-Tecnicamente, eu sou um criminoso, assim como você. – Dantálion olha fundo em seu rosto – E eu tenho certeza que você não acredita em uma só palavra do que acabou de dizer, ou então não estaria aqui se preocupando com minha vida, quando tem a obrigação moral de me matar.

Dantálion se abaixa, guardando os itens retirados dos bolsos na mochila. Sua camisa levanta alguns centímetros, revelando um grande hematoma escuro que percorre toda a lateral de seu tronco. Um chiado de agonia escapa pelos dentes do Sacerdote.

O garoto o encara de volta com amargura:

- A vida fora do Palácio não é as mil-maravilhas que você esperava?

Ele não responde.

Dantálion se ergue, segurando um objeto nas mãos.

- O que me fez pensar, Sacerdote, que você precisa aprender a se defender se quiser ficar andando sozinho por aí. Aposto que você é tão idiota que não veria um agressor nem se ele estivesse em cima de você.

- A única pessoa que já me agrediu está bem na minha frente. – cospe, irritado com o insulto.

Dantálion ri como se estivesse ouvindo algo divertido e lhe estende o objeto.

- Você vai precisar de uma dessas.

Pegando cuidadosamente o objeto, o Sacerdote remove o tecido que o protege, sentindo seu peso. Em suas mãos surge uma adaga extremamente afiada, com uma lâmina reluzente e cabo de madeira negra. A lâmina, sem um arranhão sequer, provavelmente nunca foi usada.

Ele balança a adaga com desprezo.

- Eu não sei como usar uma dessas.

- Eu te ensino.

Sem nenhum aviso, Dantálion se lança contra ele, atingindo suas costelas com o cotovelo, sem qualquer tentativa de diminuir o impacto. O Sacerdote grita, ajoelhando-se para controlar a dor, e deixa a adaga cair ao seu lado.

Dantálion o cerca por trás, plantando o pé com força em suas costas, jogando-o com o rosto no chão. Em menos de um segundo, já está sobre ele, bloqueando sua respiração.

Ele o imobiliza usando os joelhos magros e duros, protestos de dor escapando do Sacerdote quando seus braços são pressionados com mais força contra o chão.

Sem dificuldade alguma, Dantálion saca uma adaga idêntica da cintura e puxa seu cabelo, obrigando seu pescoço a arquear para trás numa posição dolorosa. A lâmina é então pressionada contra sua garganta.

Impossibilitado de se mover, a dor em seu cabelo atingindo um nível insuportável, ele solta um gemido.

Dantálion aproxima a boca de seu ouvido, sem diminuir o aperto, sussurrando maliciosamente:

- É assim que se usa uma dessas. E você precisa parar de duvidar de mim.

O Sacerdote o encara, suplicante. Um sorriso de puro prazer se espalha pelo rosto de Dantálion enquanto aperta a lâmina com mais força contra sua garganta.

A lâmina queima em sua pele, dificultando sua respiração. Seus braços são torcidos sob a pressão dos joelhos de Dantálion, e a dor do puxão em seu cabelo parece ressoar em cada milímetro de seu corpo. Incapaz de falar, ele implora com os olhos para que o outro pare.

Dantálion não demonstra comoção alguma. Apenas o mantém na posição, sem diminuir a força com que o imobiliza, nem afastar a lâmina.

Os segundos passam lentamente, e seu corpo começa a adormecer, os sentidos se confundindo sob a dor esmagadora, a falta de ar nos pulmões o envolvendo numa névoa de sonolência irresistível.

Dantálion [COMPLETO]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora