Vontade

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Começava a festa. Um som grave tocava na casa noturna mostrando o início da abertura. E a pista de dança de encheu feito um formigueiro. Mais do que uma simples balada, o lugar era tomado por cores fluorescentes e luminosas não paravam um segundo. Na "Noite Neon", o público fazia questão de ser visto com os mais diversos adereços coloridos para curtir da melhor maneira.

Thiago era o responsável naquela hora por animar a todos. E como sempre, não fazia feio nesse quesito. Além de sua setlist de remixes de sucesso, ele aproveitou e tocou seu novo single. Devidamente anunciado com a importância que seu primeiro grande projeto tinha. O primeiro público a ouvir a música, aprovou e aplaudiu.

Com a aprovação praticamente unânime, o tatuado prosseguiu. Continuou com seu show de abertura que não demoraria para acabar. Havia combinado com a promoter que só faria esse começo, passando o bastão para outro DJ que era a verdadeira grande atração. E enquanto tudo rolava, em um canto mais tranquilo, Dudu observava tudo de longe. Olhava para Thiago e sorria ao vê-lo tão bonito no comando das pick-ups.

Foi mais ou menos uma hora e meia naquele mezanino, a emoção impedia-o de contar o tempo com exatidão. O sentimento era inevitável, por mais que estivesse em qualquer lugar ou fazendo qualquer outra coisa, a balada sempre seria o seu melhor e verdadeiro lar. Era o seu habitat natural e sabia disso. Bastava uma pista de dança e pessoas animadas que ele se jogava de corpo e alma. Todo pouco tempo era eterno.

E uma eternidade que logo terminou quando ele terminou se tocar suas músicas, deixando o espaço livre para outro colega continuar a festa. Tranquilamente deixou os arredores, pegou suas coisas e foi direto para uma sala. Funcionava como um camarim mas ele não via desse jeito. Nunca se via como uma celebridade, tampouco queria se comportar como uma diva. Para ele era apenas uma sala onde podia se preparar e descansar.

Sentado em uma cadeira que ficava de lado para a porta, ele aproveitou para beber uma garrafa de água. Durante esse momento de distração, Dudu andava a passos curtos e lentos passando pela porta. Com as mãos juntas para frente, o garoto que observou o tatuado de longe na balada olhava para ele novamente com o mesmo sorriso sereno. Sua postura era de um menino ingênuo, inocente. Que esperava o momento certo para chamar a atenção com seu tom de voz aveludado.

— Oi? Posso falar com você?

— Bom. — Disse Thiago colocando a garrafa na mesa — Claro que pode.

— É que quando você falou que eu podia vir aqui, fiz questão de aparecer o quanto antes.

— Também não precisava exagerar.

— Não acho exagero. Queria muito conversar com você.

— É. Eu também queria conversar com você.

— Não parecia. Do jeito que você me evitou essa semana toda.

— Não sei se entenderia, mas é que eu precisava de um tempo.

— Entender eu entendo. — Disse se aproximando — Mas eu não concordo. Acho que pras coisas se resolverem elas tem que ser resolvidas o quanto antes. Adiar é pior.

— Mas a nossa situação não é das melhores e sabe disso.

— Não queria que tudo fosse acontecer desse jeito. O que posso fazer?

— Tu não tem ideia do furacão que foi esses dias. E duvido que vai acalmar tão rápido.

— Mas você não tem que se sentir culpado, meu anjo. Eu também não sinto culpa. Acho triste, mas não culpa.

— Como você não sente?

— Porque eu sei que era pra acontecer. Eu tô batalhando pelo meu amor. Mas mesmo assim...

Amizade Com Algo a Mais 2Where stories live. Discover now