Sua morte é minha morte

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Nós morremos a cada dia com cada um de nós que se vai.

Sofremos a dor da crueldade, da violência do estupro, da voz calada que não pode gritar nem por socorro, da lágrima que escapa mesmo quando se está mantendo a firmeza e frieza pra dar conta do "tranco", porque não há para onde fugir.

Somos abandonados, negligenciados, abusados e maltratados todos os dias junto com quem é abandonado, negligenciado, abusado e maltratado.

Estamos em frangalhos, estropiados, dilacerados, mortos-vivos, com o estômago revirado, com a respiração difícil, com uma angústia sufocante de presenciar tanto sangue de inocente sendo derramado, tanta inocência sendo roubada, sequestrada por aproveitadores inescrupulosos, doentes mentais que também foram vítimas dessas crueldades e se transformaram nesses monstros.

No silêncio ensurdecedor da impunidade e diante dos estrondos da injustiça que impera, enfiando-nos guela abaixo tanta atrocidade, irmanamo-nos a todos que foram e são imolados e sentimo-nos mortos-vivos, estuprados, violentados, abusados e maltratados, junto com eles.

Até que um dia isso acabe.

Pensando a vidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora