Capítulo 15 - Visão

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Henry Narrando

- Sente se. - Pediu assim que entramos numa pequena sala perto dali.

A lareira já tinha fogo aceso aparentemente por muito tempo então ele pegou algumas toras e as jogou por ali.

- Fico feliz que tenha vindo, Henry. - Sussurrou encarando o fogo.

  Ri de suas palavras.

- Fala como se eu tivesse tido alguma escolha.. - e me sentei numa poutrona ali perto. - Só vim porque sei que se não fizesse isso você faria com que me arrastassem até aqui.

- Fato. - Concordou prontamente.

Fiquei em silêncio por um momento encarando os livros nas estantes que nos cercavam no pequeno cômodo.

- Então, o que quer? - Perguntei baixo.

O vi tirar algo do bolso.

- Celcio pediu para lhe deixar isto.- E abriu a mão deixando a vista uma pequena pérola branca.

  Eu a peguei e o encarei.

- É sobre mim?
 
  Meu pai assentiu.

- Eu já vi. Não achei nada demais porém dê uma olhada.

  Sem entender muita coisa, eu encarei a pérola presa em meu indicador e polegar e esperei. Logo a vi, uma visão que se inciou no pequeno objeto mas logo passou a ser vista apenas em minha mente.

Vi pernas caminhando, eram pernas de um homem presumi já que essas estavam coberta por uma calça social aparentemente masculina. Com os segundo se passando as pernas se afastavam do foco assim mostrando mais do ser. Já se podia ver os sapatos escuros, a calça por inteira e parte de outras pessoas ao fundo mal focado.

Cavalheiros e damas muito bem arrumados com seus trageis impecáveis assistiam me a cada passo que dava. Logo me aproximei do altar e a cerimônia começou. Era minha cerimônia de coroação.

Lá estava eu sendo coroado a rei, pronto para assumir a responsabilidade por todo um Império, pronto para uma nova vida.

  A pérola se desmanchou em meus dedos e seus vestígios desapareceram no ar

Encarei meu pai.

- Fico feliz que finalmente esteja aceitando seu futuro. - Disse com um meio sorriso no rosto.

Levantei uma sobrancelha.

- Você já está crente que isso irá acontecer, não é? - Perguntei baixo mas firme.

- Você mesmo viu. Você sabe que Celcios nunca erra. - Respondeu me confiante.

- Você me chamou aqui apenas para ver isso? - Perguntei ignorando suas últimas palavras.

- Sim, achei que já estaria considerando a ideia e quis dar os primeiros dos últimos passos desta fase final. - E desviou os olhos dos meus para encarar a lareira. - Mas creio que seja muito cedo para isso..
Revirei os olhos e me levantei.

- Eu já vou então, tenho coisas mais importantes para fazer. -  Disse seco.

- Sei. - Disse baixo. - Vê se encapa o garoto.

Eu já estava saindo quando escutei suas palavras que me fizeram parar e encara lo uma última vez.

- Eu não sou que nem você, não. - Falei escondendo um traço de humor que me tomava. - Eu vou é estudar.

O rei riu de minhas palavras.

- Está certo. Vá.

Revirei os olhos novamente e deixei a pequena sala. A visão veio imediatamente à minha mente nesse momento.

Nunca foi de minha vontade se tornar um rei, não tinha interesse, não era a vida que eu queria e eu tinha certeza disso. Sempre fora um desafio para meu pai aceitar minha escolha e sempre esse encontrava alguma chance, fazia questão de tentar mudar minha cabeça.

  Suspirei com toda aquela cena. Celcios nunca se enganava, isso era fato. Era um dos Senhores do Tempo mais talentosos vivo tendo como pontos mais fortes a certeza do futuro e sua capacidade de guardar visões em objetos como pérolas.

Com tudo isso, realmente seria esse meu futuro?

Girei a maçaneta para fechar a porta e me virei, quando meus olhos se fixaram a vista diante de mim, notei uma figura sentada em uma enorme janela aberta com as pernas apoiadas em uma paredes da estrutura e as costas na outra. Era um garoto de cabelos negros lisos escorridos pela testa e orelhas, olhos castanhos dourados e vestes pretas de couro. A pele pálida se superava com a luz da lua lhe atingindo em parte.

- Olá irmão. - Disse me baixo enquanto mantinha os olhos fixos num livro que lia.

Eu o encarei por um segundo em silêncio. Ele parecia relaxado com sua leitura, muito focado no que fazia mas tranquilo naquele espaço.

- Olá, Louis. - Cumprimentei o baixo. - O que faz com este livro?

Vi seus olhos profundos se estreitarem para me encarar enquanto sua cabeça se mantinha imóvel direcionada para o objeto em suas mãos.

- Acho que lendo, não? Pelo menos acho que é pra isso que se serve um livro.- Respondeu com sarcasmo.

- Errei a pergunta. - Falei já preparando uma correção. - Que milagre é este? Você lendo.. achei que nem sabia ler. - Falei com um traço de humor presente ao fim da frase.

Louis deu um meio sorriso e virou a cabeça para mim.

- Pois é, não é? Agora sabe. - E me deu uma piscadela.

Ri.

- Mas qual seria o tão interessante assunto que te causou este milagre?

Sem dizer nada, Louis apenas fechou o livro e mostrou me a capa.

- "Como manipular uma mente fraca. Volume um"? - Levantei uma sobrancelha surpreso. - Gostei.

Ele me lançou outro meio sorriso e voltou a abrir o livro.

Louis era meu irmão mais novo, iria fazer dezenove na metade do ano. E caso não tenha percebido, nós não éramos lá muito próximos.

Estava pensando em algo para perguntar e assim não deixar ocassunto morrer e ficar aquela atmosfera pesada quando ele me surpreendeu:

- Papai te chamou para quê?

- Para o que mais seria? - Perguntei brincalhão. - Ele estava sentindo falta do filho preferido..

Louis revirou os olhos com minhas palavras mas eu vi claramente um traço de sorriso em seus lábios.

  Nesse momento, reparei que Lyra vinha em nossa direção. Ela estava com as mãos nos bolsos frontais de sua calça. Parecia despreocupada.

Fui em direção a ela.

- Como foi a conversa com o seu pai?

Revirei os olhos.

- Foi um lindo blá blá blá sobre se tornar rei.

Ela riu pra mim.

- Tente o entender. Você sabe que ele o quer no trono.

Suspirei.

Lyra encarou Louis pelo canto o olho. Eu fiz o mesmo estranhando seu ato. Ele lia o livro que tinha em mãos.

Logo senti a mão de Lyra na minha. Ela estava me dando algo redondo pequeno.

Ela sorriu pra mim é então me abraçou e eu a abracei de volta. Nesse exato segundo ela sussurrou algo em meu ouvido e se afastou.

- Vai ficar tudo bem. - Disse parecendo disfarçar.

- Eu sei. - Colaborei.

Louis abaixou o livro e disse:

- Olá, Lyra.

Lyra se curvou para Louis.

- Olá, meu príncipe.

- Como tem passado? - Ele perguntou parecendo simpático.

Aproveitei a conversa dos dois e coloquei o que Lyra me dera no bolso da calça.

  

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Os Senhores: O Segredo De AureatusWhere stories live. Discover now