chega de sorvetes e trash

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Hoje o dia amanheceu bonito. Carter levantou cedo, ele sabe que hoje é um daqueles dias em que Caio e Brice se encontram pra tomar café naquela cafeteria. O plano é surpreender seu baixinho. Carter sabe o horário que eles costumam chegar lá e vai aproveitar isso pra começar o dia com um beijo de Caio. Existe forma melhor de começar um dia? - Por minha própria experiência, não, não tem.

Carter ainda lembra da primeira vez que viu seu baixinho, naquele dia ele e Brice estavam apressados, mas Brice insistiu que precisavam ir aquela cafeteria pois era uma tradição entre ele e seu amigo.

Minutos depois sentados em uma cadeira desconfortável da cafeteria, ele conversava qualquer coisa com o amigo quando viu pelo vidro um rapaz de cabelos castanhos e sorridente atravessado a rua.
Era simplesmente encantador.
Ele deixou de prestar atenção no amigo enquanto acompanhava os passos do rapaz e se surpreendeu quando ele veio na direção da porta e entrou. No mesmo instante ele pensou em esperar o rapaz de sentar em uma mesa e depois ele inventaria uma desculpa qualquer pra falar com ele. Contudo o menor sorriu na direção de Brice e instantâneamente ele percebeu ser o tal amigo.

- Uau! - Carter disse para Brice. - Você não disse que ele era tão bonito.

O rapaz se sentou olhando pra ele, provavelmente surpreso por ter alguém mais naquele dia. Ambos foram apresentados e claro que Carter não perdeu tempo em conhecer aquele rapaz encantador.

Agora aqui está ele descendo no elevador ansioso em ver seu pequeno. Tem mais de um dia que ambos não se veem e Caio esteve ausente da internet no dia anterior, então não houve mensagens. Ele tentou ligar mas deu caixa postal.

Ele olha no espelho do elevador uma última vez, quer garantir estar perfeito pra ipressionar Caio, apesar de saber que não importa o que esteja usando, ele sempre está muito bonito.

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A porta da cafeteria se abre e um Caio cansado adentra o Augusto's depois de muito pensar se devia ou não seguir aquela tradição hoje. Decidiu vir, pois seria uma ótima chance de conversar com Brice e informar sua tão difícil decisão.

Brice está nervoso, apesar de positivo. Depois daqueles beijos ele tem absoluta certeza que Caio sente algo muito forte por ele. Contudo ainda está nervoso, e se ele disser que gosta mais do Carter?

Caio se senta a sua frente sem dizer nada, também está nervoso.

- Oi. - Brice quebra o gelo meio tímido.

Brice está realmente tímido?

- Oi. - Caio força um sorriso.

- Você parece não ter dormido bem. - Brice pega nas mãos do outro sobre a mesa.

- É, eu... tive insônia.

- já fiz o seu pedido. - Brice percebeu que Caio não afastou as maos com seu gesto, o que deve ser um bom sinal.

- Você sempre faz. - Caio sorri.

- É, quem te conhece melhor do que eu?

Caio respira fundo e se ajeita na cadeira, as mãos dos dois se separam e Brice sabe que aquilo significa que ele vai falar.

- Brice, eu... - Cade as malditas palavras. - pensei muito sobre o que aconteceu.  - Mais uma respirada funda, desde quando Caio precisa de tanto ar? - Eu realmente te  amo.

Brice sorri.

- Te amo como se não fosse possível sobreviver sem você. - Caio continua. - sabe quanto tempo eu esperei por aquelas palavras? - Os olhos dele estão inundados. - Eu nem lembro a última vez que tive um dia sem pensar em você. - Silêncio.

Brice decide não falar, está ansioso pela resposta e não pode sabe que o outro está procurando as palavras certas.

- Eu não posso... - Há uma lágrima escorrendo pelo rosto do menor, que a limpa tentando se manter forte. - Eu não posso escolher você.

Brice recebe as palavras como a batida de um carro em alta velocidade. Ele realmente disse não? Ande ele havia errado?

Caio está sofrendo, é possível ver. Está recusando por que não quer magoar o Carter, está é a única explicação.

- Me desculpe. - Caio fala por fim e se levanta.

Percebendo que ele vai sair, Brice também se levanta sem pensar muito.

- Caio!

Caio para, ele já tinha dado dois passos, mas é como se a voz do outro exercesse  grande influência sobre si. As lágrimas estão vindo sem pudor e algumas pessoas já perceberam algo estranho acontecendo, por sorte hoje tem poucos clientes.

Caio se vira para Brice, que também está de olhos marejados.

- Eu amo você. - Brice diz dando um passo a frente. - E  eu sei que me ama também. Ou não seria tão difícil dizer o que tinha pra dizer.

- Brice, por favor...

- Eu só quero um beijo. - Agora ele já estava perto o suficiente. - Somente um beijo e prometo não insistir por agora.

Brice sabia que isso desmancharia todas as barreiras de Caio. Este beijo podia mudar sua decisão.

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Caio se sente quebrado. Nunca se sentiu tão infeliz, mas ele precisa fazer isso. Precisa dar um fim isso. Chega de ficar preso ao Brice, chega de noites chorando, de sorvete de chocolate e filme trash.

Brice está ta o perto.

Caio quer recusar o beijo, mas é como se não fosse capaz de fazer mais nada.
Então que este seja o último beijo.

As bocas se encontraram, aquele encaixe perfeito novamente aconteceu. As pessoas olhavam, mas isso não importava. Breve o puxou para si e não parou o beijo. Segundos se passaram enquanto Caio sentia pela última vez aquela maravilhosa sensação.

Brice se afastou sem quebrar o contato visual, ambos chorando e quebrados. Os olhos de Brice focam-se em um ponto atrás de Caio. Sua feição muda, ele parece surpreso.

Caio se vira e percebe o que acontece.

Carter está parado na porta de vidro. Ele nem chegou a abrir. Apenas esta lá, boquiaberto. Seus olhos encontram os olhos de Caio e há tristeza neles.

Carter da um passo pra trás se vira e começa a andar na direção do carro.

Caio corre passando pelas mesas e depois pela porta, que quase se quebra ao ser aberta de forma ta o violenta e apressada.

Carter está chegando no carro quando Caio se aproxima.

- Carter espera!

- Não tente se explicar Caio! - A voz de Carter é ríspida. - Eu vi o que tava rolando.

- Não é como você está pensando...

- Agora eu entendo porque você não atendeu as minhas ligações ontem!

Caio chora ainda mais.

Carter entra no carro sem dizer mais nada e sai tão de pressa que em segundos já desapareceu na esquina.

Caio se apoia nos joelhos. Como as coisas puderam dar tão errado num único dia? Como concertar? O que fazer agora?
Caio se sente mais perdido do que antes.

Brice aparece.

- Vem eu te levo pra casa.

Caio não reclama nem diz nada, no fundo ele sabe que não está num estado bom pra nada além de chorar, tomar sorvete de chocolate e assistir ao pior filme de terror trash que já foi filmado.

DOCE COMO CHOCOLATEWo Geschichten leben. Entdecke jetzt