Doidos por Mari

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Pov. Marinette

-O quê?

Eu não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Em questão alguma, eu alguma vez quereria ficar sem os meus poderes. Eles faziam agora parte de mim, da minha vida, de tudo.

-Marinette, ser a Ladybug traz muita responsabilidade. A Ladybug é uma heroína que salva os outros, mas por vezes também tem de aprender a salvar-se a si mesma. São esses os verdadeiros valores de uma heroína. Pensa sobre isso, está bem?

Fiquei a refletir o resto da noite. Como me sentiria normal outra vez? Sem rancor e sem pressão?

Se ainda tinha alguma réstia do meu antigo eu, não ia fazer aquilo à Chloe. Não podia fazê-lo. Apesar de ela merecer acima de tudo e de todos, era mais importante prosseguir com a vida normalmente. Talvez fosse essa a maneira de me salvar a mim mesma.

Cheguei à minha nova habitação, a mansão Agreste e tive de me voltar a transformar para entrar pela janela. Foi por muito pouco tempo, mas fiquei exausta e nem me conseguia aguentar de pé.

Ao chegar à cama, nem o pijama consegui vestir de tal modo eram as minhas dores. Enrolei-me por cima das colchas e pela primeira vez em muito tempo permiti-me chorar. Chorar por mim. Todas as injustiças por que tinha passado, tudo o que estava a sentir.

Não aguentei esperar pelo gatinho, porque os meus olhos se fecharam para não voltarem a abrir até ao dia seguinte. Falaríamos noutra ocasião.

Nos meus sonhos, criei um mundo sem a Chloe e sem problemas. O Chat estava presente e nós estávamos de mãos dadas.

O meu subconsciente continuou a sonhar e agora tínhamos as testas encostadas. Eu estava super corada, mas puxei-o para mais perto de mim. Quando os nossos lábios finalmente se iam tocar, acordei sobressaltada.

Acordei cheia de dores e com uma toalha húmida na cabeça.

-O que se passa? – perguntei ainda com os olhos semicerrados.

-O que se passa é que não devias ter saído ontem à noite, Mari. Não no estado em que te encontras. E que raio de guardiã sou eu ao deixar-te fazer tudo o queres.

Não sabia se aquilo que estava a sentir no momento pelo Chat era de estar doente ou real, mas ignorei.

O meu sonho com o Chat ainda me estava a pairar na cabeça, por isso segui a minha voz interior que dizia que algo estava mal. Terrivelmente mal. Péssimo.

-Tikki? – perguntei, fazendo o meu ar de preocupada. – Acho que me está a acontecer uma coisa horrível.

-O que sentes Mari? Está a doer-te alguma coisa? Precisas...

-Estou esfomeada. – resmunguei, e a minha barriga fez um barulho alto e longo.

A Tikki riu às gargalhadas e depois investiu contra o meu braço.

-Não é bonito brincar com as pessoas desta maneira. Devias ter vergonha.

Fiz uma cara de vergonha falsa, mas foi o suficiente para ela pensar que eu estava arrependida.

-Anda, já devem estar à tua espera para tomar o pequeno-almoço.

-Pequeno-almoço? Mas o despertador já tocou? – perguntei enquanto procurava um ecrã que me mostrasse as horas.

-Sim, tocou uma ou duas vezes, mas não te quis acordar do teu sonho com o Chat. Não paravas de sussurrar o nome dele nem por um segundo.

-O quê? – tinha sido tudo pior do que eu estava a pensar. Olhei para a Tikki e pensei no que lhe ia dizer agora.

Reviravoltas amorosasWhere stories live. Discover now