Caio quer dizer sim

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A o amor!

É uma palavrinha pequena, contudo tão pesada. Queria eu poder dizer que é simples, mas sabemos que não é.

Chegamos até um ponto realmente complicado para Caio. Coloque-se no lugar dele. É muito difícil dizer não para o "amor da sua vida", mas agora é um daqueles momento que dizer sim parece não ter sentido algum.

Caio sempre esteve lá, esperando aquele único momento no qual finalmente Brice diria olhando nos seus olhos que o ama e o quer. Aconteceu!

Sim, foi tudo real, o beijo, os toques, o sabor, o cheiro.
Brice estava lá e disse todas aquelas palavras e... nossa! Isso realmente mexeu com Caio.

Caio quer dizer sim, mas parece ser tão tarde.

Não é como se ele amasse o Carter, mas este está aqui, de braços abertos lhe oferecendo uma outra chance, gritando que ele não precisa ficar a sombra de um sentimento por tanto tempo ignorado. É tão bom se sentir amado e desejado de verdade por alguém que agente também sente isso.
Carter é como uma luz no final do maldito túnel que anos Caio esteve perdido.

Ele quer dizer sim.

Aqueles olhos, aquele sorriso... aquele maldito sorriso. A voz, o cheiro, o jeito de andar, de sentar, o jeito que ele levanta a sobrancelha quando se sente contrariado.
Tudo em Brice é chamativo demais, é como se ele tivesse nascido pra ser perfeito.

Contudo esses detalhes também se faziam presentes no outro, obviamente de forma distinta, mas ta o envolvente quanto.

Caio quer dizer sim.

Ele quer correr para o apartamento do outro e pular em seus braços e ser levado para o céu.

Por outro lado, mesmo que a chama por Brice só tenha alimentado depois da conversa, ele ainda assim se sente perdido.

Caio pensou em Brice todos esses anos. Ele pensou nele quando estudavam no mesmo Colégio, quando começaram uma amizade, quando se formaram, quando fizeram faculdade e continua pensando. É uma década de um amor não correspondido e nunca revelado. Uma década numa solidão silenciosa.

Finalmente apareceu alguém. Uma pessoa que simplesmente surgiu e com pouco coisa fez com que Brice desaparecesse do seu mundo interno. Carter é alguém real, de verdade, aí está ali presente e disposto a se envolver numa coisa segura. Isso não pode ser ignorado.

Brice não tem o direito de aparecer depois de tanto tempo com isso, não agora, não quando as coisas parecem querer funcionar.

Caio vai dizer não.

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- Você já se decidiu sobre... bem, você sabe? - Felipe diz colocando a colher de sorvete de chocolate na boca.

Hoje Caio não estava animado pra academia, o que fez Felipe se preocupar, o menor raramente falta aos treinos, costuma ser pontual, a não ser que surja imprevistos ou que esteja deprimido por causa do Brice. Então Felipe decidiu ligar e agora aqui estão os dois, cada um com meio pote de sorvete de chocolate em mãos e assistindo a um filme de terror trash realmente ruim.

- Sim. - Caio diz seguro.

De imediato Felipe imagina qual é a resposta. Ele na verdade em nenhum momento teve dúvida que seria uma resposta diferente, afinal Brice sempre foi o grande amor do rapaz triste sentado ao seu lado.

- Eu escolhi tentar com o Carter.

Neste momento Felipe simplesmente se engasga. Ele começa a tossir e abandona o pote de sorvete assustado e tentando recuperar o fôlego. Isso realmente foi uma surpresa.

- como assim tentar com Carter? - Pergunta tossindo.

- Você está bem? - Caio pergunta sério.

Felipe se recompõe.

- Sim, apenas engasguei.

Caio volta a olhar o filme, ele não prestou atenção no conteúdo, continuava preso em seus pensamentos, envolto naquela dúvida agonizante e deprimente.

- Eu pensei muito e realmente gosto do Brice, mas agora ja é tarde demais pra nós. Carter é ainda um desconhecido, mas significa muito. Sabe quanto tempo eu perdi pensando, sonhando, querendo apenas um único beijo do Brice?

- É, eu sei... - Felipe lembra de todas as conversa dos dois.

- Estive preso a ele por todos esses anos, isso machucou muito. Acho que mereço alguém que não me fez esperar tanto.

Caio fica novamente em silêncio e Felipe entende que o amigo precisa desse tempo, assim, calados, eles continuam vendo aquele filme esquidito sobre um eletrodoméstico possuído por um espírito maligno.

DOCE COMO CHOCOLATEOnde histórias criam vida. Descubra agora