☁️ Capítulo 14

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— Caralho, Theo. Acorda — alguém estava me chacoalhando.

— Mariana?

— Não, o papai Noel. Claro que sou eu.

Esfrego meus olhos e vejo a menina com o cabelo todo bagunçado, de pijama e um olhar assustado.

— O que é tão importante para você tirar o descanso de alguém? — questiono.

— Violeta me mandou um alerta.

— Um o que?

Tento me sentar e despertar, puxo uma camiseta que estava ali perto e visto.

— A gente tem um alerta e... isso não importa. Tem alguma coisa acontecendo.

— Vamos lá na casa dela ver se ela tá bem, então. Se ela estiver fora, pelo menos alguém vai ter uma notícia — sugiro.

— Theo, meu caro irmão, ou você é muito burro ou muito lerdo — ela suspira e fico tentando entender — É claro como a água de rio que ela tem algum problema em casa.

— Eu devo estar vendo o rio Tietê então — respondo e bocejo.

— Não é hora para piadinhas. Ela nunca me conta nada, nem sei onde é a casa dela.

— E o que você sugere que a gente faça?

— Eu não sei, te acordei justamente para pensar comigo.

Ela estava inquieta, andando de um lado para o outro e eu tentava processar as informações. O único jeito de chegar à Violeta seria rastreando ela, mas não conseguiríamos isso agora de madrugada.

— Mari, eu não sei o que está acontecendo, mas ela vai ficar bem até amanhã — consolo, mesmo estando preocupado — Vou pedir para o Gilberto colocar um rastreador no celular dela e assim iremos achá-la, então tomamos alguma providência ok?

Ela concorda e sai do meu quarto, eu claramente passo o resto da noite inquieto. Como não percebi? Estava claro o tempo todo.

Violeta não me deixa levá-la nunca até sua casa, ela sempre está sussurrando, evita festas, só está convivendo comigo agora e quase não vai para o casamento da minha mãe. Fora aquele dia que ela estava chorando e até agora não sabemos o motivo.

O que acontece com a menina névoa? Será que a tempestade está vindo? Eu só queria poder enxergar nesse caminho turvo da vida e poder pegar a flor, mas sem arrancá-la para não machucar.

E é girando de um lado para o outro da cama, que o dia clareia. Já mando mensagem para Gilberto para ele levar seu notebook para a faculdade, Mariana concorda em matar a primeira aula com a gente e instalamos o rastreador.

— Vocês podem me dizer por que precisam disso? — questiona Gilberto após finalizar.

— Gostaria de poder dizer — é apenas o que Mariana diz e eu concordo.

— Muito obrigado, Gil, mas é algo que nem a gente tá entendendo.

Ele parece entender e entramos para a aula seguinte.

— Mataram aula e nem me chamaram? — questiona Paulo.

— Nem foi algo interessante, apenas o Theo querendo pagar de herói — reviro os olhos com esse comentário.

— Como sempre — complementa Paulo.

— Vocês não têm nada para fazer?

— Falar de como você e Violeta ainda não ficaram? — sugere Gilberto.

— Estudar — retruco e volto minhas atenções a aula.

A verdade é que eu não teria concentração em nada até saber se Violeta estava bem. Sendo muito indelicado, eu sei, resolvo mandar uma mensagem para ela que responde no mesmo momento.

"Você não deveria estar na aula?"

"Eu estou. E você?"

"Deveria estar prestando atenção, se você me permitir"

Me sinto aliviado de saber que ela estava na sala, solto um suspiro e me atento ao resto de tempo que a aula tem.

No intervalo nosso grupo se reuniu na lanchonete ali perto, a única que não se sentia bem encaixada era Vanessa, mas ela estava com o Paulo então ficava com a gente. A Lola, nova ficante da Mari, era muito gente boa e se conectou bem com nosso grupo.

Mariana pediu para eu não tocar no assunto com Violeta, já que tecnicamente eu não deveria saber. Só que parte de mim não se controla.

— Resolveu o empecilho que impede de você ser minha acompanhante? — questiono e bebo um pouco de café.

— Talvez, mas ainda não sei se poderei ir. Tenho até dia 22 de setembro não é?

— Tem que decidir antes né, bobinha. Ou quer que eu fique sem ninguém?

— Bom saber que tem uma substituta.

— Eu nunca disse isso — pisco para ela, que revira os olhos.

— Não deveríamos estar ansiosos para o casamento? — questiona Vanessa e todos nós olhamos para ela.

— Não, não sou eu que estou casando — Mari responde e eu seguro o impulso para não rir.

— O que ela quis dizer é que não tem necessidade de ansiedade, já moramos juntos mesmo. Não é como se algo fosse mudar — dou de ombros.

Leila checa o celular e vejo ela sussurrando algo para Gilberto, que apenas concorda com a cabeça e sussurra algo de volta.

— Vi, vou precisar ir embora agora. Você se incomoda?

— De maneira nenhuma — a menina estava terminando seu pão de queijo, então demora um pouco a complementar — Aconteceu algo?

— Problemas com minha irmã. Vou indo, tchau gente.

— Tchau.

☁️

— A localização parou — digo. Mariana se aproxima do meu celular e eu amplio o mapa, era realmente uma casa e não muito distante da nossa.

— Vou anotar para caso isso falhe — diz e pega um papel, colocando lá o endereço indicado pelo mapa.

— O que você quer fazer? — questiono.

— Eu não sei, mas pelo menos temos algo.

Mariana podia não saber, mas eu sabia. E eu preciso fazer isso hoje à noite. Não podia contar para a colorida, porque ela iria dizer que eu sou louco e irresponsável, mas o impulso de proteger Violeta era maior do que o meu raciocínio lógico.

Depois do jantar, pego a chave do meu carro e saio com a desculpa de ir ver o Lucas. Ele também me preocupava, mas tenho que saber dividir as prioridades.

Paro o carro um pouco antes da casa, fico observando aquele lugar antes de tomar uma decisão.

O que pode ter levado a Violeta a não falar nada? O que ela realmente esconde? Novamente névoas tampando a minha visão pouco ampla da situação.

Não sei o que estou fazendo aqui, deveria escutar a voz maligna de Mariana que insistia na minha cabeça. Mas, pela primeira vez em muito tempo, resolvo seguir uma decisão puramente minha e ir adiante, saio do carro e caminho lentamente até a casa.

***

Hey amores,
Como vocês estão??

Me perdoem por não ter aparecido aqui ontem, foi tão corrido. Mas aqui estou eu com o capítulo.

O que vocês acham que vai acontecer? Acho que o Theo não deveria ter sido impulsivo hein...

Bom, é isso. Até daqui a 15 dias

Xoxo,

A.H.

Por trás das névoas Where stories live. Discover now