XXXII

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- Claro que confio, carinho

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- Claro que confio, carinho. Perdoe-me, por favor. - beijou-lhe a testa com doçura.

Ao encará-la novamente viu que lágrimas caiam por sua face.

- Não fique assim, carinho. O problema em questão sou somente eu. Tu és a melhor pessoa do mundo.

- Então me conte o que o aflige tanto ao ponto de me fazer prometer que serei somente sua. Acaso o casamento já não é prova o suficiente que só serei sua e para sempre? - Bento riu um sorriso que não lhe chegou aos olhos.

- És tão pura, Esther. - ele fez carinho em seus cabelos. - Tão inocente que não te dás conta da maldade e ganância das pessoas.

Ela nada disse, apenas esperou.

- Eu já fui casado. - Esther arregalou os olhos. - Estás vendo, é disso que falo. Tu és tão transparente. As suas expressões são visíveis, não consegues escondê-las.

Esther sentou na cama e puxou o lençol para cobrir sua nudez.

- Como assim fostes casado, Bento? - indagou séria.

Ele deu um sorriso, verdadeiro dessa vez e se sentou ficando de frente para ela, mas ao contrário de Esther, não fez questão de esconder suas partes íntimas.

- Ninguém sabe disso. Nem mesmo meus pais ou meus irmãos. - ela assentiu tentando absrover tudo o que ele diria. - Quando eu fui estudar em Lisboa, eu me apaixonei perdidamente por uma atriz inglesa. Eu era jovem e ela alguns anos mais velha que eu e já experiente. Katherine. Ela me seduziu e eu caí como um patinho. - ela ouvia tudo atentamente. - Certo dia, Katherine procurou-me e disse que estava grávida de um filho meu. Eu fiz a única coisa que achei certa e honrada no momento: casei-me com ela. Planejávamos vir ao Brasil somente quando o bebê nascesse. Um belo dia chego  ao apartamento que aluganos mais cedo do que o costume e a encontro refestelada com um homem se vangloriando do quanto fora fácil me enganar. - Esthr pôs a mão na boca. - Eu os coloquei para fora e disse que não queria vê-la nunca mais. Um dia eu estava na biblioteca da universidade e um colega chegou avisando que Katherina tinha levado uma queda de cavalo e morrido.

- Meu Deus... -ofegou ela.

- A única coisa que eu fiz foi agradecer a Deus por ter me livrado dela. Eu sei que não devemos nos alegrar com a morte dos outros, mas um grande alívio me sobreveio quando a vi dentro de um caixão. Acho que isso me torna uma pessoa má.

- Eu sinto muito. - ele franziu o cenho. - Não por ela, claro, mas pelo que tu sofreste. - ele deu um sorriso reticente. - Se Katherine não tivesse morrido eu mesma teria a matado. - ele gargalhou virando a cabeça para trás e ela corou. - Se tu és uma pessoa má, também sou, pois dou graças a Deus por essa infame ter morrido. Só assim podemos estar juntos. - Esther falou com tanta veemência que a assustou.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora