Eu estava mais uma vez olhando para o nada e inalando a fumaça do cigarro que Lucas fumava.
— Eu estava pensando em dar uma festa — fala. Só consigo revirar os olhos, já estou tão cansado disso.
Olho para ele a tempo de vê-lo jogando o resto do cigarro fora e penso como um negócio pequeno daquele faz um grande estrago.
— Mais uma?
— O que deu em você, cara? Parece tão desanimado.
É porque eu realmente estava. Há pouco tempo descobri que a vida universitária não era para mim, toda essa história de festas, bebidas e garotas não eram meu padrão de vida. Eu só queria me dedicar aos estudos e me formar com tranquilidade, porém o fato de eu ser melhor amigo de Lucas desde a infância me impedia disso.
Eu posso definir meu amigo em três palavras: festeiro, bagunceiro e badboy. É, daqueles que os filmes americanos mostram. Mesmo que eu seja totalmente o oposto dele, as pessoas me veem como um temível badboy da universidade.
Fico imaginando o que pensariam se descobrissem que no meu tempo livre eu fico lendo ao invés de sair e encher a cara com Lucas.
— Nada, apenas pensando que as provas estão se aproximando e você querendo mais festas.
— Qualquer dia você morre de estresse — responde ele, me levanto da calçada e vou andando. E ele, que já estava em pé, me segue.
Assim como todo dia, atravessamos o campus recebendo breves olhares. Lucas não era simplesmente o cara fazia festas e era conhecido no campus, ele também era um dos mais ricos dali. Apesar da universidade ser pública, sabemos que os mais riquinhos ganham certos privilégios.
Parece até a merda de um filme clichê, mas nesse dia algo de diferente me chamou atenção.
— Lucas, quem é aquela menina?
— A loira?
— Não idiota, eu sei que ali é a Vanessa. Lá atrás.
— Ah sim, a caloura. Ela se transferiu essa semana, já que morava em outra cidade.
Após a aula, mando uma mensagem para Lucas dizendo que precisava passar na biblioteca e que ele podia ir na frente.
Minha casa estava um verdadeiro inferno, até porque tudo o que se consegue pensar é no casamento da minha mãe com o pai de Mariana, que é da universidade também. E por conta disso, não consigo estudar lá.
— Boa tarde, Theo — diz a bibliotecária. Ela era uma senhora de meia idade, simpática e sempre me tratava muito bem.
— Boa tarde, senhora Ester — respondo e vou para a única mesa vazia, depositando todo meu material nela.
Eu estava tão concentrado no que estava estudando, que não reparei a figura feminina me encarando.
— Oi, eu tenho certeza que deixei minhas coisas aqui.
Olho para cima e vejo a menina de hoje mais cedo. Não era uma menina dentro dos padrões e certamente chamou muita minha atenção. Vejo que ela aguarda uma resposta e acordo dos meus pensamentos.
— Desculpa, eu realmente não vi — digo, juntando meu material para ir embora.
— Tudo bem, pode ficar. Só preciso terminar essa leitura — responde como um sussurro e puxa uma cadeira.
Termino de estudar basicamente ao mesmo tempo que ela acaba o livro, talvez tenha uma probabilidade de que eu tenha calculado isso.
— Já está indo, Theo? — pergunta a bibliotecária, ao me ver saindo atrás da menina.
— Sim, já finalizei meus estudos. Tchau, senhora Ester.
Ela acena com a cabeça e eu continuo o caminho.
— Você por acaso está me seguindo?
— Longe de mim — respondo e empurro meus óculos que insistiam em cair.
— Ok então, Theo.
Ela desvia e eu ainda não acredito o golpe que a menina acaba de me dar.
— Não vai me dizer seu nome? Acho isso meio injusto.
E ela simplesmente me deixa sem resposta.
Vou direto para a casa de Lucas, pelo simples fato de não querer ir para casa.
Ele estava falando sobre a festa que realmente iria dar neste final de semana, e resolvi interferir.
— Você sabe o nome da caloura?
— Qual das? A universidade é enorme, cara — fala com total descaso.
— A que eu te mostrei hoje, que mudou de cidade e se transferiu.
— Sei quem é. Chama Violeta — responde ele com um nível alto de frieza, enquanto fazia carinho em seu cachorro — Por que esse interesse?
— Nada — ele não pareceu muito convencido, mas também não falou mais nada.
Pedimos uma pizza e Lucas segue falando da festa e eu continuo ignorando.
Já estava ficando tarde então decidi ir para casa e Mari estava lá. Ela e seu pai iriam morar na minha casa e já estavam mudando, o que era uma pequena parcela do caos atual.
— Na casa do Lucas de novo?
— Nenhuma novidade — respondo, sem nem olhar.
— Queria saber como você consegue ser amigo dele, ele é tão chato! E ainda tem os baba ovos.
Reviro os olhos e vou para meu quarto, ela me segue.
— O que você quer?
— Tédio, apenas — e se joga na minha cama, como se eu tivesse permitido.
— Então eu tenho algo para te entreter — digo pensativo e sento do seu lado. Ela será uma ótima solução, caso aceitar.
— Se não tiver nada a ver com Lucas, quem sabe eu tope.
Balanço a cabeça e penso em como falar isso.
— Conhece a Violeta? Caloura da universidade? — pergunto e linhas de expressão se formam em sua testa. Toda vez que ela faz isso, está pensando ou tentando lembrar de algo.
— Acho que ouvi falar. Por que? — um sorriso malicioso preenche seu rosto.
— Consegue se aproximar dela?
— Qual é, Theo. Você sabe qual é a minha fama, não acho que uma novata queira boatos sobre minha companhia.
Eu sabia, mas não acho que Violeta vá se importar.
— Mariana, por favor.
— O que eu ganho com isso?
— O que quiser, desde que não seja estúpido.
— E o que você ganha com isso? — ela levanta uma sobrancelha.
— Creio que isso você não precisa saber.
Ela estreita os olhos e sai do quarto, com a promessa de pensar no meu caso.
Não deixo de pensar que a única coisa boa desse casamento é minha amizade com Mari, ela era uma pessoa incrível. Nós já nos conhecíamos e andávamos juntos, mas nada em grandes proporções e agora estamos nos aproximando mais.
Eu estava cansado, então coloquei um filme na Netflix e acabei dormindo antes de terminar de ver.
***
Hey amores,
Gostaram desse começo? Me sigam aqui no wattpad e coloquem o livro na biblioteca para não perdem as atualizações.
Xoxo,
A.H.
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Por trás das névoas
Teen FictionQuantas névoas existem entre Theo e Violeta? Theo Ribeiro está cansado de ser denominado como badboy pelos corredores do campus de sua universidade. A questão é que essa coisa de várias festas não fazem parte dele, que troca tudo isso pela presença...