Capítulo III - Episódio 13

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Depois de analisar a Alma de Derris e acordar que faria o mesmo com Ivy, Sabrina passou um longo tempo evitando os amigos e o mundo. Na aula prestava atenção em silêncio. Na biblioteca ficava nos cantos escuros ou na sala secreta, mesmo quando não estava lá pelos livros. Em casa, ficava trancada em seu quarto.

O acordo que havia feito com Ivy não tinha passado por sua cabeça em nenhum segundo.

Carregou consigo um diário. Depois do que fez na casa de Derris, resolveu anotar tudo e manteve essas anotações juntas de si. Se estava desafiando uma lei proibida, estaria ao mesmo tempo pesquisando algo de que poucos tinham conhecimento. Anotar tudo era essencial.

E também não podia deixar ninguém saber o que andava fazendo. Mais um motivo para não desgrudar do diário.

Quando estava tudo registrado, reservou o fim de um dia na sala secreta para analisar os resultados.

— A Alma possui uma fina camada de energia em volta da área do corpo, a Túnica — balbuciou. — Ela é mais forte e prende uma quantidade enorme de energia dentro, deixando escapar uma quantidade mínima que forma a Aura.

"A parte que fica dentro é o Receptáculo. Não há nada assim na literatura, por isso vou chamá-lo dessa maneira.

"A Alma tem duas cores. A principal e a secundária. Ambas estão alinhadas de acordo com o Signo e sua Inclinação. Tanto o Signo como a Inclinação seguem os elementos base que já conhecemos: fogo, ar, terra e água. O que muda de pessoa para pessoa é a combinação entre eles.

"Essa é a arte da magia. O ser entende a própria energia da Alma e consegue manipulá-la. Através do controle do fluxo da Túnica, transporta a energia do Receptáculo para fora. Durante esse processo, existe uma conversão que depende do Signo e da Inclinação da pessoa.

"Essa conversão pode ser, por exemplo, o Raio Elétrico, tão famoso entre os estudantes da Ala Mestra. A Alma dessas pessoas converte a energia interna em eletricidade e, com ajuda da Aura, esse raio é manipulado para atingir locais específicos."

Sabrina respirou satisfeita. Depois de tantos rascunhos, esse foi o que ela achou melhor. Era sucinto e dava para entender tudo o que analisou na casa de Derris e depois combinou com o que era popular sobre a magia.

Com esse resumo, conseguiria chegar a várias conclusões interessantes.

A primeira coisa que pensava era sobre a formação das escolas. Hoje os alunos eram divididos entre quatro escolas-base e outras três que conheciam. Dessas três, todas eram combinação do Signo Terra com Inclinação em outros elementos. Terra e Água era a Animancia, Terra e Fogo era Luz, e Terra e Ar era Sombras.

Mas e o que daria Água e Ar? Não havia uma escola para isso.

O outro ponto que deixava Sabrina curiosa era o fato de apenas o Homem do Sol poder usar a magia. O que os Terras-Ruins tinham de diferente?

Com essas duas perguntas, traçou seus próximos passos.

Sentia-se cansada e um pouco aflita porque tinha muita coisa para fazer e pouco tempo em sua vida. Além de estudar, tinha sua pesquisa pessoal e a pesquisa para Derris, que agora iria começar a realizar junto de Leiza. Em alguns dias, talvez nos próximos, Derris marcaria um encontro entre os dois e teria ainda mais trabalho.

Mas tinha terminado de revisar seu texto e era madrugada. Essa era uma oportunidade boa. Podia ou ir para casa dormir ou...

Ela saiu da sala secreta e foi até a portaria, onde o guarda que protegia a biblioteca à noite dormia sentado em uma cadeira. Passou por ele sem ser percebida, com a saia esvoaçando em silêncio.

A saga dos filhos de Ethlon I - Porto das PedrasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora