Conhecer o terreno onde caio tanto

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Eu não sei se o que chamamos de energia negativa deve ser sempre repelida ou só repelida.

Precisamos conhecer tudo, o que existe, o que acontece, o que é e o que está, o terreno em que caminhamos.

Ignorar, sim, pode ser perigoso.

O contato cuidadoso com tudo pode nos dar uma visão melhor do que acontece, das pessoas com quem convivemos.

Talvez isso seja a melhor proteção em situações como "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", em situações que não se pode evitar.

Naquelas em que as tentativas de esquiva como autoproteção foram frustradas.

Às vezes, resistir pode significar dar murro em ponta de faca.

Às vezes, respirar calma e atentamente a energia densa que pesa no ambiente pode proporcionar melhores ferramentas para uma talvez possível autoproteção.

Precisamos conhecer com o que e com quem lidamos.

Conhecer, se dá no contato.

Um contato gradual, no seu tempo, respeitando suas possibilidades no momento e numa dança constante de se expôr e se recolher para se refazer e digerir os efeitos da exposição.

Esse contato pode trazer grande mal estar, repulsa, esgotamento, mas se respiro calma e estrategicamente, inteligentemente, consciente de que estou a buscar conhecimento sobre o terreno acidentado em que me machuquei inúmeras vezes, me tranquilizo, me fortaleço e consigo empreender esse mapeamento do tormento.

Tantos ensinam a presença, aqui e agora, o respirar a realidade como ela é, essa pode ser a chave.

Vencida a resistência para se abrir e se dispor a isso, com o tempo esse exercício passa a não ser mais tão doloroso e depois talvez quase nada ou nada doloroso.

Porque se a dor já está ali, inevitável, se impondo através do que insiste em machucar...

E machuca talvez nem sempre por querer, mas porque sua maneira natural de ser funciona muitas vezes contra nossos princípios e machuca simplesmente por existir - assim como  podemos machucar outros quando exercitamos nossos princípios...

Além das vezes em que realmente tem a intenção de machucar, seja por que motivos forem - interiores, de dificuldade de lidar com o exterior, por condicionamento ruim, enfim...

Mas se a dor já está ali, inevitável, se impondo através do que insiste em machucar, aquietemo-nos, respiremos o momento, o outro, esfreguemos os olhos para buscar enxergar nas entrelinhas, abramos os ouvidos, relaxemos os ombros, entremos na dinâmica da visão que o outro tem do mundo...

E, quem sabe, possamos gritar um dia "Eureka!", "Bingo!".

Se não tanto, pelo menos, simplesmente, ter um pouco de paz no coração.

Isso já faz ter valido o esforço da tentativa de ampliação do olhar.

Pensando a vidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora