A Proposta · 1

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Há um certo tempo perdi uma grande quantia de dinheiro quando me juntei a um vizinho para abrir um restaurante. O que eu não imaginava era que ele iria me enganar e sumir com meu investimento. Felizmente superei essa dificuldade, mas agora estou diante de muitas outras. Há alguns meses não venho conseguido pagar o aluguel, e o dono tem feito ameças de que me expulsaria.
— Escuta sua praga você tem até meio dia para depositar todo o dinheiro, senão colocarei suas coisas para fora dá minha casa.
— Por favor reconsidere, eu vou conseguir o dinheiro só basta me dar um tempo.
— Tempo? Ou você quer a casa de graça?
— Não posso negar que isso seria muito bom. – riu de nervoso
— Você acha isso tudo engraçado? Aguarde e verá que estará rindo dá sua cara hoje a tarde.

Mesmo preocupada fui para o trabalho, faz um tempo que estou trabalhando como balconista em um restaurante chique no centro da cidade, ter uma boa aparência tem me mantido fixa no trabalho. Mas com tantas dividas fica difícil quitar tudo. Sempre recebemos pessoas importantes, não é difícil notar o motivo de irem ao restaurante que já estava conhecido por ser frequentados por ricos.

Constantemente eu era lembrada da importância de apenas atender e não prestar atenção no porquê ou para que aquelas pessoas iam ali afinal a imagem dos clientes deve ser mantida. Mas naquele dia tudo o que mais eu mais queria era distrair minha mente e fugir de toda agonia que acontecia em casa, permitir que minha mente vagueasse pelo restaurante e notei algo interessante, um cara asiático havia chegado acompanhado por um mulher loira com roupas extremamente curtas apesar de ser bonita a forma com que estava vestida e agia me fez deduzir que era uma acompanhante. Após se despedir da mulher ele seguiu para uma mesa próxima ao balcão onde um senhor asiático com terno escuro o olhava com indignação, provavelmente era o pai. O senhor era bem educado quase não escutava a voz dele, só vi que eles estavam conversando porque o rapaz falava alto como se quisesse chamar atenção. Poderia escutar o que conversavam se fosse no meu idioma, a conversa estava tomando um rumo tão desagradável que não conseguia tirar meus olhos mesmo não entendendo. Fui pega prestando atenção na conversa pelo rapaz que suspirou alto e passou a mão no cabelo, que por sinal era perfeito. Devo dizer que não notei o quão bonito ele era. Sua altura chegava a cerca de 1,84 alto o suficiente para fazer de mim uma anã já que meço 1,60. Seus traços asiáticos era uma combinação perfeita para seu porte, havia uns sinais no rosto algo que não era comum para mim ver nos asiáticos que frequentava o restaurante, sem contar que ele era dono de um sorriso encantador. Desesperadamente desvio minha atenção fingindo estar fazendo anotações do restaurante, mas acabo prestando atenção novamente ao perceber que ele continuava a conversa em português, era como se ele quisesse que eu ouvisse.
— Tudo bem pai. – foram as últimas palavras dirigida ao senhor que levantou o deixando sozinho na mesa. — Está se divertindo? – olhei para os lados me certificando que essas palavras não estavam sendo dirigidas a mim, mas era. Meu coração acelerou e fiquei completamente sem graça. Ele sem dúvida notou que eu prestava atenção na conversa com o pai. – Traga-me um vinho.
— Desculpe, uma garçonete fará isso agora mesmo. – respondo coberta de vergonha
— Eu pedi a você. – a diferença era que as palavras não eram faladas tão clara, pelo visto ele fala português a pouco tempo ou faz pouco uso do nosso idioma.
— Eu apenas trabalho no caixa senhor, não estou qualificada para te servir.
— O quê? – ele se exalta olhando para mim irritado, a situação fez com que o gerente surgisse preocupado.
— Apenas vá, leve o vinho ele não é o tipo de cliente que decidimos como atender.
— Esses ricos são tão cheios de si. – sussurro enojada.
— Concentre-se no seu salário.
— Claro.

Como o rapaz pediu levei o vinho, ele ia falar algo mas fui salva quando uma mulher também asiática chegou o fazendo companhia, pela roupa que vestia e o modo que se comportava era uma mulher rica. Voltei ao meu serviço e dessa vez me certifiquei de não olhar nem sequer um segundo para ele, aquela situação pode me trazer problemas e tudo que menos quero é perder meu trabalho.

Enquanto atendo a um cliente escutei vozes com expressões de surpresa tomar conta do lugar, a mulher que acompanhava o rapaz saiu às pressas mais indignada que o senhor que o deixou há pouco tempo, olhei mais uma vez para ele e o vi complemente banhado de vinho.
— Mas uma taça. – ele pediu para mim, a forma que o gerente me olhou significava que deveria o obedecer.
— Mas alguma coisa senhor?
— Sente-se – olhei assustada sem saber como agir. – O que está esperando?
— Desculpa, mas posso atendê-lo daqui.

Essa resposta poderia ter sido o suficiente para uma pessoa normal, mas para ele que deve levar a vida tendo tudo que quer, não aceitou a minha resposta. O asiático tomou uma dose de vinho e o saboreou, logo em seguida levantou pegando bruscamente meu braço e me sentou na cadeira. Naquele momento estava muito mais que preocupada com meu trabalho, estava assustada, com medo.
— Se divertiu com minha conversa?
— Eu não sei do que está falando senhor.
— Estou curioso, quanto você recebe aqui?
— R$800
— Irei te pagar R$2.000 se me ajudar.
— O quê? – pergunto assustada
— Aquele mulher que estava aqui foi escolhida pelo meu pai para se casar comigo.
— Meus parabéns, mas não entendo porque está falando isso comigo.
— Não quero casar com alguém, gosto de viver a vida do meu jeito, sem compromissos.
— Deveria falar isso a seu pai, acredito que ele vai compreender.
— Não, ele não vai. De acordo com ele estou sujando a sua reputação por estar sempre acompanhado em festas, bebendo e causando algumas pequenas confusões, o casamento é uma forma de me manter quieto.
— Entendo, mas tenho que ir não posso te ajudar, não tenho nenhuma especialidade em resolver problemas de família.
— R$3 mil estou duplicando o valor que te ofereci, sendo que irá receber por mês durante 1 ano. Terá também direito a melhoras no seu visual e uma vida digna por um tempo. Basta aceitar fingir ser minha namorada, noiva e futura esposa enquanto levo minha vida como eu quero viver, você só vai ter que me acobertar.
— Não estou interessada.
— Pense bem, olhando pra você dá para notar que deve viver um inferno, apesar de ser agradável de se olhar, está bem vestida porque é a farda do restaurante. Mas esse sapato surrado descolando, essas linhas nos seus olhos indicam noites sem dormir. Aposto até deve passar fome pela forma que olha para os pratos de comida, sairia ganhando nessa situação.
— Prefiro passar dificuldades do que ter quê te aturar por um ano. Acha mesmo que seu dinheiro pode resolver tudo? Deveria escutar seu pai, você que sairia ganhando se casasse com aquela mulher. – fiquei muito ofendida com a forma que aquela cara falou, ele pode ter todo dinheiro do mundo mas no fim das contas é ele quem precisa de mim.

Havia muitos problemas na minha vida mas ouvi-lo me humilhar não os resolveria, levantei antes que socasse aquele cretino. Não levou muito tempo até ele vir pagar a conta, evitei o olhar e falei apenas o que era necessário, mesmo assim ele não hesitou em deixar um cartão:

(00) 888-7778
"Caso mude de ideia."

Pessoas ricas são tão cheias e seguros de si, acham que podem fazer e ter tudo o que quiser, o que me irritando é saber que isso é verdade eles podem.

A UM PASSO DO ORIENTEWhere stories live. Discover now