Capítulo 51 - O pedido

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Henry Narrando - 30 de março. Quinta de noite.

Lyra admirava a lâmina de sua adaga enquanto a luz da lua reluzia sobre o objeto.

- Está atrasado. - Lyra disse.

- Cinco minutos. - Falei tirando a jaqueta preta que usava e a jogando na grama.

Eu sabia que mesmo de costas, ela estava sorrindo.

- Venha logo. - Pediu caminhando para o outro lado do círculo de pedra.

-Tem certeza de que podemos fazer isso aqui mesmo? Ninguém vai aparecer? - Perguntei verificando meus bolsos. Apenas havia meu celular num dos de trás.

- Estamos atrás do prédio principal. Não há ninguém em aula às duas da madrugada, Henry. - Ela disse sorrindo.

Eu ri.

- Tudo bem então. - Falei enquanto a via soltar o cabelo e logo em seguida, tirar seu casaco.

Ela fez um sinal para que eu me aproximasse. Subi no centro e comecei a caminhar devagar em sua direção. Aquilo seria interessante.

- Como é a sua primeira vez, eu vou pegar leve com você. - Ela disse baixo, me provocando.

- Não é necessário. - Falei continuando a caminhar em sua direção

Lyra sorriu e disse:

- Então tá. - E com isso, ela esticou o braço esquerdo e o mexeu ligeiramente para frente. Uma nuvem negra se chocou comigo me empurrando para trás e me fazendo voar até fora do círculo caindo na grama.

Escutei Lyra rindo.

- Desculpe, achei que tivesse dito que não era necessário.

Eu ri de volta enquanto meus olhos ainda encaravam o céu brilhante de Auteatus.

- Se prepara. - Falei. Pus me em pé usando a nuvem como um muro negro que me ergueu. Caminhei de volta para o circulo.

Ela colocava a adaga em sua mão numa de suas botas nesse momento, mas seus olhos ainda se mantinham o tempo todo em mim.

- Espero que tenha treinado bastante. - Disse se aproximando.

- Com certeza. Oito dias desde que eu descobri meus poderes e eu já virei expert nisso. - Falei com sarcasmo. - Quero entender como é que você já é tão boa com os seus..

- Meu aniversário foi em Janeiro, meus poderes apareceram no começo daquele mês. Como sua protetora, eu estudei muito cedo sobre as artes das Trevas. - Disse parecendo pensativa. - Assim que descobri o que podia fazer, pus os estudos en prática e aqui estou.. - E sorriu.

- Nerd. - Sussurrei.

Lyra me mostrou o dedo do meio de uma das mãos. Eu ri.

- Ah, quase ia esquecendo.. seu irmão quer falar com você. - Disse se sentando no chão e dobrando as pernas. Fiz o mesmo. Estávamos nos pondo em postura de meditação.,

- Louis querendo falar comigo? - Perguntei supreso. - Algo deve ter acontecido para que ocorra esse milagre.

- Só espero que não seja nada ruim. - Disse baixo.

- Eu também.. - Silêncio. - É só eu ou você também sente que há algo de estranho no ar? - Perguntei de repende.

- Defina estranho.

- Algo desagradável, algo ruim que pode trazer problemas para Aureatus logo logo..

- Algo como London ter que se mostrar na Cerimônia do mês que vem?

Aquelas palavras me deixaram sem reação por um momento.

- Isso. - Sussurrei. - Vai ser uma grande surpresa para os quatro reinos saber que Luminas ainda vive.
- Eu só consigo pensar sobre os boatos, os cochichos aqui e ali que vão aparecer novamente quando os Senhores começarem a voltar no passado e se perguntar quem estava por trás de todo aquele massacre. - Ela disse pensativa. - Eu tenho medo de que ainda achem que pelos antigos Lumbrianos sentirem inveja dos Luminianos, possam ter matado os reais. - Lyra me encarou. Eu vi o medo presente em sua face. - Tenho medo por todos nós..

Nos encaramos em silêncio. Eu me aproximei dela e a abracei.

- Eu não acho que nosso povo tenha sido capaz de fazer algo para prejudicar os Luminianos. - Sussurrei ainda a abraçando. - Não tenha medo.

- E se tiverem outros dels, Henry?  - Perguntou baixinho. - E se eles não pensarem da mesma forma? Pode sobrar para a família real atual tomar responsabilidade por um erro de seu povo diante de um outro Império. - Uma pausa. - Você é chato mas ainda é meu melhor amigo. Não quero que nada te aconteça, nem a sua família..

- Não vai. Meu pai é um rei sábio, ele não deixará que nada aconteça com sua família e seu povo.

- É o que espero.. - Disse se afastando. Seus olhos estavam húmidos de lágrimas que tentava reprimir. De repente, ela sorriu. - Mas e aí? Quando vai convidar a London pra sair?

Eu revirei os olhos mas deixei escapar um sorriso.

- Nem sei se ela iria aceitar caso eu a convidasse..

- Ah, Henry, me poupe. - Lyra disse colocando uma das mãos na cintura. - Você já viu como ela te olha? - Uni as sobrancelhas. Lyra pareceu indignada com minha expressão. - Você é muito desligado.

- Tenho certeza que eu teria notado se ela me desse algum sinal. - Falei perfeitamente consciente de minhas palavras.

- Tenho certeza que não. - Contrariou me descaradamente.

- Às vezes, os olhares enganam.. - Lembrei a. - Nem tudo é o que parece.

- Fato. Mas isso é o que parece. E você está dispensando por hoje. - Disse se afastando.

- Dispensado? - Perguntei sem entender.

- É, para você ir chamar ela pra sair antes que dê o toque de recolher. Boa noite. - E sem mais nem menos ela desapareceu.

- Eu quero aprender a fazer isso também. - Falei em relação a seu último ato.

Em silêncio, eu encarei os prédios a minha volta até encontrar um em específico. Suspirei.

Tirei o celular do bolso. Fui até meus contatos, encontrei o que eu queria e abri a página de mensagens.

Esteja livre domingo, às duas da tarde. Estarei te esperando na porta da escola. Não se atrase. Odeio atrasos.

Teria sido mais uma ordem do que um pedido para sair? Teria. Mandei a mensagem mesmo assim? Mandei.

Os Senhores: O Segredo De AureatusWhere stories live. Discover now