Capítulo 38 - Fumaça

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Tassie Narrando - Na mesma noite.

O quarto tinha todas as lâmpadas apagadas, apenas candelabros de paredes tinham suas velas acesas iluminando partes do espaço.

  Deitada numa cama, eu suspirei notando o pesar de minha própria respiração. Sentei me quase que de imediato e pus os pés para fora enquanto vasculhava o criado mudo atrás de um cigarro. Achei um pequeno maço no fundo da gaveta junto com um isqueiro.

Suspirei novamente quando tirei um cigarro dali e o pus na boca. Estava prestes a acende lo quando sinto alguém se mexer no colchão. Logo seu rosto estava ao lado do meu, ela pôs meu cabelo todo para trás e apoiou o queixo em meu ombro enquanto dava a volta com os braços em minha cintura.

- Pensei que tinha parado de fumar.. - Sussurrou encarando o isqueiro em minha mão.

Tirei o cigarro da boca e encarei uma das velas acesas de um candelabro na parede a nossa frente.

- Você viu algo, não foi? - Perguntou adivinhando.

Sorri sem humor algum.

- Só as mesmas coisas de sempre. - Respondi baixo. - Ódio, sorrisos, lágrimas.. - silêncio. - e morte.

- Conseguiu ver quem era dessa vez? - Perguntou ela baixo.

Neguei com a cabeça.

- Eu tento, tento, tento mas nunca consigo.. - Suspirei. - O que eu faço, Lassie?

Um segundo de silêncio.

Ela me abraçou mais forte pressionando mais os seus seios nus em minhas costas.

- Deixe para lá um pouco.

  Levantei uma sobrancelha.

- Você quer que eu simplesmente esqueça?

- Não é porque você viu o que viu que tem que correr para fazer algo, irmã. Essa guerra não é sua.. - Sussurrou de modo doce em meu ouvido.

Balancei a cabeça para os lados reprovando suas palavras.

- Acredito que seja o contrário. - Pausei me por um momento. - Essas visões poderiam vir para qualquer um que tivesse alguma relação com essas crianças, mas elas vieram para mim. Com Estevão aconteceu o mesmo e ele está fazendo algo. Acredito que não devo ser diferente..

Escutei Lassie suspirar e então se afastar de mim. Olhei para trás e lá estava ela se vestindo.

- Eu não gosto nem sequer de pensar que você pode estar em perigo por se envolver nesse rolo todo. - Disse colocando sua calça jeans.

- Lassie.. - Sussurrei deixando minhas palavras morrerem ali.

Ela não me encarou, continuou se vestindo, agora colocando seu casaco.

  Suspirei e me virei. Irritada, coloquei o cigarro na boca e tentei acende lo. O isqueiro falhou. Estava sem gás para melhorar a situação. Tentei novamente e nada.

  Sinto então um sopro forte vindo de meu lado. O sopro tomou cor e sensação quentes. Era fogo. O cigarro foi aceso. Encarei Lassie que nada disse, nem uma sequer vez olhou me, apenas fez o que fez e se afastou.

  Meus olhos a seguiram o tempo todo ainda que estivesse de costas para mim.

- Eu preciso pensar. - Disse ao se aproximar da janela do outro lado do cômodo. - Vejo você amanhã. - e então diminuiu o tom da voz. - Eu acho.

E sem mais palavras, tomou forma de seu preferido. O corvo deixou o quarto saindo pela janela assim se misturando ao breu da noite.

Voltei minha atenção a meu cigarro o tragando forte. Ao deixar meus pulmões, a fumaça se espalhou diante de meus olhos.

Tudo era tomado por um completo e desagradável silêncio agora. Isso só tornava mais fácil para os pensamentos tomarem conta de minha mente.

Fechei os olhos.

Eu via tudo pelos olhos dela, da Senhora cujos cabelos eram da cor das estrelas.

Pedras que não pertenciam a esse planeta caíam do céu. Os gritos eram o de menos para sua atenção, o som de tudo parecia abafado aos seus ouvidos. Eu podia sentir com toda a clareza as lágrimas caírem  de seus olhos enquanto ela observava sangue ser derramado, o fogo se alastrar, o céu chorar e urrar.

Eu podia sentir o medo tomar conta de si ao se ver diante daquele massacre. Não era o que ela desejava, nunca foi. Vidas eram tiradas aqui e ali, não importa qual fosse o lado, eram perdas que não poderiam jamais serem recuperadas.

Mas até seu medo teve que ser contido quando ela a viu, era algo que lembrava a uma fumaça negra que se estendia e mal se demorava entre soldados por ali. A criatura os matava com voracidade e partia para sua próxima vítima. Eu não sabia dizer o que era aquilo, só podia dizer que era assustador, mas eu pude ouvir sua mente me dar a resposta. Era ele, o líder do exército inimigo em sua forma de ataque. Era ele quem ela teria que lutar.
 
Abri os olhos. Eu tremia com as sensações ao qual tivera quando recebi tal visão. Eu já a tinha visto algumas vezes nos últimos dias e agora, sempre que fechava os olhos, essa e mais alguns fragmentos se mostravam novamente.

Eu nunca havia visto algo como aquela fumaça negra antes, era um poder sem igual.

- Um poder extremamente raro. - Sussurrei para mim mesma antes de tragar o cigarro em minha mão.

  E nesse exato momento mesmo ainda tremendo e assustada, eu me lembrei de algo importante.

Havia um tipo de cartório em Aureatus. Se podia dizer ser mais um lugar com registros em toneladas das famílias de Senhores do continente. Cada família tinha seus registros tendo esses como principal informação os poderes que cada filho herdava de seus pais diante de cada geração até os dias atuais.

Eu sabia que se houvesse um lugar onde eu poderia encontrar pistas e quem sabe encontrar até o paradeiro de quem possuísse tais dons, seria lá.

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O próximo cap já está pronto tbm. Eu o posto amanhã. Alguém aqui joga lol? Quero amiguinhos pra jogar lá. Avisa nos coments e põe o nome do nicki. Bjss

Os Senhores: O Segredo De AureatusWhere stories live. Discover now