Dor de Cotovelo

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A Quarta-Feira, sem dúvidas, era o dia mais agonizante da semana. Naquela quarta, em plena manhã, a Agência de Publicidade já estava bem movimentada. Na parte da criação, não era diferente. Todo mundo atarefado, cheio de coisas para fazer dali até o final do expediente.

Pelo menos os redatores podiam se distrair nos pontos de recreação que ficavam no andar. Nick participava de uma descompromissada partida de sinuca junto com um colega, e estava mandando muito bem inclusive. Apenas para passar o tempo e relaxar a mente para novas ideias. Estava quase focado no jogo até que Verônica aproximou dele, meio que silenciosamente, e sóbria como sempre, para chamar sua atenção.

— Preciso falar com você. — Disse em voz baixa, pois esse era o tom quando queria falar sério.

Não restou outra opção para Nick a não ser parar o que estava fazendo para atender a diretora. Colocou o taco que usava no suporte e seguiu Verônica até a parte onde estavam as mesas com os computadores. Até que os dois ficaram frente à frente e ela já foi logo perguntando.

— E o esboço do rebranding?

— Terminei agora há pouco. Falta terminar o projeto da campanha.

— Ah, entendi. Você viu o Mikael por aqui? Não tô encontrando ele.

— Então... ele não veio hoje.

— Nossa. Ele tá doente?

— Não faço a menor ideia. Eu tentei ligar pra ele a manhã inteira, mandar mensagem. Até agora nada

— Que estranho. Ele nunca faltou ao trabalho. E ainda sem dar retorno?

— Eu sei disso. Até tentei ligar do fixo na casa dele. Mas ninguém atende também.

— Que coisa, viu? Justo hoje que a gente precisa dele pra começar o roteiro daquele comercial.

— Eu posso dar alguma ideia, uma adiantada. Pelo menos pra não atrasar o trabalho.

— Consegue fazer isso?

— Tô cheio de coisa pra fazer, mas se der tempo no final, eu faço.

— Então tá certo. Obrigado Nick.

Nick respondeu com a cabeça e Verônica foi embora. Ele tinha mais que um pepino para descascar, tinha que resolver praticamente tudo sozinho. Além de descobrir o que havia acontecido com o Mika, precisava fazer a tarefa por ele. Estava sendo um dia bem atípico, e estranho.

Principalmente porque sabia que seu colega de trabalho não faltava ao expediente nem se tivesse um resfriado. Sempre deixava perceptível sua dedicação à profissão que escolheu, além de ser um dos redatores mais produtivos. Senão o mais produtivo. Era estranhíssimo essa falta, ainda mais que ele não dava nenhuma notícia do que estava acontecendo.

Antes de voltar para sua mesa, tentou entrar em contato com Mika novamente. Tentou ligar, mas só escutava a mensagem de celular desligado ou fora da área. Mandou mensagem no aplicativo, conseguiu absolutamente nada. Mais uma vez tentou ligar no telefone fixo, mas ficava só chamado e nada de alguma alma viva atender.

Sem conseguir imaginar o que poderia ter acontecido, e espantando qualquer pensamento negativo, Nick ficou sem saber o que fazer. Sabia que precisava entrar em contato com ele para que viesse à agência. Pois sabia que dificilmente conseguiria trabalhar por dois. E precisava saber também o que aconteceu com seu colega, se estava bem.

Sabia que ele morava com Thiago, e imaginou talvez que ele pudesse ter alguma notícia do Mika. Mas como falar com ele se Nick não tinha nem o seu número de celular? Ficou pensativo por alguns segundos. Foi quando pensou que ele estava adicionado em seu Facebook como amigo. Rapidamente pegou seu celular de volta e entrou no aplicativo da rede social para confirmar, e era verdade. O publicitário não hesitou em mandar uma mensagem para ele perguntando por Mika.

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