O RETORNO DA PROMETIDA ©

CAPÍTULO 23

POV Juliah

Talvez essa seja uma oportunidade de finalmente deixar o passado para trás e começar uma nova história. Eu sei que guardar rancor e mágoa não vai me levar a nada ao não ser a minha própria ruína e diante dessas palavras , tenho certeza que ele me ama e que podemos ser finalmente felizes juntos.

Diogo me observa em expectativa e respiro fundo, preciso falar alguma coisa e tenho medo de estragar tudo. Diogo vem se esforçando, mas precisamos conversar bastante. 

— Precisamos conversar, Diogo. — Aviso e ele acaba concordando. Caminho em direção a cama e subo nela após tirar seus saltos. Me sento no meio dela e espero Diogo fazer o mesmo, observo ele subir na cama e se sentar à minha frente.

— Quero te ouvir, quero ouvir tudo que você tem para me falar. — Diogo diz e engulo seco.

— Quando você me viu passando mal durante a noite, já estava suspeitando da gravidez, mas como usávamos proteção e eu tomava pílula, não me preocupei muito. — Começo falando e acho que é um bom começo.     — Com a sua ida ao Japão, foquei no fim do semestre e nos treinamentos, mas acabei passando mal durante um deles. Caleb me alertou sobre a minha saúde e acabei indo com Henrico ao hospital de madrugada. Fiz alguns exames, mas a médica já suspeitava dos meus sintomas. Após o resultado, lembrei que você iria fazer aniversário em breve e resolvi esconder a notícia até lá.

Dou uma pausa procurando as palavras e não quero chorar, preciso contar e colocar para fora tudo o que está entalado na minha garganta há quase dois anos, tudo que venho lutando para reprimir e esconder. Diogo me observa com atenção e permanece calado.

— Minha cabeça estava a mil e achei que tudo estava finalmente dando certo para nós dois. Passei o restante da madrugada deitada abraçando o seu travesseiro para sentir seu cheiro enquanto desejava que fosse você. Dias depois, consegui comprar os sapatinhos e um teste de gravidez para colocar tudo em uma caixa. Seria o seu presente de aniversário. — Paro um pouco para respirar e preciso continuar, preciso me libertar dessa angústia toda vez que me lembro do passado.      — Recebi uma mensagem da Alice e um endereço, ela parecia desesperada e isso só acontecia por um motivo grave. E-eu acabei indo até lá, mas fui surpreendida assim que entrei no apartamento. Alice não estava e percebi que algo estava errado ao ver Miguel, ele parecia outra pessoa e estava agressivo. Ele me disse que eu não poderia sair, mas não explicava o porquê. Acabei me desesperando ao ouvi-lo comentar sobre os meus dons e sobre o meu bebê, de algum modo, ele sabia sobre a minha gravidez.

Sinto muita vontade de chorar ao relembrar todo o pavor que senti naquele apartamento, enquanto era ameaçada e tentava proteger minha barriga. Evito olhar em sua direção e respiro fundo enquanto vou me lembrando daquele dia.

— Juliah, eu… — Acabo o interrompendo e Diogo vai poder falar depois, mas agora, ele precisa me ouvir.

— Miguel acabou se irritando e puxou um revólver, ele tinha o costume de atirar por esporte e eu sabia disso. Ele se sentou no sofá e me obrigou a sentar em seu colo, até hoje me lembro da sensação do metal gelado sendo pressionando contra minha barriga. Eu implorei enquanto sentia suas mãos e lábios em meu corpo, mas ele só parou quando você gritou ao ver aquilo. — Conto e mordo a parte interna da minha bochecha sentindo o gosto amargo de sangue, sangue frio e ruim.       — Eu tinha chamado seu nome diversas vezes e você estava lá, mas assim que olhei em seus olhos, vi algo se quebrando em milhares de pedaços além de dor, decepção e raiva. Você estava na razão de questionar aquela situação e eu estava disposta a explicar tudo, mas tudo acabou dando errado. Em um momento, estávamos bem e planejando um futuro, mas no outro, estávamos em meio às ruínas do pouco que construímos.