— Lucas, você está usando drogas?
O olho do meu velho amigo fica esbugalhado, suas mãos estão tremendo e eu jurava que ele ia me bater.
— Merda, Lucas! O que você está fazendo com você?
— Você não tem direito de falar nada, Theo. No pior momento da minha vida, você foi embora — lágrimas escorrem pelos olhos um tanto avermelhados dele — Você preferiu a louca, a balofa e os nerds do que seu melhor amigo.
Seguro meu impulso de revidar suas palavras ao lembrar que o mesmo está fora de si. Lucas era maior de idade e deveria ter responsabilidade sobre si mesmo, mas onde estão seus pais nesse momento? A família é algo essencial para uma pessoa, seja ela de sangue ou de coração.
Sinto a dor de perceber que eu era a família de Lucas e, mesmo sendo um babaca, ele não merecia ter sido abandonado.
— Você vai ficar aqui e eu vou jogar isso na privada, a gente vai dar um jeito ok? Vamos arrumar isso — digo com calma. Ele não responde.
Na hora que eu me aproximo da mesa onde estavam a substâncias, ele vem na minha direção. A sorte é que eu tenho um bom reflexo e consigo evitar qualquer tragédia, ele cai no sofá e eu jogo tudo fora.
Sento no outro sofá de frente para ele, seu olhar estava perdido. Apenas nos mantemos em silêncio, percebo que ele adormeceu e mando mensagem para Mariana avisando que ficaria por ali.
A resposta dela me intriga, dizia que eu precisava voltar amanhã cedo para ajudá-la com Violeta. A menina está se tornando minha amiga, mas não dava nenhum espaço de intimidade para que eu desse opiniões e coisas do tipo então eu realmente fiquei curioso.
No momento, minha preocupação era o Lucas. Eu não sei a quanto tempo ele estava assim, mas sei que ele precisa de ajuda de um profissional. Aproveito pra falar com seus pais que decidem pegar o próximo avião para São Paulo, o que ia demorar porque eles estão no Japão.
Não consigo dormir à noite, o medo de Lucas fazer alguma besteira é constante. Na minha bolsa tinha o último livro que Violeta leu e que ela afirmava com convicção que eu não iria gostar por ser um romance de época, apesar dela ter amado, mas na verdade me interessei muito. Era um livro nacional e de uma editora conhecida, chama O Amante da Princesa e se não me falha a memória, vi a autora na Bienal.
Decido pegar para ler e esperar o tempo passar, jamais imaginei que ficaria tão envolvido por um romance. Sempre achei essas coisas de amor meio bobas, fantasia e distopia são mais a minha "área". Porém devo admitir que a Violeta está me convencendo a gostar desse tipo de leitura e não ligo se alguém vier falar algo, eu realmente não me importo quando estão falando sobre mim.
O celular pisca e vejo que era a menina do Twitter.
"Eu sei o que você está fazendo, Theo. Você não é tão esperto quanto acha, melhor desistir"
"Eu gosto de desafios"
Volto a ler e o celular acende novamente.
"Não vai gostar desse"
O que ela queria dizer com isso?
"Não duvide dos meus gostos"
Não sei o que está acontecendo comigo. Não posso negar meu sentimento por Violeta, mas essa menina está começando a me pegar também. O pior é que ela me conhece e eu não faço ideia de quem ela seja, parece até aquele filme "Com amor, Simon" só que uma versão hétero e triste.
Mariana me mataria se ouvisse meus pensamentos, eu sei que os relacionamentos LGBTs são mais complicados do que meus problemas heterossexuais. Eu só não queria me sentir dividido e ter que lidar com uma montanha russa de sentimentos.
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Por trás das névoas
Подростковая литератураQuantas névoas existem entre Theo e Violeta? Theo Ribeiro está cansado de ser denominado como badboy pelos corredores do campus de sua universidade. A questão é que essa coisa de várias festas não fazem parte dele, que troca tudo isso pela presença...