☁️ Capítulo 11

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Eu estava desorientado desde as últimas mensagens trocadas, só consegui dormir porque estava com um sono extremo de cansaço.

Acordei e comecei a rodar pelo meu quarto, pensando em todas as possibilidades, mesmo que ainda um pouco desorientado pelo sono.

A porta se abriu com tudo, que delicadeza de irmãzinha que eu fui arrumar.

— Que merda que você fez hein, Theo? — ela cruza os braços e olha feio.

— Não sei do que você está falando — e realmente não sei.

— A porra da foto, você não abriu suas redes sociais?

Eu realmente não abri, desde as mensagens da menina do Twitter não consigo pensar em mais nada. Pego meu celular e as notificações enchiam meus aplicativos, curtidas e comentários.

— Violeta odeia isso, Theo. Ela vai querer morrer se ver, e já tem gente especulando coisa — grita e respira fundo — Parece que estamos na merda do ensino médio.

— E o que eu posso fazer?

— Aí cacete, como você pode ser tão lerdo? — diz, acho que sem se lembra que eu acebei de acordar — Apaga a foto logo e depois a gente pensa em como diminuir isso. 

E é o que eu faço, apesar de ainda estar com a cabeça em outro lugar.

— Merda, muita gente viu a foto — digo.

— Eu vou mandar mensagem para ela vir almoçar com a gente hoje, vamos ver o que ela achou disso — eu concordo — Só não magoa ela, a Violeta é muito... Violeta, e eu não sei o que acontece com ela. Então, toma cuidado.

Minha resposta foi dada sem ao menos eu perguntar, acho que Mariana realmente lê minha mente de alguma maneira.

Preciso por minha cabeça em ordem. A menina do Twitter me conhece, ela é da universidade e disse para eu não tentar descobrir quem ela era porque seria melhor assim.

Ela está subestimando a minha cabeça ansiosa que não sabe lidar com as informações muito bem. O lado ruim de ser homem é que as pessoas depositam uma credibilidade em você que não deveria existir, a maioria usa isso como vantagem, já eu odeio porque isso meio que inviabiliza deixar o meu lado sensível à tona.

Quem foi que inventou que homem não chora? Não sofre por amor? Ou não tem crises?

Apesar de sempre ser cercado de mulheres maravilhosas, ter amigos, ser relativamente conhecido na faculdade e por isso frequentar as melhores festas, eu sinto um vazio. Um vazio que não foi preenchido até algumas pessoas aparecerem na minha vida, mas ainda tem um certo vazio.

Mariana é responsável por cobrir um vazio que eu nem sabia que tinha, que é a vaga de irmã. Eu sempre fui filho único e, em partes, odiava isso, sei que muitos querem ser sozinhos e terem mais atenção dos pais, spoiler: nem sempre é assim.

Eu sempre fui sozinho e um pouco mimado. Depois do que aconteceu com meu pai, minha mãe passou a ter dois focos na vida: eu e o trabalho. Ela teve outros parceiros, mas creio que sempre gostou do pai de Mari e já estão juntos há um tempo, a única coisa boa dele é a filha.

Lucas é o exemplo perfeito de filho único mimado, mas completamente largado. O vazio dele é muito maior que o meu, mas a vontade de se gabar por fazer festa toda semana é maior.

Violeta realmente foi almoçar em casa, as vezes trocávamos olhares, mas nada significativo. Ela pediu licença e, mesmo sem comer quase nada, foi para o quarto de Mariana assim que acabou, me sinto obrigado a ir lá e a menina de cabelos coloridos me incentiva.

— Violeta? — bato na porta — Posso entrar?

— Sim.

Abro a porta e me deparo com sua imagem sentada na cama de Mariana, ela olhava fixamente para a parede.

— Desculpa, eu não sabia.

Me sento no canto da cama, para não intimidar ela. Ela vira seu rosto e meus olhos se encontram com os seus, eles tinham lágrimas que queriam cair.

— Não é uma foto, Theo. É tudo — sua mão desliza entre os olhos para limpar as lágrimas — Eu não posso falar disso, não me sinto preparada — estico minha mão para tocar a sua, ela olha para o gesto e retorna o olhar para mim.

— Conte comigo, serei seu amigo — uma lágrima rola no seu rosto e dessa vez eu que seco. Ela fecha os olhos e tudo que eu queria era abraçá-la, mas era um passo muito grande para alguém que se recusava a falar comigo há pouco tempo atrás.

Mariana bateu na porta e adentrou, aproveitei a deixa e sai do quarto. Eu queria achar a menina do Twitter, porém cuidar da Violeta sempre estará à frente de tudo.

Como se não bastasse, chovia mensagens do Lucas, Vanessa e pessoas aleatórias. Ignorei todas, não eram importantes no momento.

Meus pensamentos estavam nas nuvens que choviam a poucos passos de distância de mim e eu não podia fazer nada a respeito, apenas esperar o momento certo.

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Não imaginei que uma foto poderia causar tanto impacto, mas causou. Pessoas e suas manias de deduzir as coisas, como se não existisse amizade entre homem e mulher, isso é no mínimo estúpido.

— Eu sabia — Lucas aparece atrás de mim, me dando um leve susto — Claro que você estava interessado na Valentina, seu gosto é estranho. Vamos combinar, ela é engraçadinha e até meramente bonita, mas cara... Olha o corpo dela, não é alguém que você vai apresentar para a sociedade.

Eu juro que eu não sei porque eu ainda olho para o Lucas, imagina perder tempo conversando ou tentando ser amigo de uma pessoa tão sem noção como essa.

— Lucas, sinceramente? Vai para a casa do excelentíssimo senhor Caralho.

Saio apressado em direção ao prédio do meu curso, encontro Paulo no caminho.

— É verdade?

— O que é verdade? — Gilberto aparece logo depois.

— Theo e Violeta.

— Por acaso a gente está no ensino médio e eu não sei? — questiono de saco cheio.

— Você sabe que a faculdade é trinta vezes pior que o ensino médio, em todos os sentidos. A diferença é que aqui somos maiores de idade e pelo menos a maioria arca com suas consequências — responde Gilberto e devo concordar.

— Não é verdade. E, na real, não entendo porque tanto interesse das pessoas nos meus relacionamentos.

— Você é Theo Ribeiro, sua mãe é simplesmente a dona da maior rede de editoras do Brasil e está ganhando certo destaque no mundo. Acha mesmo que adolescentes com as cabeças vazias iriam deixar você passar? — fala Paulo e adentramos na sala.

Quando estou saindo do campus, avisto Violeta conversando com sua amiga de curso. A menina era completamente diferente de Violeta, tinha traços asiáticos e era bem magra. Ela olhou na minha direção e Violeta se virou para ver o que era, ela me viu e voltou a olhar para a menina.

Eu realmente não sabia o que fazer e isso me incomodava muito, resolvo ir para casa pensar. Só não imaginava o que estava me esperando.

***
Hey amores,
Como vocês estão? Quero saber o que vocês estão achando sobre a história. O que vocês acharam sobre esse surto da Violeta?

Vejo vocês daqui a 15 dias, como combinado. Quando chegarmos a 1K, a próxima atualização será dupla. Me ajudam a bater essa meta?

Xoxo,
A.H.

Por trás das névoas Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu