64 - A última encenação - Parte 02

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A Srta. Campbell se virou e começou a caminhar na direção do fundo do palco. Uma lamparina surgira magicamente em sua mão esquerda.

O espírito de Emilly se inclinou em sua direção e ela pode ouvir claramente a mensagem da amiga.

"Seja feliz!"

Após isso, ela também se virou e correu na direção de Catarina, segurando a sua mão livre. Foram caminhando assim, juntas, até desaparecerem no corredor que se formou no fundo palco, levando-as, finalmente, para um merecido descanso.

Quando os homens do resgate chegaram, trazendo uma maca, a encontraram sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Um deles estranhou ouvi-la dizer adeus para a parede do palco, mas nada disse, pois sabia da excentricidade que envolvia muitos atores, que consideram o lugar onde atuavam como vivo ou com vida própria.

De certa forma essa era uma grande verdade.

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Da mesma forma que Thompson e Turner, muitos meses antes, foram soltar Agatha da prisão, desta vez era Adam que recebia esse mesmo tratamento.

Ao vê-los na recepção da prisão, sem saber ainda das novidades, a curiosidade o assaltou.

- Espero que a Srta. King esteja bem! - disse o professor, puxando assunto.

- E ela está! - respondeu rapidamente o investigador chefe - Há algumas horas deu um depoimento completo que o inocentou de todas as acusações e lhe pediu para entregar isto.

Thompson lhe estendeu um envelope pardo, de onde Adam retirou um livro velho, na verdade um diário.

Ele folheou algumas páginas e encontrou um cartão preenchido com uma bela letra.

"Sinto muito por ter lhe odiado tanto! E obrigada por tentar me ajudar mesmo assim..."

Adam disfarçou um sorriso e disse uma única frase.

- Típico dela! Sempre direto ao assunto.

Antes de fechar a agenda, viu que na última folha havia algo rabiscado, com a mesma letra graciosa.

"Venha me procurar qualquer dia, para tomar um chá, pois tenho muito para lhe contar..."

Desta vez ele não disfarçou e chegou mesmo a gargalhar.

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Em Londres existem inúmeras praças, cada uma mais linda que a outra.

Era numa delas que Agatha se encontrava sentada, olhando para o infinito.

Após a experiência na escola, começou a fazer muito isso: meditar sempre que podia!

Pouco tempo depois duas mãos taparam os seus olhos, mas não houve nem uma pista de quem era, como é comum acontecer nestes casos.

- Por que demorou tanto? - disse Agatha sorrindo.

Ele fez a volta e se colocou ao seu lado no banco, roubando-lhe um beijo.

- Está perdoado! - disse ela sorrindo.

O sargento Ulric se levantou e lhe estendeu a mão enluvada. Agatha achava que ele ficava lindo no seu uniforme completo de trabalho. Levantou-se também e seguiram juntos para que ela finalmente pagasse o prometido passeio que um dia, ainda na prisão, lhe fizera.

Finalmente - pensou - parece que encontrei o amor, que foi fruto da minha dor...

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Dizem que muitos objetos conseguem captar vibrações e emoções, e que estas acabam ficando armazenadas dentro deles.

Agora imaginem se este objeto for uma escola, das antigas, pela qual já passaram tantos e tantos alunos.

Com a MES foi assim, pois ela praticamente ganhou vida, ao receber tantas sentimentos durante os anos.

E se pensarmos nela como um ser vivo, eis que o seu coração poderia se localizar no anfiteatro, bem no seu interior.

Foi lá que as emoções pulsaram mais fortes em toda a sua história; é lá que uma leve batida pode ainda ser sentida, caso você seja sensível o bastante para percebê-la; e é exatamente lá que muitos juram existir espíritos vagando durante a noite...

Provavelmente, eu penso, estão se preparando para uma nova encenação, a qual eu espero que desta vez não seja mortal.

Mas, quem pode saber, afinal, o roteiro já pode ter sido escrito e um sorriso ou um grito podem já estar reservados para os atores principais.

Resta-nos apenas aguardar...

FIM

Encenação MortalWo Geschichten leben. Entdecke jetzt