Óbvio que ela tinha que estar lá, ela sempre está.
Sou obrigado a digitar uma mensagem e enviá-la, mesmo não tendo tanta intimidade.
"Você está me perseguindo?"
Ela olhou ao seu redor e me encontrou.
"Acho que é ao contrário"
Vou em sua direção e sento ao seu lado, ela se afasta um pouco e creio que ultrapassei certo limite.
— Em pleno inverno, o que faz aqui?
O Ibirapuera costumava ficar mais vazio nessa época do ano, então eu adorava ir para ler. Como os invernos são secos, o risco de chuva era pouco o que tornava o passeio mais seguro.
— Deveria te fazer a mesma pergunta, mas você é sempre autoexplicativo — fala, apontando para o livro na minha mão. Eu estava relendo A Rainha Vermelha, o contexto atual antes das eleições me faz querer mergulhar no universo criado por Victoria Aveyard.
— Não respondeu minha pergunta — digo. Ela estava com um caderno em mãos, o que não significava muita coisa. Afinal, ainda estávamos de férias.
— Gosto de escrever, o frio aquece meu coração e transforma a dor em palavras.
Não quis questionar, parecia algo extremamente íntimo. Pela primeira vez, ela tenta fazer um contato direto comigo para retirar o livro das minhas mãos, porém para no meio do caminho.
— Pode olhar, estou apenas relendo — e entrego para ela. Seus olhos brilham analisando a capa, lendo a sinopse e manuseando o livro — Você não conhece essa série?
— Deveria conhecer? — percebo seu rosto ficar vermelho.
— Pode levar meu livro, quero que você leia. Você me pediu uma leitura — ela sorri e eu resolvo ser um pouco malvado —, mas eu quero ler o que você tanto escreve.
Eu não deveria ter feito essa proposta, a menina fechou a cara e toda felicidade se foi.
— Ei, não precisa ficar assim. Eu entendo se não quiser me mostrar.
— Eu prefiro manter em sigilo — ela aperta o caderno contra si e meu livro estava em cima dele.
— Tudo bem — respondo conformado — Quer ver um filme comigo e Mari amanhã? Sempre no final das férias a gente escolhe algo para ver.
— Eu não sei muito bem...
— Por favor, preciso de alguém para aguentar as péssimas escolhas de Mariana.
A expressão animada voltou ao seu rosto, com um sorriso muito fofo que só ela tem.
— Vou ver o que posso fazer.
Eu tinha levado meu Kindle também e acabei lendo um livro que tinha comprado há um tempo atrás.
Ela resolve passar na minha casa para falar com a Mari, aparentemente ela queria arrastar minha irmãzinha querida para a bienal do livro. Isso soava como uma piada mega engraçada.
O maior defeito de Mariana era que ela não tinha nenhum hábito de leitura, mesmo que eu tentasse empurrar isso na cabeça dela. Minha mãe era dona de uma grande editora e acabava ganhando ingressos, eu sempre ia nas daqui de São Paulo e nunca consegui puxar a Mari.
— Nem nos seus melhores sonhos que eu vou nisso, tenho alergia a livro. Theo sabe disso, por isso nem tenta mais — é a resposta que ouço Mariana dar.
— Por favor, Mari. Eu sempre morei no interior e nunca tive a chance de ir.
— Chame o Theo, a Lívia pode até te arrumar ingressos.
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Por trás das névoas
Teen FictionQuantas névoas existem entre Theo e Violeta? Theo Ribeiro está cansado de ser denominado como badboy pelos corredores do campus de sua universidade. A questão é que essa coisa de várias festas não fazem parte dele, que troca tudo isso pela presença...