Capítulo 26 - Sozinho

2.6K 340 40
                                    


Carl Narrando - 25 de fevereiro

  Prata, espelhos e vidro. Essa era praticamente a visão que eu tinha naquele momento diante de Fraguimenta, a cidade dos Senhores da Mente.

  Suspirei enquanto escutava o som de mais um metrô parar na estação onde eu me encontrava. Pus os fones de ouvido logo em seguida, dei play em alguma música aleatória no celular e me afastei da parede de vidro que encarava assim que guardei o aparelho no bolso.

Como a estação não estava muito cheia, desci por dois lances de escadas rolantes até o térreo sem pressa e então deixei o lugar.

E lá estavam os arranha céus com pontes de vidro que ligavam a maioria um ao outro. Nas ruas os Mercedes pretos eram usados como táxis e Ferraris de várias cores  eram para os carros pessoais.

Como haviam táxis parados em frente a estação, eu apenas entrei em um e dei o destino ao motorista.

Foram longos dez minutos até parar em frente a uma casa branca com três andares e com vidro para todos os lados - o que era bem típico de Fraguimenta. Avistei uma mulher alta, de cabelos roxos longos e pele bronzeada passeando pela cozinha, provavelmente estaria atrás de alguma panela ou algum tempero. Sorri ao vê la ali toda perdida.

Depois de pagar o motorista e deixar o carro, contornei a piscina logo a frente da casa com cuidado para não fazer barulho e entrei no espaço pela sala já que as portas de vidro estavam abertas. Devagar, eu cheguei a cozinha e a vi de costas. Ela estava mexendo em algo numa frigideira e o cheiro era de queimado.

- Santa senhora dos rangos, o que é que você está queimando aí? - Perguntei alto me aproximando dela.

A mulher se virou num susto para mim e quase gritou. Eu a encarei assustado com o seu susto.

- Caramba, menino! - Gritou furiosa largando a frigideira no fogo e vindo me bater com uma colher. - Você pare de me dar susto! Eu quase tive um treco aqui!

  Comecei a rir enquanto ela me batia.

Essa era Charlotte, minha mãe.

- Também senti saudades. - Falei sorrindo.

Acho que minhas palavras a afetaram, ela parou o que fazia depois de dois segundos, se afastou um passo e me encarou semicerrando os olhos.

- O que foi? - Perguntei sem entender o porquê de seu olhar.

Ela me analisava da cabeça aos pés.

- Você se meteu em brigas de novo? - E levantou uma sobrancelha enquanto erguia um pouco a cabeça pra cima para me encarar no olhos.

- Não, mulher. Eu só senti saudades da minha mãe, não posso?

Charlotte pos as mãos na cintura.

- Quando a esmola é muita, o santo desconfia.

Eu ri e a puxei para um abraço apertado. Como ela era pequena, quase sumia em meus braços e eu acabava por ter medo de machuca la.

- Também senti saudades. - Disse baixo.

  Abri mais o sorriso com suas palavras. E então o susto. O fogo havia subido e quase devorava a frigideira.

- Caramba! - Eu a larguei e corri até o fogão já desligando a boca e indo para a pia em seguida onde peguei um pano e o umedeci.

- Céus! - Ela disse vendo tudo aquilo.

Abri o pano e o joguei sobre a frigideira assim apagando o fogo. Com a situação controlada, eu suspirei aliviado.

- Você na cozinha é um perigo. - Falei a encarando.

Os Senhores: O Segredo De AureatusWhere stories live. Discover now