Os dois voltaram para casa. Clarissa estava triste e parecia que nada poderia preencher o vazio que Jamal lhe deixara.
Todas as mulheres que trabalhavam na casa grande vieram para sala, num apoio silencioso à Clarissa.
- Deseja algo, patrão? - perguntou Aysha, solícita.
- Eu desejo. - disse Clarissa antes do marido. - Desejo que arrumes as tuas coisas e vá embora dessa fazenda, Aysha. - falou rispidamente. As negras estranharam, nunca havia visto a sinhá daquela maneira.
Aysha apavorou-se e olhou amedrontada para Joaquim.
- Patrão? - foi um pedido de socorro.
- Se não fosse por tu, Jamal ainda estaria vivo. - Clarissa era puro ódio.
- Mas que culpa eu tenho, sinhá? Eu não atirei naquele peste. - disse sem pensar, o que piorou sua situação perante Clarissa.
- Se ousares falar assim de Jamal novamente, juro que a mato com minhas próprias mãos. - ela avançou sobre Aysha, mas Joaquim a segurou. - Se não fosse tua maldade e tua ganância, meu menino estaria aqui. Mas tua ambição foi tão grande que fizestes fofoca sobre a vida dos teus patrões para Margarida Camarga. - os olhos da mulher se arregalaram em espanto, não sabia que os patrões sabiam desse fato. - Sempre fostes muito bem tratada aqui, Aysha, e ainda assim tua mesquinhez foi maior que tu. Anda, somes da minha vista. - gritou a última frase.
Clarissa foi em direção ao quarto.
- Por favor, patrão. - implorou a Joaquim.
- Minha esposa está certa, Aysha, e só não a mandei embora imediatamente assim que soube de tudo porque Clarissa me pediu. Apesar de não mereceres, te darei um bom dinheiro para que recomeces tua vida.
Disse isso e saiu.
O dia terminou com Clarissa inconsolável. A dor era pungente em sua alma. Adormeceu nos braços do marido pensando em seu menino, seu verdadeiro amigo.
No outro dia, durante o desjejum, estavam à mesa Joaquim, Clarissa e Paulo. Clarissa estava calada, triste e com um mal estar que não a abandonava.
- Destes à Aysha o valor que te imcumbi?
- Sim, não te preocupes.
- Fizestes a cópia da carta de alforria? - Paulo assentiu.
Lírio apareceu avisando que Justino se encontrava à espera do patrão na sala de casa.
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Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
ChickLitA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...