☁️ Capítulo 5

100 33 2
                                    

"Só uma chamada de vídeo, por favor" — peço.

Em pleno mês de férias conhecido como julho, São Paulo trazia um frio de tremer durante a madrugada. Mas minhas conversas com a menina misteriosa se intensificaram e eu me sentia aquecido.

Seus textos tristes foram se adaptando a algo mais acolhedor e menos depressivo. Ela me ajudava e eu a ajudava, viramos grandes amigos.

Mesmo assim, a menina não queria me contar quem era e isso me decepcionava um pouco.

"Não, Theo. Eu não quero"

"Por que?"

"Porque não dá" — não sei como entender essa mensagem, porém ela logo emenda outra.

"Como vai a tal menina?"

Eu tinha contado sobre Violeta há pouco tempo, sem citar o nome claro. Ela fez descaso então é óbvio que apenas está tentando mudar de assunto.

Me sinto totalmente desconfortável de falar sobre Violeta com pessoas do meu cotidiano. Apesar de ter voltado a falar com Lucas, ele não era uma opção válida e nem penso na possibilidade de conversar com Mariana.

Sou amigo há pouco tempo de Paulo e Gilberto, não queria enche-los com meus dramas pessoais. Então simplesmente não falei com ninguém, mas tem ela. A menina secreta do twitter.

"Segue sem me dar atenção" — digito, mas apago. Não queria parecer um fracassado, apesar de ser um.

Então apenas digito que tenho uma festa para ir.

"Na casa do amigo babaca?"

Não consigo evitar a risada, era impossível não imaginá-la como uma pessoa descolada e que odiava tudo que a galera "popular" fazia.

"Não é bem meu amigo, mas sim".

"Boa sorte então"

A festa seria na casa do Matheus e eu até chamei meus novos amigos, mas só Paulo vai poder ir. Mariana e Violeta também vão e não consigo me esquecer da única festa que vi Violeta ir, ela estava tão linda e deixo minha imaginação criar o que eu poderia ver hoje.

Eu tinha terminado de ler Céu sem Estrelas e, apesar da capa ser linda, o julguei mal. Pensei que era apenas um livro de menininha e me surpreendi completamente com a leitura, precisava falar com Violeta sobre.

Ela chegou na minha casa e estava deslumbrante em um vestido preto rodado, ele tinha um decote nos peitos e ficava mais solto na parte de baixo. Dessa vez Mariana que abriu a porta enquanto eu observava a cena.

— Vamos, Theo?

Sou obrigado a acordar dos meus pensamentos e ver as meninas me encarando.

— Vamos.

Mari não parava de falar o caminho todo e eu ignorava tudo, apenas me pegava observando pelo retrovisor a menina que estava atrás.

A casa do Matheus era enorme, típico burguês safado que entra em faculdade pública. Sei que venho de uma família boa em relação a dinheiro, mas ver Lucas e Matheus é como entrar em outra realidade. Uma realidade brusca em relação a outras pessoas no Brasil.

Um país tão desigual, eu sou completamente privilegiado e não gosto disso. Só queria que as pessoas não tivessem que passar fome enquanto outras dão festas desnecessárias para apenas beberem, se drogarem e fazerem sexo.

Como era de se esperar, Mari encontra Lua e some. Eu e Violeta encontramos meu amigo Paulo, não posso deixar de reparar como ele a olhava. Na verdade, ele a cobiçava e eu não sabia dizer se ela retribuía isso.

Por trás das névoas Where stories live. Discover now