou para casa acho que ele tá esperando que eu saia.
— Então o relacionamento não está tão bem assim como naquela noite. Qual foi o motivo da briga?
— Acho que nós dois estamos errados, ele não confia tanto em mim assim como não confio tanto nele.
— Ele sempre foi muito ciumento com as coisas dele. ⠀
— Não sou um objeto para ele me considerar propriedade.
— Eu concordo, é só um modo de falar. Mas em todo caso sugiro que converse com ele antes de tomar qualquer decisão, ligo para vocês depois.
— Obrigado pela visita.

⠀⠀⠀
Assim que ele saiu conversei com Antônia o quanto Lin Won é um pirralho, deveria ter deixado algumas orientações. Estou perdida e não consigo me comunicar com ele, em algum momento as pessoas vão desconfiar isso se já não tiver desconfiadas. ⠀
— Sugiro que procure o Kim, o Lin Won sempre atende as ligações dele.
— Mas não posso contar a verdade pra ele.
— São negócios, continue jogando fale da briga e que quer sair de casa. Ele sem dúvida vai ajudar.

O Kim Won quis ajudar, em pouco tempo ele estava na casa ligando para Lin Won que atendeu sua ligação sem demora. Vê-lo falando em coreano, calmo e sorridente me fez o achar um homem bastante atraente. Me pergunto quantos anos ele deve ter, ouso tentar dizer que seria 35 anos. Mesmo que nenhum deles aparente a idade que tem o Kim Won obviamente era o mais velho, não só pela aparência como também pelas atitudes.
— Ele ficou bastante preocupado com sua decisão de sair da casa, pra nossa surpresa ele já está no Brasil e disse que vai chegar pro almoço. ⠀⠀
— Obrigada por ter ligado.
— Você deveria ficar. – sugeriu Antônia
— Vou aceitar o convite, faz um tempo que almoçamos juntos.

Enquanto colocamos a mesa levantei um mantimento que era bastante pesado e estava quente, o Kim Won foi rápido ao pegar luvas e tirar da minha mão. Aquele situação me deixou desconfortável visto que ele fez isso por trás de mim e muito próximo, como se não podesse piorar o Lin Won entrou e nos encontrou bem próximos.
— Precisamos conversar.

Foi a única coisa que ele disse sem ao menos cumprimentar os outros. O silêncio surgiu e eu o acompanhei.

Entrando no quarto o Lin Won abriu a mala que estava com roupas sujas e a jogou brutalmente no chão em minha direção fazendo com que a mala pegasse no meu braço e ferisse os pontos do corte.
— Eu quero que você ponha essas roupas no cesto e as lave.
Não pronunciei nenhuma palavra enquanto as catava, esperei que ele fosse sair do quarto mas ele permaneceu imóvel observando.
— Eu conheço bem seu tipo, deve estar pensando “Porque um ano se eu posso ter a vida toda confortável?”. Isso não vai acontecer, então pare de ficar se oferendo pro Kim Won ele não é do tipo que pagaria por algo tão baixo.

Aquelas palavras foram como fortes pancadas no meu coração, eu não pude dizer nada. Apertei as roupas sujas tentando amenizar minha raiva mas só aumentou ao perceber que os pontos do corte estavam sangrando.⠀
— Droga. – sussurrei pela dor que sentia e raiva que sentia

Continuei catando as roupas e ignorando o corte, mas o Lin Won viu e estava com uma expressão de assustado. Notei ele entrar no banheiro e pegar um kit de primeiros socorros, me levantou do chão e colocou sentada em sua cama, pegou meu braço e começou a limpar para fazer um curativo.  Aquilo havia me dado mais raiva do que as palavras dele, puxei o braço fazendo com que sangrasse bem mais. ⠀
— Eu não quero ter uma vida confortável e viver de forma miserável como você. Muito menos estou me oferecendo ou paquerando o seu irmão, então pare de fazer suas suposições se não tem a certeza. E também sei me cuidar, não preciso de sua ajuda.

A UM PASSO DO ORIENTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora