Capítulo VII - Episódio 27

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Anita havia caminhado com a companhia de Guido e de seus soldados até um lugar onde poucos guardas chegavam. A cavalo, saíram pelo portão da frente de Porto das Pedras e desapareceram no horizonte em sentido norte, como se fossem viajar para o Império do Sol.

Algumas horas depois, seus cavalos viraram para o oeste, cavalgando entre o chão rochoso e a plantação rasteira e espinhenta, tinham que desviar para não se cortarem. Se cavalgassem por três dias rumo ao Oeste, com descanso, chegariam ao mar.

Não era para o mar que iriam. O grupo iria fazer um pequeno desvio. Anita faria os soldados da guarda acreditarem que estavam fazendo uma pequena patrulha em busca das duas criminosas desaparecidas. Em meio ao vasto terreno, onde apenas cactos e arbustos cresciam devido à aridez da terra, saltaram de seus cavalos, tiraram a capa e os tabardos com as cores de Porto das Pedras. Sobre a armadura, vestiram grandes casacos marrom e taparam o rosto com um pano vermelho, deixando apenas os olhos à vista entre o tecido vermelho e os cabelos negros.

Vestidos como planejado, voltaram a cavalgar para o sul, entretanto, em vez de voltar para a estrada e entrar pela porta da frente, contornaram o grande vale de pedras, de modo que encontrariam a cidade pelo outro lado, exatamente pelo lado que a Grande Vala crescia.

O acesso aos fundos da Vala se mostrou um tanto complicado para cavalgar. Com diversas formações rochosas, tiveram dificuldade em encontrar um caminho decente. Depois de horas cavalgando, tinham traçado um caminho perfeito para encontrar a Vala.

Anita guardava cada ponto geográfico em sua cabeça. Cada pedra, cada planta, cada abismo. Se precisasse dizer o caminho para alguém, teria bastante informação para isso.

Adentraram na Vala com os cavalos em alta velocidade. Cabelos negros e bandanas vermelhas atravessavam as vielas como vultos, chamando a atenção de crianças, adultos e velhos. Cachorros corriam atrás dos cavalos, mas logo desapareciam, deixando o som de seus latidos para trás.

Ainda longe do portão que separava a Vala do Distrito Operário, o grupo chegou a um grande aglomerado de casas. Era conhecido como o maior aglomerado da Grande Vala, calcula-se que havia em torno de dez andares de casas construídos uma sobre a outra, e os moradores viviam com a tensão de que um detalhe mal construído poderia fazer aquilo tudo desmoronar ou se incendiar facilmente.

Dentro do aglomerado, os Terras-Ruins estavam organizados. Centenas deles andavam de um lado para o outro. Também vestiam marrom, cor que simbolizava a sua causa.

Anita parou em frente a um grande grupo, saltou do cavalo com graciosidade e tirou a bandana. Olhou para os lados, procurou, mas não encontrou quem queria. Ela foi encontrada por outra pessoa antes.

— Traehianat — gritou um rapaz saindo do meio de um grupo que se organizava em um canto. — Peguem a traidora!

Anita se virou para o rapaz e o enfrentou com calma. Levantou a perna e tirou um dos "cospe fogo" de dentro de sua bota. Quando ela pegou o dispositivo, o rapaz parou, assustado. Todos em volta olharam para ela.

Se aproximando do rapaz, Anita levantou o dispositivo para que todos olhassem.

— A esse "cospe fogo" chamamos de pistola. É uma versão pequena e podemos carregar conosco. Temos também a escopeta, que é um pouco maior, e o canhão.

Ela se aproximou do rapaz que a chamou de traidora e ficou de frente para ele, admirando a pistola. O cano que Derris estava fabricando era curto, um pouco maior que o palmo da mão de uma pessoa. Cinco argolas protegiam o cano e na entrada era um pouco maior, dando a impressão de uma boca. A base era um cabo de madeira e era anexada ao cano, com dois dispositivos. O primeiro era uma peça de metal que produzia a faísca e estourava a pólvora dentro do cano. O segundo era um gatilho, que fazia o primeiro funcionar apenas no momento desejado.

A saga dos filhos de Ethlon I - Porto das PedrasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora