Como nossos pais???

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Em que ambiente você nasceu e cresceu?

Do que aprendeu a gostar?

O que aprendeu que era bom?

O que te ensinaram que era ruim?

De que forma aprendeu a ver a vida, através dos olhos dos maiores que te cercavam?

O que é você, realmente, no meio desse amontoado de imitações e aprendizados necessários quando se é menor e dependente?

Muitas vezes eu estranho esse lugar denominado lar, essas pessoas a quem chamo de pai e mãe.

Até que enfim consegui vivenciar, experimentar de uma maneira genuína e natural, o olhar da idéia de que o sofrimento do adulto-criança na relação vivida com os pais se dá por uma identificação grande demais e às vezes já desnecessária com a personalidade desses pais.

Receber seu amor, do jeito que é e que for, a dádiva da vida, a vantagem existencial com que fui presenteada, isso tudo é necessário.

Mas entender e aceitar, com compaixão e gratidão, as limitações desses veículos de Deus que proporcionaram a vida e a manutenção dela, também é necessário.

E crescer e seguir, transcendendo e superando esses modelos de forma amorosa, também é necessário.

A professora de Filosofia Clássica Prática da Escola Internacional Nova Acrópole, Lúcia Helena Galvão, fala em suas palestras no YouTube sobre a necessidade de nos desidentificarmos do que achamos que somos.

A nossa personalidade é um eu aprendido e moldado de acordo com princípios passados de geração em geração sem serem analisados, filtrados, sem serem objetos de reflexão.

Se eu me desidentifico de mim mesmo, também consigo me desidentificar dos outros, sejam eles quem forem.

Marta, minha psicóloga, me disse uma vez que dou um peso muito grande para o que meus pais pensam, falam e fazem.

Eu os empodero demais.

Em tempos de busca de empoderamento pessoal dos mais frágeis, não me parece inteligente empoderar o outro quando isso faz com que eu me sinta débil, esvaída de minhas forças.

Na verdade, se buscamos empoderamento dos mais frágeis para trazê-los ao nível de igualdade com a maioria, buscamos mesmo é a equidade, em meio a nossas diferenças.


Para sair do sofrimento em lidar com a pequenez de nossos pais,

seus desequilíbrios,

inconsequências,

falta de ética,

crueldade,

omissão,

invasão e abusos,

é preciso passar a vê-los como pessoas com direito a ser como são.

Sem o dever de perfeição que tendemos a colocar nas mãos deles quando os pensamos como nossos heróis na infância.

Mais tarde, mais crescidos um pouco ou nem tanto, quando passamos a enxergar suas grandes falhas e a nos assustarmos com elas, frustramo-nos devido à idealização que fizemos.

Passamos a ficar perdidos, brigando revoltados internamente com aquelas pessoas que colocávamos num pedestal mas que se mostram muitas vezes pequenas demais, miseráveis demais, sujas demais pra isso...

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2018 ⏰

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