O som do tiro ainda lhe queimava os tímpanos. Medo. Era isso que inundava seu ser naquele intante. O medo o dominava. Pedia aos céus para que nada acontecesse à sua amada Clarissa. Montado em seu cavalo, acelerava o galope para chegar o mais rápido que pudesse à sede da fazenda. Ele não podia perdê-la. Morreria se algo lhe acontecesse.
Chegou mais rápido do que de costume. Clarissa estava no chão, debaixo da árvore frondosa que gostava de ler. Desceu do cavalo e continuou correndo até ela. As mulheres que trabalhavam na casa estavam ao redor dela.
- Clarissa? - caiu ao lado dela.
Ela chorava. Ele a examinou, seu vestido estava coberto de sangue.
- Joaquim! - sua voz era um murmúrio. - Ele atirou.
Dizia agarrada a Jamal.
- Ele atirou. - seus olhos estavam perdidos. - Atirou. - dizia em prantos. - Meu menino. Meu menino. - dizia agarrada ao menino.
- O que aconteceu aqui? - perguntou para as mulheres à sua volta.
- Não sabemos, patrão. - disse Lírio. - Ouvimos o tiro e saímos pra fora da casa. Encontramos a sinhá agarrada ao menino Jamal.
Ele se voltou para a mulher.
- Clarissa, meu amor. - chamava, mas os olhos dela continuavam perdidos.
Joaquim tocou com gentileza em seu queixo para que ela o encarasse. Os olhos dela focalizaram os dele.
- Meu pai atirou, Joaquim. Ele atirou em mim.
- Seu pai? - indagou, atônito.
- Temos que salvar o meu menino, Joaquim. - dizia isso, mas estava muito agarrada a Jamal. - Ele não pode morrer.
- Deixe-me vê-lo, meu amor. - pediu.
Ela negava com a cabeça. Não queria soltar o menino. Estava em estado de choque. Segurava-se a Jamal como se a vida dependesse daquilo.
- Patrão? - disse um dos trabalhadores que acabava de chegar. - Meu Deus, é o filho do Justino. - disse o que todos já sabiam.
Então, Justino chegou e apavorou-se com a cena. Sem nenhum modo, arrancou o menino dos braços de sua sinhá. E ao examinar o filho, constatou o lamentável desfecho. Seu menino estava morto. Um tiro extirpou-lhe a vida. O desespero tomou conta daquele pai. Joaquim abraçou Clarissa que presenciava a cena entre pai e filho aos prantos. Sentindo a mulher desfalecer em seus braços, olhou-a e a viu desmaiar.
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Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
ChickLitA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...