☁️ Capítulo 6

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Eu não podia interferir, afinal não sou nada dela e isso seria ridículo da minha parte.

Volto para o lugar onde antes estava vendo o céu com ela. Me pego pensando se algum dia poderei tê-la em meus braços, maldito romantismo!

Pego meu celular e digito para a menina do twitter.

"Ocupada?"

"Nem um pouco" — a resposta vem em seguida, tento segurar o riso.

"Não deveria ter vindo"

"Está entediante? Eu avisei"

"Totalmente"

— Desculpa por ter te atacado antes — diz Vanessa se colocando ao meu lado assim que envio a mensagem, seu olhar estava perdido pelas ruas escuras. Guardo o celular no bolso e olho para ela.

— Eu só não estava esperando por aquilo.

Ela solta uma risada e puxa um cigarro que me oferece logo em seguida, porém eu nego. Então ela pega um isqueiro na bolsa e acende, levando até seus lábios.

— Você nunca percebeu né? — ela traga — Eu nunca quis o Lucas.

— Então por que ficou com ele por tanto tempo?

Lucas nunca tinha namorado até Vanessa, por isso esse raciocínio não tem lógica.

— Ele nunca te contou por que a gente terminou?

Eu lembro dele falando que traiu e preferiu terminar para não ser um babaca, o que eu achei totalmente certo.

— Ele descobriu que eu tava de olho em você.

Sou obrigado a olhar para ela, totalmente desacreditado. Ela simplesmente traga o cigarro como se não fosse nada e depois solta uma risada abafada.

— Que foi, Theo? Tem quinhentos "Lucas" pela faculdade e mundo a fora, você só tem um — ela volta a olhar a rua e eu faço o mesmo — Você é diferente e eu gosto disso, sempre gostei.

Tinha um cinzeiro ali perto, ela apaga o cigarro e deixa lá, voltando para perto de mim. Seus olhos castanhos cravados nos meus, ponho uma mecha de seu cabelo para trás e a beijo.

Dessa vez o beijo foi diferente e gostoso, apesar do gosto de cigarro. Nunca tinha me imaginado com Vanessa, era algo fora das minhas possibilidades.

— Theo? — me separo de Vanessa e olho para o lugar onde vinha a voz. Tinha que ser a Mariana, sempre aparecendo no lugar e no momento errado.

— Oi Mari.

— Tem algo errado com a Violeta.

— Como assim? — pergunto preocupado.

Ela faz cara feia olhando para Vanessa, Mari não gostava dela e eu não fazia ideia do porquê.

— Eu já volto, Vanessa — ela concorda e sigo a Mari.

Encontro a menina no sofá entre Matheus e Lucas, os três riam de alguma coisa. Não parecia um riso espontâneo como na foto que eu tirei, ela parecia...

— Bêbada — Mari completa meu raciocínio, não sei como.

— Fico completamente horrorizada que não tem feriado em agosto — Violeta solta e os dois riem, ela faz o mesmo.

— Realmente, Valentina — ri Lucas.

— Porra cara, é Violeta. Não se altere tanto — rebate Matheus.

— Ok, chega de show. Vamos para casa, Violeta — me aproximo para pegar a menina, porém Matheus é ágil. Ele se levanta e se põe à frente dela, merda!

— Eu acho que ela não quer ir embora — fala provocador.

— Pois eu acho que ela não consegue decidir no momento — digo irritado.

— Eu sei sim — responde Violeta, como uma criança mal criada.

— E o que você quer, meu amor? — Matheus se vira para ela.

— Vou ficar — ela olha fixamente para mim e um sorriso travesso aparece em seus lábios. Essa não é a Violeta que eu conheço, tudo bem que não a conheço tão bem assim, mas enfim.

— Violeta — chama Mari —, podemos conversar?

A menina assente e segue a minha nova irmã, eu e Matheus continuamos a trocar olhares de ódio.

— Sabe que essa é minha casa, não é?

— Sabe que aqui tem menores de idade bebendo e se drogando, não é? Um telefonema e acabou a farra.

Percebo que ele fecha o punho, previsível! Matheus não sabe debater, acha que tudo pode ser resolvido na luta.

Como um grande filhinho de papai, ele já fez tudo na vida. Mas foi na luta que ele encontrou um certo prazer e, como ele é muito bom, ninguém ousa em brigar com ele, ainda mais em sua casa. Acho que eu não tenho medo de morrer mesmo.

— Vai embora daqui, Theo. Pega a sua irmã e a Violeta, vazem daqui — fala apontando para onde fica a saída.

— Com prazer.

Saio da casa e encontro as duas meninas brigando na grama que fica à frente da casa.

— Ei, as duas, parem!

— Quem você acha que é? — grita Violeta. Eu congelo, nunca a tinha visto tão alterada.

— Eu sou o cara que ao invés de planejar te pegar quando você está completamente alterada, vou te levar para casa e por para dormir — suspiro e me controlo para não falar besteira — Vamos sair daqui.

No caminho para casa, Violeta desencadeia a chorar. Mariana tentava consolá-la, mas nada a fazia parar.

Então paramos o carro e Mariana foi para o banco de trás, a menina acabou vomitando assim que a porta foi aberta e sujou os novos sapatos da amiga.

Acelerei para chegarmos em casa o quanto antes. Apesar de não ser longe, São Paulo tem trânsito a qualquer momento do dia e não foi diferente, mesmo sendo de madrugada.

Mari me contou que a menina já tinha falado com seus pais para dormir na nossa casa, então apenas cuidamos de mantê-la viva e limpa.

Depois de todo o trabalho ajudando Mari, que felizmente usou a boca para outras coisas ao invés de beber, fui tomar o meu banho e relaxar. Não pude deixar de pensar se Violeta ficaria bem quando acordasse, ela é muito tímida e certamente vai ficar com vergonha da noite anterior, isso é, se lembrar.

Pego meu celular e vejo que já ia dar 4 horas da manhã.

Não controlo meu impulso de mandar uma mensagem para a menina misteriosa do twitter.

"Está acordada?"

A resposta não veio, apesar de eu continuar me revirando na cama sem conseguir dormir.

Minha garrafa de água estava vazia e eu estava morrendo de sede, tive que ir na cozinha.

Desço as escadas com cuidado, criar teorias sobre o escuro era comigo mesmo. Percebo uma luz na cozinha e logo apaga, parecia da geladeira e depois vejo o vulto.

Ela se vira e quase derruba a garrafa de água gelada que estava em sua mão.

— Que susto.

— Eu que digo isso — falo e me aproximo — Não deveria estar dormindo?

— Eu não sei nem como cheguei aqui, como deveria saber isso?

Seguro a risada e pego a garrafa de sua mão, coloco em cima da bancada. Ela olha para minha ação e eu apenas encho dois copos que retirei do secador.

— Conversamos amanhã — é tudo o que digo, bebo minha água e saio da cozinha. Depois disso, consigo dormir com tranquilidade.

***

Hey amores,
Como vocês estão? Atualização de Carnaval para vocês, adoro.
Infelizmente as atualizações vão ter que continuar sendo de 15 em 15 dias. Então nós vemos daqui a duas semanas.
Espero que vocês tenham gostado do capítulo e me contem o que estão achando.
Xoxo,
A.H.

Por trás das névoas Onde histórias criam vida. Descubra agora