Epílogo

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London Narrando - Na mesma noite

De algum lugar dentro de meus sonhos, eu escutei o som de uma música tocando e foi isso que me fez abrir os olhos.

Através do que parecia ser um véu, havia um teto branco com caracóis desenhados em dourado para todos os cantos e um lustre enorme com cristais pendurados, foi isso que vi primeiro.

Ao olhar para a frente, vi a caixinha que tocava a música, estava sobre uma pequena mesa redonda branca com suas cadeiras delicadas. Havia um bule ali também com uma xícara ao lado. Fumaça saía do bico do bule.

  Eu estava num quarto enorme, com o branco, azul claro e dourado para todos os lados. Sentei me na cama ao qual estava e tirei o véu que cobria boa parte ao redor do móvel, o que me permitiu ver o espaço ali mais nitidamente.

Eu estava com o mesmo vestido ainda, e isso me fez lembrar do que havia acontecido até antes de acordar ali. Tentei não fazer um rebuliço em minha mente com os últimos acontecimentos, sabia que fazer isso seria pior e não me adiantaria de nada, apenas para ficar nervosa.

Caminhei em direção a mesa e peguei a caixinha na mão. Era azul clara e com pelinhos aos redor. Em seu interior, se via um homenzinho de ouro com uma coroa, ele erguia as mãos para o céu e segurava nelas uma esfera azul que brilhava graças a uma luz dentro dela.

- Que lindo. - Sussurrei encantada. O homenzinho girava e girava enquanto a música tocava.

  O silêncio tomou o quarto depois que as notas finais tocaram. A canção havia chegado ao seu fim. Foi graças a aquele silêncio que eu escutei o que parecia ser alguém derrubando areia no chão devagar.

Uni as sobrancelhas e segui o som que vinha além das janelas. As cortinas eram pesadas mesmo parecendo leves devido sua cor branca, quando consegui abri las, as enormes janelas de vidro revelaram uma bela visão da noite.

Chovia. Chovia muito lá fora. Mas não era chuva de água.

- É poeira estelar.  - Sussurrou alguém atrás de mim me fazendo quase dar um pulo de susto.

- Céus. - Fale colocando a mão em meu coração.

- Desculpe, não quis assustá la. - Disse o homem. - Acho que não me apresentei adequadamente. - E fez me uma reverência. - Meu nome é Tamuz D'Odell, sou o último descendente dos Grãos Duques de Lúminas.

- Você é um Grão Duque? - Perguntei surpresa.

- Podemos dizer que sim, agora que vossa majestade assumiu seu trono.

- Eu não assumi trono algum. - Fui rápida em corrigi lo. Olhei para a janela mais uma vez e cruzei os braços. - Estou nisso apenas enquanto Lúminas se ergue novamente. Sairei desse rolo quando a estabilidade dos luminianos em seu lar estiver garantida.

- Acho complicado isso prevalecer no momento em que partir. - Disse ele respirando lentamente. Parecia pensativo.

- Por que seria complicado? - Perguntei o encarando mais uma vez.

- O reino precisa de alguém que o governe. - Respondeu me encarando de volta com os olhos azuis celestes.

- Mas você é o Grão Duque, está a baixo apenas de mim na linha de sucessão, se eu abandono o trono, você pode ficar no meu lugar e cuidar para que Lúminas não tenha uma recaída.

- Está certa quanto a esse raciocínio, mas se esquece de uma coisa. - Sussurrou. - Não sou eu o destinado.

Revirei os olhos.

- E o papo de "eu faço o meu destino" onde fica?

- Logo depois de vossa majestade sentar se no trono e mostrar para os quatro outros reinos do que é capaz por seu reino.

O silêncio me tomou depois daquelas palavras.

- Não se preocupe. - Ele disse logo em seguida. - Não é porquê terá uma coroa em sua cabeça que deixará de ser você mesma. Estamos no século 21. Os reis e rainhas não precisam representar o tempo todo, mesmo diante de seu povo. E no momento não queremos muito de você também. - Disse abaixando a voz. - Apenas queremos que não desista de nós.

Mais silêncio.

- Desistir de vocês... - Sussurrei pensativa. - Como posso desistir dos meus iguais? Eu só não quero que os outros acabem depositando sua esperança e até suas vidas em quem não deviam.

- Não vão. - Ele disse rapidamente.

Mordi o lábio.

- Se você diz. - Sussurrei brincando com o colar que Henry havia me dado.  - Me pergunto o que passa na cabeça dos luminianos quanto à Lumbras nesse momento.

A resposta veio poucos segundos depois.

- Imagino que muitos estejam alterados com a situação. Se me permite um conselho... - Ele esperou eu assentir antes de prosseguir. - Esperar com que todos se acalmem é a melhor coisa a se fazer. Tomar uma decisão grande nesse momento tão delicado, pode acarretar em sérios problemas.

Assenti com a cabeça mais uma vez concordando.

- Seguirei seu conselho, mas vai demorar um pouco até o povo se acalmar.

- Não esqueça que ainda terá que lidar com os outros reis. Alianças são importantes de se manter, e no nosso caso, de criar.

- Um povo para lidar e reis para se agradar? - Ri sem humor algum. - Aonde é que eu fui me meter?

Tamuz sorriu.

- Vai ser divertido.

Os Senhores: O Segredo De AureatusWhere stories live. Discover now