Aquela pergunta pareceu o pegar de surpresa, porque ele apenas deu de ombros e em seguida coçou a garganta.

— Se eu mostrar as pessoas como realmente sou nunca terei paz. Não quero homens e mulheres atrás de mim como um pedaço de carne, entende? Tenho que esconder a minha verdadeira pessoa para o bem da humanidade — gracejou, a arrancar uma risada de mim.

— Depois eu que tenho o ego do tamanho do mundo.

— E você tem — sorriu para mim.

A nossa atenção se voltou para o amigo de Haden que agora se aproximava de nós. Ele era vários centímetros mais alto que eu e quando parou a minha frente praticamente preencheu a minha visão toda. Os seus olhos azuis avaliaram-me de cima a baixo de um jeito um pouco invasivo.

— A corrida vai começar daqui a pouco — ele entregou as chaves para Haden, que agora estava com cara de tédio.

— Tudo bem, obrigado. Pode ir embora — tentou desconversar, mas não resultou.

— Empresto-lhe o meu querido carro e você trata-me assim? — fingiu uma certa mágoa.

— Na verdade, você só está a retribuir o favor que eu fiz quando o ajudei a reparar ele após você ter estragado numa dessas corridas — murmurou, com cara amarrada.

O homem a minha frente ignorou-o e se virou para mim.

— Anthony, prazer — esticou a mão na minha direção e por educação apertei.

— Falyn — devolvi o cumprimento.

— Falyn, querida. O que faz aqui? — ele reformulou a sua pergunta no segundo em que franzi o cenho. — O que faz aqui com ele, quero dizer — apontou para o garoto ao meu lado com a cabeça.

— Se divertir?

— Você não parece o tipo de garota que se diverti em lugares como esse e com ele como companhia.

Cruzei os braços.

— O que lhe faz pensar isso? — não dei ele tempo de rebater a minha pergunta. — É preciso um código de vestuário para estar aqui? — olhei em volta, a procura de algumas garotas espalhadas pelo ambiente. — Como uma saia curta, piercings, maquilhagem preta e tatuagens?

Haden riu baixinho, com certeza devido ao meu pequeno drama.

— Não foi isso que eu quis dizer — Anthony se defendeu, com um pequeno sorriso, mas eu sabia sim que era aquilo que ele queria dizer.

— Em que século vivem? — perguntei para os dois. — Roupas não definem nada sobre uma pessoa. São apenas pedaços de panos. Só porque uma garota usou vestido cor de rosa não significa que passe a vida a se maquilhar e ir ao centro comercial. Ou uma garota que usa tudo preto passe a vida a fumar cigarros e ser rebelde.

— Não disse isso — ele repetiu.

— Mas insinuou, isso é o suficiente. E também, é uma lição grátis. Só aproveita.

Ele riu das minhas últimas palavras.

— Com certeza.

— Penso que já podemos ir — Haden soltou, de repente, com os olhos fixos no movimento a nossa frente. Várias pessoas andavam em direção aos seus respetivos carros.

Anthony inspirou com força e deu dois tapinhas no ombro de Haden.

— Fiquem vivos — e com isso nos deu as costas e foi embora.

O homem ao meu lado revirou os olhos e começou a andar. Sem saber muito bem o que fazer comecei a o seguir. Olhei em volta um pouco incomodada com o ambiente, a única boa coisa é que ninguém estava a prestar atenção em mim.

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