Amizade Com Algo a Mais 2

Jogo Livre

Tarde ensolarada e levemente abafada, um típico sábado paulista. E também não havia mais típico em um sábado que aproveitar o dia de descanso para colocar em dia um hobby. E para os homens, esse lazer não se resume em tomar cerveja no bar. Mas também, claro, em uma partida de futebol entre colegas de trabalho e amigos.

Uma realidade que se mostrava distante para Mika se fosse há alguns anos atrás. Não disfarçava que não era muito fã de esportes, principalmente os coletivos. Mas como muitas coisas que acontecem na vida não tem uma explicação exata, ele pegou gosto pelo tradicional futebol com amigos no fim de semana. Começou sem esperar muito, e depois de alguns meses, já estava levando a sério o negócio assim como os outros.

Jogava com os colegas de trabalho da agência de publicidade onde era contratado. As vezes só com eles, às vezes com amigos dos colegas. Ou tinha vezes que eles jogavam com outros rapazes que trabalhavam em outro lugar. Esse tipo de coisa era fácil de combinar nos aplicativos de mensagens, já que todos eles praticamente se encontravam no mesmo lugar.

O local era um campo de futebol particular, alugado por quem usava-o. Um lugar muito bonito e muito bem cuidado. Cercado por prédios, o gramado tinha uma tonalidade forte de verde. Visivelmente artificial. Do lado direito da entrada ficava uma espécie de arquibancada, e do lado esquerdo ficava o vestiário. Tudo muito limpo e asseado.

O verde forte, muitas vezes, acabava se sobrepondo à própria partida que era jogada no momento. A bola rolava e todos jogavam. Não tinha muita importância o fato de jogar bem, mal, ou muito mal. O importante era estar lá, e ganhar o jogo também. Afinal, é uma competição, mesmo amistosa.

E por mais que não valesse nada, as emoções estavam fortes. Passes, correria, gritos, faltas e contusões. Uma pelada não seria pelada sem isso. E era nesse futebol sem muitas regras que a testosterona subia. Tão típico. E talvez fosse esse o motivo que fez Mika sentir-se atraído por esse gosto dito tão masculino.

Não haviam vinte e dois jogadores na quadra, apenas doze. Seis deles estavam usando um uniforme na cor vermelha enquanto os outros seis usavam uniformes de cor azul e branco. O time escarlate representava o time da agência de publicidade, o azulado era de uma outra agência, mas de talentos. Duas empresas cujos funcionários já eram amigos de longa data, peladas com eles eram frequentes.

E como esperado, Mikael era o que menos parava quieto. Ele podia não ser muito bom em chutar a bola, e menos ainda nos dribles, mas ele corria e muito. Era um lateral-esquerdo que não tinha como reclamar, cumpria bem o seu papel. Ainda mais que os outros rapazes também não eram lá grandes jogadores. E nem o do time adversário. Mesmo com todos levando tudo quase a sério, ainda era uma coisa descompromissada.

Os últimos minutos da partida estavam intensos. A bola era levada de um lado para o outro. Até que o time azul conseguia levá-la até o seu gol. Mika se aprumou e começou o seu trabalho na defesa. Jogadores concentrados em uma parte do campo, o moreno tentava impedir, o adversário driblava. Até que durante a disputa, o rapaz recebeu uma boa canelada e caiu ao chão. O que deu para o time rival marcar o gol, e assim dar fim a partida.

Time azul comemorava o jogo bem sucedido, o vermelho obviamente ficou quieto. Demorou alguns segundos para Mika se levantar, e também para mostrar o quão estava visivelmente frustrado com o passe. E sentindo a injustiça da indiferença, não hesitou em protestar.

— Porra, meu! Acabei de levar um puta chute e ninguém vê nada! — Gritou Mika se aproximando.

— Que foi cara?! — Perguntou um homem do time adversário — Chiliquinho agora não.

— Não é chiliquinho, foi falta.

— Calma Mika. — Disse Nick se aproximando e tentando conter o amigo.