- Você tem mais algum machucado? - perguntou, preocupado.
- Não. Só meu pé. - ele assentiu correndo os olhos mais uma vez pelo seu corpo à procura de machucados.
Com cuidado, Joaquim colocou Clarissa montada no cavalo de lado tendo todo o cuidado para que o pé machucado não batesse em nada. Logo após sentou atrás dela e circundou os braços ao redor da esposa para segurar as rédeas do animal. As batidas frenéticas do coração do marido sobre suas costas eram a única coisa que tomou ciência, até a dor ficou temporariamente adormecida. Ela tocou em seu próprio coração e ele parecia estar em sintonia com o de Joaquim.
O cheiro dela impregnava em cada narina de Joaquim. Ela cheirava a alfazema. Seus braços circundavam a cintura delicada. Clarissa era tão quente. Desejou ardentemente tocar sua pele, tinha certeza que era macia e sedosa.
O caminho feito a cavalo foi bem mais rápido e ao chegarem na casa grande, Jamal, Justino e outros escravos os esperavam.
- A sinhá tá bem? - perguntou Lírio, preocupada.
- A culpa foi minha, sinhá. - dizia Jamal, choroso. - Eu não devia ter levado a sinhá na cachoeira.
- Eu estou bem. - disse com um sorriso. - Não foi culpa sua, Jamal. Não foi culpa de ninguém.
Joaquim desceu do cavalo e ajudou a esposa a descer, ele a segurou no colo e as escravas da casa os acompanharam, até mesmo Jamal.
- Justino, vá até a cidade e traga o doutor Pontes.
- Sim, patrão.
Joaquim entrou na sala, seguido pelas negras e pelo menino.
- Lírio, providencie uma compressa para colocar no pé de Clarissa. - disse ele sem desgrudar Clarissa de seu corpo.
- Sim, patrão.
- Eu vou fazer um chá pra dor. - disse a cozinheira.
Elas saíram em direção à cozinha e ele seguiu para o seu quarto. Clarissa nada questionou.
Joaquim deitou-a na cama. Os olhos de ambos estavam grudados. Joaquim tinha um brilho diferente no olhar, mas Clarissa não soube identificar o que era. O cheiro másculo dos lençois infiltrou-se nela aos poucos. Era delicioso.
- A sinhá me perdoa? - a voz de Jamal tirou os dois do transe em que se encontravam.
- Você está aí, menino. - disse Joaquim, estupefato, mas com a conexão entre ele e a esposa.
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Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
ChickLitA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...