56 - Um rastro

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Thompson e Turner estavam num café, ao lado da central, quando um novato os encontrou.

- O chefe está chamando os senhores, imediatamente - disse ele e saiu.

- O que será que fizemos desta vez - disse Turner sorrindo e virando o resto do chá de sua xícara.

Seu parceiro nada respondeu, já tinha uma ideia do que seria, pois recebeu um telefonema durante a noite, com uma informação vinda de Londres.

Ao entrarem na sala do comissário viram-no segurando um documento com o selo do palácio de Buckingham.

- Sentem-se senhores - iniciou ele - Parece que não respeitaram as diretrizes da polícia londrina e continuaram envolvidos com o caso da MES.

Thompson pensou em dizer algo, mas preferiu não provocar ainda mais a ira do seu chefe.

- E agora recebo uma notificação direto da realeza, interferindo nas nossas rotinas de trabalho, para dispensar dois dos meus melhores homens para auxiliarem a Scotland Yard. O que querem que eu diga sobre isso...

O lado irônico de Turner falou mais alto.

- Talvez uma promoção, Sr. comissário?

Thompson esperou uma explosão do chefe, que estranhamente não veio. Em vez disso, ficou surpreso pela primeira vez em meses com a atitude dele.

- Podemos conversar sobre isso assim que prenderem aquele professor. Agora vão! Não quero mais vê-los por aqui, não até que finalmente uma manchete positiva a nosso respeito surja nos jornais.

Os investigadores se despediram e imediatamente rumaram para Londres, onde uma equipe, a mesma que trabalhava com Nanna, os aguardava.

Antes, porém, de iniciarem os trabalhos, houve uma reunião com os diretores da Scotland, colocando o gerenciamento de toda a operação nas mãos dos investigadores convidados.

Turner se sentiu honrado e disse isso para todos, mas suas palavras foram a segunda surpresa para Thompson naquela manhã.

- Agradeço pela confiança, mas penso que meu parceiro está muito mais qualificado do eu que para comandar toda esta operação. Eu prefiro agir em campo, junto com os demais detetives.

Thompson sorriu para o parceiro e assumiu seu papel. Não tinham tempo para falsa modéstia, pois havia um homem inteligente para ser capturado.

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Não muito longe dali, Adam se preparava para fazer uma longa viagem.

A sorte o ajudara até agora e ele queria aproveitar-se dela para fugir da metrópole, antes que algo pior lhe acontecesse.

Cobrou antigas dívidas de uns conhecidos e quando juntou a quantia suficiente, iniciou os preparativos para sua empreitada. Tinha somente que deixar uma última mensagem para a Srta. King, pois os detetives não conseguiram encontrar todas as pistas que ele deixara em sua casa.

Essa polícia tem muito que aprender ainda... - pensou enquanto retirava algumas malas que encontrou no armário da casa invadida na noite anterior.

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Algumas horas depois, um dos informantes da nova equipe de Thompson recebeu uma ligação e imediatamente informou ao investigador.

- É de uma fonte confiável - disse ele enquanto Thompson lia o recado escrito.

Ele meditou por algum tempo, antes de dar a ordem.

- Existe algum plano de emergência atualizado, para monitorarmos todas as saídas de Londres?

O detetive conduziu Thompson até uma central de monitoramento que atendia todas as expectativas do investigador.

- Ótimo, ótimo! - vibrou ele - Agora é só esperarmos. Passe o alerta para toda a rede.

Em poucos minutos, uma foto com uma descrição minuciosa do professor Green já entrava como prioridade de ação em todos os pontos estratégicos de vigilância londrino.

Desta vez ele não nos escapa! - pensou sorrindo Thompson.

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Algo que Adam sempre se vangloriou foi do seu sétimo sentido. E era justamente ele que o alertava quando parou próximo a estação de trem Victoria.

Não tinha um passe eletrônico e teria que pagar em dinheiro, portanto seu acesso ao meio de transporte seria mais lento que o normal.

Estava ainda cogitando se arriscava embarcar em algum trem quando seu celular tocou.

Visualizou o número conhecido na tela e atendeu.

- Tenha cuidado ao tentar sair de Londres, a polícia o está monitorando neste momento...

- Como eles podem saber disso? - argumentou o professor.

- Provavelmente da mesma forma que eu, através de um informante que joga dos dois lados.

Adam desligou e retornou para o carro emprestado. Entrou no mesmo e partiu, sem notar que uma câmera de vigilância da estação já dava o alerta da sua presença nas proximidades do local.

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O telefone tocou e Thompson o agarrou antes do segundo toque.

Turner retornara para a base da Scotland Yard, a pedido dele, para que saíssem juntos a campo.

Ele viu que seu parceiro anotou rapidamente um endereço e desligou.

- Ele foi visto, próximo a uma estação de trem.

- O que ele fez por lá? - questionou Turner.

- Saiu do carro, olhou na direção da estação, recebeu um telefonema, entrou no carro e foi embora...

- Está pensando o mesmo que eu?

- Estou sim! Alguém o está ajudando...

- E o que faremos?

- Vamos agir como os antigos índios e seguir o seu rastro. Só que em vez de procurar suas pegadas, deixaremos que a tecnologia faça isso por nós.

- Adam já sabe que estamos vigiando as saídas londrinas - continuou Thompson - Então ele tem a opção de tentar fugir de carro ou por algum meio de transporte clandestino.

O telefone tocou novamente e o investigador o agarrou por puro reflexo, desligando rapidamente.

- Mais uma câmera de monitoramento fez a leitura da placa do veículo que o professor está usando. Ele está retornando para a região portuária.

- Disseram para qual região?

- Para a mesma onde o corpo de Nanna foi encontrado.

Turner refletiu por alguns instantes.

- Creio que ele está ficando sem opções...

- Ou está tramando qualquer outra coisa - interrompeu Thompson - Vamos! Não podemos perder esta chance de encurralá-lo.

Quando estavam a caminho o investigador recebeu novas mensagens em seu celular, indicando a região exata para onde o professor se dirigia. Era uma área extensa - pensou ele - mas com o grande número de policiais que seguiam para lá neste momento, seria quase impossível que ele escapasse.

Em meio às mensagens recebidas dos detetives, uma lhe chamou particularmente a atenção. Na central de monitoramento os profissionais tentavam traçar o caminho inverso do fugitivo, buscando o seu esconderijo, e a rota anterior a estação demonstrava que ele perdera algum tempo na área onde se encontrava a residência da Srta. King.

Poderia ser apenas coincidência - imaginou Thompson - mas tinha em mente que em pouco tempo estaria fazendo esse questionamento para o próprio Adam.

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